terça-feira, 29 de setembro de 2020

Viva o humor das crianças


Hoje recebi um alerta do Google Acadêmico : Citaram meu artigo sobre os dicionários de humor infantil de Pedro Bloch em uma dissertação de mestrado em educação infantil defendida em SC em 2020. Fiquei muito contente, pois eu realmente goto muito daquele artigo (que foi publicado na Revista de História USP (referência que a autora usou), mas também está numa página da plataforma Scielo: https://www.scielo.br/.../n178/2316-9141-rh-178-a00118.pdf
A citação é a seguinte:
"Por pertencer ao campo da Educação Infantil constituído por uma caminhada que já completa dez anos, os ditos e as compreensões das crianças pequenas fecundam meu trabalho cotidiano e contribuem para minhas tentativas de compreender as necessidades e os modos como as crianças pensam o que pensam. Também, nesse interesse radical – ou de raiz – por registrar e colecionar os ditos das crianças pequenas reside o apreço que tive em minha infância pelos livros do médico-foniatra e escritor Pedro Bloch, quem publicou uma série de compêndios de frases e compreensões das crianças. A historiadora Camila Rodrigues (2014) destacou a importância da obra de Bloch em sua tese de doutorado em História Social na Universidade de São Paulo, Escrevendo a lápis de cor: Infância e História na escritura de Guimarães Rosa , e no artigo Dicionários Infantis de Pedro Bloch: Compêndios sobre a graciosa sabedoria da criança, no qual analisa como o autor foi se aproximando da cosmologia da criança.
"Desde a segunda metade do século XX, no Rio de Janeiro, o médico foniatra e escritor Pedro Bloch (1914-2004) realizou um importante trabalho no sentido de resgatar a voz de seus pacientes pequenos tanto no sentido literal, ao ajudá-los em suas dificuldades na fala, como no sentido social, ao reconhecê-los como sujeitos interlocutores legítimos, donos de uma sabedoria original. Para divulgar seu “achado” passou a escrever e publicar enunciações infantis que revelavam aquelas originais interpretações de mundo" (RODRIGUES, 2019, p. 3).
A partir de meu encontro com a sabedoria das crianças resgatada por Bloch, muito antes de cogitar a possibilidade do envolvimento profissional com a Educação Infantil e, portanto, com os modos de imaginar e de pensar das crianças pequenas, fui prestando atenção naquelas com as quais convivia e fazendo pequenas coleções de seus “ditos” no contexto familiar."
( SANTOS, Inara Moraes dos. "Literatura e Formação Docente na Educação Infantil: Lendo e amando como infância". Dissertação de mestrado: Universidade de Santa Cruz do Sul, 2020.)



segunda-feira, 28 de setembro de 2020

"Akasha", Sudão, 2018, direção Hajooj Kuka

 


Sinopse

            Adnan é um revolucionário sudanês, um herói de guerra e ama seu rifle AK47 como ama sua namorara Lina. Por ter se atrasado no retorno a unidade militar depois dos dias de folga da guerra civil, passa a ser perseguido pela kasha, ai foge com seu amigo Absi, se envolvendo nas maiores trapalhadas e mostrando a vida e as ideologias de um Sudão controlado por rebeldes de forma muito humorística.  

Lembrando que, nesse momento em que o filme está sendo apresentado na Mostra, seu diretor, artista  ativista,  Hajooj Kuka estava sendo perseguido e foi preso e, claro, o publico da Mostra se mostrou empático e ajudamos a pressionar a Embaixada do Sudão no Brasil - fomos um dos países que mais mandou emails pressionando esta prisão por motivos políticos.

O Filme          

No começo do filme lemos uma explicação que nos alerta para o fato de estarem tratando de um país em guerra civil e ela tem algumas regras:

“Durante a época das chuvas, a guerra civil sudanesa para devido à lama. Para os rebeldes,é hora do cultivo, família e amor. Depois a chuva para...”

A fita começa com uma comemoração tradicional, de onde um  casal sai sorratiramente, tratam-se de Adnan, com seu rifle nas costas e sua linda namorada Lina, que seguem para a tenda dela, para desfrutarem   e Lina desfruta momentos prazerosos

Adnan faz muitas promessas a Lina, de torná-la rainha e ela parece mesmo uma nobre junto a ele

em frente a ele, até descobrir que Nancy o nome que o namorado deu ao rifle e fica com ciúmes, porque pensa que este só pode ter sido o nome de alguma mulher com quem ele se envolveu.


Na cena da briga do casal, o rebelde é expulso da casa, com as calças caindo e a bela Lina fica muito brava, mas também muito triste com a inconstância do namorado

Mas como a garota fica com a arma e o namorado passa a ser perseguido pela kasha, justa-se ao amigo Absi e os dois seguem se escondendo dos "melhores" jeitos


Seguem em uma moto, vestindo saias, sutiã e carregando um bebê, em cenas engraçadíssimas 

Em um dos momentos mais especiais do filme eles chegam em uma caverna onde Absi passa a tocar uma linda  música tradicional

 para ouvir os conselhos de uma sabia ânsia ela tenta impedir que Adnan com uma flor rosada, mas consegue em partes, tanto que a partir daí ele fica todo marcado da magia da flor, com quem conversa


 Gostei muito de assistir esse filme, porque ele me apresenta uma África que a gente até espera ver retratada - cheia de guerras civis- , mas também mostra que, apesar disso,  os africanos e africanas se envolvem nos mesmos problemas (inclusive afetivos ) que nós, mas as saídas que encontram são bastante inusitadas e divertidas. Assistindo a esse filme, me lembrei muito do meu queridinho da primeira temporada da Mostra, o Yellen, e toda a magia que envolve o modo de alguns africanos enxergarem a vida, conversando com flores, cantando e tocando músicas, apesar da infindável guerra civil, o horizonte é sempre um retorno ao estado de nobreza, de onde essa gente veio. Eu AMO MUITO ISSO.







sábado, 26 de setembro de 2020

Resgate da dissertação

 



Ontem fiz uma live bate papo com o Fernando Costa no Instagram. Falei um pouco da minha trajetória como pesquisadora, como leitora  e como ouvinte. Dentre outras coisas mostrei minha dissertação de mestrado, trabalho que salvou minha vida em 2005, mas que depois da defesa em 2009 eu sempre rejeitei. Coloquei na cabeça que não foi tão bem feito como foi a tese, que eu não sabia escrever, etc. O fato é que sobre ela não publiquei nada, ela ficou  escondida. Agora em outubro, 11 anos depois, vou ministrar um minicurso online sobre ela na Semana de História da Unesp/Assis e estou pesquisando aquele trabalho. É sobre Guimarães Rosa,mas é profundamente histórico, ou melhor, historiografico e, nas condições que foi feito (tive que inventar uma metodologia para falar de História a partir de um escritor que a renegava o tempo todo e, além disso, havia muita instabilidade de saúde), hoje acho que o resultado foi um primor. Como os humilhados um dia serão exaltados, mostro ela aqui, nessa encadernação vermelha  lindíssima, pois tenho orgulho de tê-la escrito.

A TRAVESSIA ∞ - Assistindo ao vídeo da defesa da minha dissertação, eu estava toda de amarelo. Willi Bolle, na banca, não deixou de comentar que eu estava vestida como se fosse para uma festa. E era mesmo, toda trabalhada no amarelo! E era porque só eu sabia que entre 2005, quando comecei o mestrado e 2009, quando defendi, a EM não esteve controlada o tempo todo como está hoje, a todo momento eu achava que poderia não mais conseguir fazer nada (não esqueço que em 2006, quando tive minha última crise até hoje, ela aconteceu em uma aula, quando perdi a coordenação motora para escrever! A qualquer hora podia acontecer). Então, para mim, aquela era a maior festa da vida: Eu tinha conseguido! Graças a Deus, a mamãe Oxum e ao Guimarães Rosa, que me lembrou todo o tempo que "o real não está
na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da
travessia. " ∞
E foi uma longa travessia, só tenho a agradecer à vida !

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Live com Fernando Costa no Instagram


A primeira live foi fantástica, falamos de assuntos ótimos, música, literatura, tudo de bom!
E eu estava toda menina mulher da pele preta, olhos azuis e sorriso branco 

No dia seguinte eu refleti no Facebook 
Ontem em uma live bate papo com o
Fernando Costa
no Instagram. Falei um pouco da minha trajetória como pesquisadora, como leitora e como ouvinte. Dentre outras coisas mostrei minha dissertação de mestrado, trabalho que salvou minha vida em 2005, mas que depois da defesa em 2009 eu sempre rejeitei. Coloquei na cabeça que não foi tão bem feito como foi a tese, que eu não sabia escrever, etc. O fato é que sobre ela não publiquei nada, ela ficou escondida. Agora em outubro, 11 anos depois, vou ministrar um minicurso online sobre ela na Semana de História da Unesp/Assis e estou pesquisando aquele trabalho. É sobre Guimarães Rosa,mas é profundamente histórico, ou melhor, historiografico e, nas condições que foi feito (tive que inventar uma metodologia para falar de História a partir de um escritor que a renegava o tempo todo e, além disso, havia muita instabilidade de saúde), hoje acho que o resultado foi um primor. Como os humilhados um dia serão exaltados, mostro ela aqui, nessa encadernação vermelha lindíssima, pois tenho orgulho de tê-la escrito.
Em outubro ministrei um minicurso só sobre ela!



 

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

"O Enredo de Aristóteles", Camarões/UK , 1996, direção Jean-Pierre Bekolo

cartaz em francês

 

Sinopse

            Em uma cidade africana, um grupo de pretensos fora da lei se reúnem para assistirem filmes no que chamam Cinema África todos os dias, o dia todo, inúmeros filmes de aventura estrageiros. Seus nomes, apelidos, são retirados desses filmes - Cobra, Bruce Lee, Nikita, Van Damme, etc – e sua vida gira em torno dessa prática cinematográfica.
foto da entrada do Cinema África


Certo dia retorna à cidade um cineasta, que havia ido estudar na França (coisa muito comum entre os realizadores africanos) e ao voltar não se enquadra ao tipo de gente em torno do cinema em seu país, então inicia uma busca para mobilizar o governo para diminuir as importações de Hollywood feitas pelo Cinema África, “substituindo Schwarzenegger por Sembène”.

O Filme          

O narrador do filme (o diretor?) explica que contou ao seu avô que foi convidado para produzir uma narrativa sobre os cem anos de cinema, o que de fato aconteceu com Bekolo que foi convidado pelo British Film Institute BFI a produzir um documentário sobre os cem anos do cinema, abordando o  cinema africano, que na época tinha apenas 30 anos de idade. Achando desnecessário produzir um  documentário tradicional, Bekolo produz uma narrativa cheia de humor, sarcasmo, aventura para pensar a ideia de  “cinema africano”.

E.T.


E.T. - Para isso se escorou na ideia de narrativa mais clássica, a defendida na Poética de Aristóteles, e criou seu protagonista, Essomba Tourneur, ou E.T., um cineasta revolucionário, que foi preso por “se recusar a ser uma marionete” e por isso era visto como um artista maldito,mas ele mesmo achava que era um anjo, só que na verdade ele era mesmo UM ESPÍRITO AFRICANO, e só isso “explica o interesse de Deus nele”. Perseguido pela polícia, uma polícia caricata, era considerado um gangster e sobre ele o narrador nos alerta que :

“a melhor ferramenta para os fora da lei é sempre o cinema”, mas E.T. era um cineasta, ou seja, um “fora da lei que não tem personalidade para ser gangster”. Ele era “uma força poderosa que seu país precisava”, e quando voltou não entendeu nada, porque seu povo substituíram a realidade pelas histórias dos filmes e se identificava mais com Clint Eastwood do que com Kocobo em conflito com os espíritos. E como E.T, entendia de espíritos e de contradições,resolve declarar guerra aos pessoal  do Cinema África, que atrapalhavam o seu trabalho.

 

Os fora da lei do Cinema África

Eu gostaria muito de entender mais de cinema africano, de ter visto mais filmes, para entender melhor as falas e as citações, acabei só entendendo mais as menções aos filmes americanos ou europeus e, sobretudo, a Aristóteles. Sim, pessoal, nossa cabeça é ocidental, para tentarmos entender a África é preciso um longo caminho.  Como eu tenho sempre a esperança de que um dia vocês ainda poderão ver esse filme, não vou dar mais spoiler do final, só lembrar que o fim me remeteu um dos filmes africanos mais incríveis que vi na mostra do ano passado, o Espadas, é bem surpreendente. Mas sobre “O Enredo de Aristóteles”, quero transcrever uma fala questionadora, quase ao final , quando o narrador se afasta de o enredo de Aristóteles para falar do cinema africano e  volta a se lembrar de seu ancestral mais presente, seu avô, que o acompanha desde o começo, então ele diz essas fortes palavras:

O que é uma cerimônia de iniciação? Crise, confronto, clímax e revolução , som histórias, imagens, narração, ritmo. Tem alguma coisa ai, no cinema, que não seja africano? (...) Fantasia, mito, nós temos. Walt Disney, nós temos. O Rei Leão, nós temos. Sexo,ação, violência, nós temos. Massacres nós temos. Comédia, música, nós temos. Paul Simon, nós temos. Aristóteles, catarse, noz de cola, nós temos. O que não temos? Por que não temos uma Hollywood africana? Provavelmente  porque não queremos produzir nosso cinema fora da vida, porque quando se está fora da vida está morto. É como um parto de risco: Quem você escolheria, a mãe ou o filho? A vida ou o cinema? Por que quando o cinema se torna a sua vida, você está morto. Cinema está morto. Estamos todos mortos.”  (Jean-Pierre Bekolo . “O Enredo de Aristóteles”, Camarões 1996)

Por último um story que fiz no Insta assim que terminei de ver o filme:

 


 

 


sexta-feira, 18 de setembro de 2020

"Fronteiras" , Burkina Faso, 2017, direção Apolline Traoré

 

cartaz de Fronteiras

Sinopse

Apolline Traoré

      
No filme dirigido pela jovem e consciente cineasta Apolline Traoré,  de Burkina Faso apresenta uma  viagem de ônibus entre o Senegal e a Nigéria, Adjara (Senegal), Emma (Costa do Marfim), Sali (Burkina Faso) e Visha (Nigéria) quatro mulheres se encontram e conhecem umas às outras e à si mesmas ao tentar ultrapassar muitas fronteiras físicas, simbólicas e legais numa travessia por dentro da África, sua geografia, costumes, seus dramas e humor,  em um filme feminino e emocionante, com uma música tema bem linda, um pouco árabe, me encantei.

Como o filme ocorre quase todo em torno de um ônibus, quase um Road Movie africano, que as personagens principais pegam e nele tentam ultrapassar as tantas fronteiras entre o Senegal e a Nigéria, é claro que ele é uma das personagens principais e muito se assemelha aos pequenos ônibus que ainda circulam nos interiores do Brasil, rompendo os campos quase intocados, mas dentro desse temos as várias cores da África:


É da janela desse ônibus que vamos, juntamente com as personagens, observando a beleza natural de África, do jeito que a imaginávamos, vastos campos verdes, com girafas correndo em liberdade. Um cenário para não deixar dúvida de que estamos ambientados naquele continente:
girafas

Mas claro que o enredo, ambientado nesses locais (África/ônibus), centra-se em algumas personagens que se destacam, quatro mulheres incríveis. Para evitar dar muito spoiler,não vou contar o que acontece exatamente com  cada uma delas, pois espero que um dia vocês possam assistir ao filme, mas quero fazer um comentário geral sobre cada uma.

Adjara

ADJARA

O filme começa com essa imagem da linda senegalesa Adjara (Amélie M’baye), cabelos ao vento, desfrutando um sopro de liberdade de dentro do ônibus. Com sua brilhante pele negra, Adjara é tão linda que a gente quase nunca consegue desviar os olhos dela enquanto ela aparecer na tela. É um banquete da beleza negra. Embora Adjara, que está em sua primeira viagem para para fazer comércio,  pareça ser ingênua no começo, aos poucos vamos percebendo que, embora bondosa com todos,  ela também  é esperta para se safar de situações mais difíceis. A mim chamou a atenção o figurino africano da personagem, muitas cores, do laranja ao azul claro , e em todos a beleza de Amélie M’baye se destaca, extasiante: 

ADJARA

 EMMA

EMMA

De início a personalidade de Emma (Nicky Sy Sauaré), uma senhora da Costa do Marfim, parece ser o oposto da de Adjara, pois se trata de uma bela senhora africana de mais idade, também viajando sozinha a trabalho no comércio entre as fronteiras, mas que não se dispõe a ajudar ninguém, nem parece  aberta a ser ajudada também. Muitas coisas mudam para ela durante a viagem e essas mudanças vão transformando sua personalidade, até que ao final podemos ver o belíssimo sorriso de Nicky Sy Sauaré quando sua personagem ,aos poucos, vai se abrindo para compartilhar sua experiência com as amigas, em um belo movimento fraternal.

SALI

SALI

Sali (Adizelou Sidi)  é a mais jovem das protagonistas, de início aparece no ponto de parada do ônibus em Burkina Faso, trazida por seu noivo, que a trata com muito carinho e lhe entrega um celular pelo qual se propõe a vigiar se esta saindo tudo bem com a noiva. Ao contrario de Adjara, Sali parece inocente e vai se mostrando assim mesmo. Sali é a única das protagonistas que se veste de forma ocidental e,talvez por isso, pode parecer muito com uma brasileira. No decorrer do filme a personagem vai ganhando importância e, ao final, é ela quem mais nos surpreende.

Visha

VISHA

Visha (Unwana Udobeong) é uma dona de restaurante em que pega o ônibus em Burkina Faso, para retornar à Nigéria, sua terra natal, para o casamento de sua irmã. De  início, como Emma, parece intratável, mas logo  percebemos que se trata de uma mulher muito sábia, capaz de compreender logo o drama pessoal das outras pessoas. Uma personagem muito bonita. Em torno dela temos uma das mais belas e emocionantes  cenas do filme, quase ao final, que não posso dizer qual é para manter a surpresa.

FINAL


MULHERES

O importante é saber que essas quatro mulheres protagonizam o filme e que, ao final, é lido um texto muito bonito, talvez mostrando as ideias de Apolline Traoré ao dirigir esse filme. Transcrevi todo o texto, pois para mim ele resume a alma de “Fronteiras”:

"Dizem que uma mulher suporta tudo, precisa suportar qualquer coisa. Dizem que Deus fez a mulher com as costas fortes o suficiente. Sempre nos disseram  que no final da paciência está o céu. Mas ninguém fala nada da cor desse céu. Todas essas mulheres nas estradas, que deixam seus filhos, às vezes contra a vontade da família, para desbravar a estrada em busca de um céu que possa ser azul, mas com frequência é preto de dor e medo, ou vermelho de sangue. O ponto nossa jornada, de nossa busca: alimentar nossa família, crescer, sobreviver, tornar-se  independente, ou ser um exemplo para nossos filhos.Rapidamente, algo tão simples se torna tão dramático. Nós amamos as coisas simples, mas coisas simples não existem. Em cada coisa que aparenta ser simples, há 300 outras complicadas. Problemas, corrupção, roubo, acidentes, estupro... centenas de mulheres passam por isso todo dia e vão continuar passando. Nós partimos nessa viagem com promessas, mas promessas criam mentiras. Nada acontece como deve, todo mundo está tentando descobrir à medida que segue. Mas, por falta de algo melhor, nos elevamos quando é preciso, e entramos em um ônibus. Você  não pode pintar vermelho sobre vermelho,ou branco sobre branco. Somente pintando branco sobre vermelho que a verdade é revelada.

Foi isso que nós aprendemos na estrada. Nós não nos conhecemos realmente até que, o outros param em frente a nós como espelhos. E então nós vemos o nosso próprio medo, nossa própria força, nossa generosidade também. O que você dá aos outros, nós estamos na verdade dando a nós mesmas. É quando tudo termina, nós voltamos para casa, voltamos para nossa rotina, nos perguntando se estamos condenadas. Dizemos a nós  mesmas que, em todo caso,  temos que ter uma expressão firme para encarar nosso azar, mas ao colocar uma expressão firme, sob o peso de muito azar, um dia vamos explodir" (filme Fronteiras, 2017)         

Sobre este filme há esta linda resenha de Ivonete Pinto 







segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Live do Bloco Lua Vai

 


Em 13 de setembro tivemos um aperitivinho de carnaval em plena quarentena com a Live do Bloco Lua Vai. Amei demais. Me trabalhei toda pra curtir o pagodinho, quis ficar parecida como estava no carnaval, apesar de estar mais gorda, mas acho que fiquei mais bonita, meu cabelo está maior, gosto assim


E eu quis mesmo me divertir, mesmo aqui sozinha em casa, sambei muito (até gravei pra quem duvidava que eu sambasse) e tive um respiro na Quarentena

Cantei muito, me diverti, mesmo sozinha e isso é muita coisa na quarentena!

Essa foi tema do carnaval 2020, curto muito:




sexta-feira, 11 de setembro de 2020