domingo, 30 de novembro de 2025

Novembro terminou com Terreiro de Crioulo e 18 anos de Partideiros Maria Zélia


 Relembrando 2024 ,terminei um mês desafiador como novembro curtindo samba no sábado e no domingo no Maria Zélia. Quero renascer com a energia do Natal ! E nada melhor que um samba pra isso !

Prendi a guilanda e fui sambar bem natalina 
Vestindo estampa Daschiki ♥️





Comecei no sábado com o "Terreiro de Crioulo": tudo de bom, gente bonita, samba dos melhores, amei como sempre.

O samba estava legal,mas um pouco diferente...meu querido Abel do bandolim não veio, o que pude ter causado uma mudança no repertório, talvez ...mas o Geleia e o PH estavam lá . Foi ótimo curtir o último Terreiro do ano no MZ.

Algumas fotos 



Só porque comi churrasco com. Mel, há valeu super !


Domingo foi mais um aniversário dos Partideiros do Maria Zélia. Dezoito anos ... E eu sempre lá, como é bom pertencer, né? Fui toda de verde, espalhando esperança 

Me achando kkk

Como sempre foi uma delícia ir a festa desse samba que eu frequento e tanto amo ! Reencontrei tanta gente e bebi chop de vinho. A vida presta 


Alguns registros de reencontro: como é bom pertencer 💚





Amei muito 2025 no SAMBA!

terça-feira, 25 de novembro de 2025

Anne with an E e eu ♥️


 ANNE SHIRLEY-CUTHBERT or Just  ANNE WITH AN E 

Alguém me perguntou se eu não achava Anne parecida com alguém ! Fui assistir e achei essa pergunta muito "auspiciosa", como ela mesma diria 🤣😂

Essa menina falante é uma Camilinha tagarela e encantadora 💞

domingo, 23 de novembro de 2025

"Nosso sonho" (2023), Eduardo Albergaria


NOSSO SONHO (2023): Assisti ontem na Netflix. É uma cinebiografia que não é tão esteticamente trabalhada quanto alguns filmes mais recentes; este é bem popular, assim como os homenageados. O enredo é meio bobo, mas ADOREI! É um filme FUNK MELODY, do subúrbio carioca, preto, sem “palmitagem”, muito comunidade, família, “salve simpatia”! Me diverti muito e amei as músicas — quem não canta junto?


Especialmente “Nosso Sonho”, que, além de contar bastante da história de Claudinho e Buchecha, nos leva pelo circuito dos bailes funk nas comunidades:


"Na praça do Playboy, ou em Niterói;No Fazenda, Chumbada ou no COI; Quitumbo, Guaporé, nos locais do Jacaré; Taquara, Furna e Faz Quem Quer;Barata, Cidade de Deus, Borel e a Gambá; Marechal, Urucrânia, Irajá; Cosmorama, Guadalupe, Sangue-Areia e Pombal; Vigário Geral, Rocinha e Vidigal; Coronel, Mutuapira, Itaguaí e Saci; Andaraí, Iriri, Salgueiro, Cariri; Engenho Novo, Gramacho; Méier, Inhaúma, Arará;Vila Aliança, Mineira, Mangueira e a Vintém;Na Posse e Madureira, Nilópolis, Xerém!"


UAU! No final da sessão, pensei: “Quem não quer ter um ‘amigo anjo’ como CLAUDINHO?”



 

domingo, 16 de novembro de 2025

Anos-Luz : ficção científica no Prime

 


Anos luz (night sky) é numa série de ficção  científica e drama norteamericana fofinha que assusti no início de novembro. Como só tem uma temporada disponível no Prime vídeo, foi rápido e tranquilo 

Conta a história do casal de idosos Franklin e Irene que vivem tranquilos em uma casa isolada no interior dos EUA, mas guardam um segredo : mantém um portal para outro paneta em seu quintal. Tudo muda quando surgem outros personagens, a neta Denise, o forasteiro Judi para discutir questões humanas e segredos de família . Um portal semelhante também existe em uma igreja nos Andes argentinos, vigiados por Stela e sua filha Toni.A ligação entre esses dois portais não é explicada, talvez haja nova temporada...


Esteticamente não é nada de encher muitos olhos, o portal e o  "outro planeta" são  bem rudimentares mas também não é feia 

Embora tenha personagens muito ruins ou mal construídas (o vizinho inconveniente, a neta que no começo é uma pequena gênia bem sucedida, depois fica perdida e sem funçao na trama )A narrativa de Irene e Franklin é muito fofa, enterneceu meu coração, mas agora vamos aguardar segunda temporada para rever nossos velhinhos.

Alguns fotos

Essa mensagem Jude, personagem de passado misterioso,encontrou num livro que pertenceu ao seu pai. Segundo a IA, o alfabeto é inventado, mas segue um padrão aparente do hebraico. Talvez Jude seja judeu?

r
Essa linda foto é uma imagem do Planalto Andino na Argentina , com seu rebanho de lhamas que aparece na série Anos-luz. Não sei se  é imagem real ,mas é bonita. Também não sei ainda se gosto  da série, mas sei que, pelo menos, a passagem de um escuro porão nos EUA, para a paisagem andina  deslumbrante, com matizes de cor pastel nas montanhas, rendeu um bela foto.



quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Um "portal" no metrô Clínicas

 


Um "portal" na parede da estação Clinicas, do metrô de São Paulo 

Acho que ando lendo muito Murakami

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Caçando carneiros: Murakami em formação?

              

 MURAKAMI EM FORMAÇÃO :​Chegando às páginas finais de "Caçando Carneiros"(1982), confesso que já não aguento mais a narrativa. Gosto muito  da obra de Haruki Murakami, mas, neste volume, embora a escrita mantenha pontos de luz e já estejam presentes os traços estilisticos que eu mais gosto , a história é excessivamente longa, fragmentada em um  enredo que caberia em pouco mais de 100 páginas, a exemplo de outros trabalhos seus mais enxutos.

​A sensação que tenho é a de estar diante de um esboço, uma obra em que o autor experimenta, de forma até humorística, a composição de personagens e da estrutura narrativa. É quase um longo manuscrito. Como apontei acima, elementos-chave de seus textos  mais envolventes — e que eu mais amo — já  surgem aqui de maneira bastante crua, quase como rascunhos : o realismo fantástico; o tom onírico e surrealista; a música como marcador de tempo e ambiência; a abertura para outras dimensões da realidade e a reflexão sobre  a solidão do homem moderno. 

 Para o leitor que já conhece seus trabalhos posteriores, esta leitura  funciona como um autêntico documento de formação, pontuando o potencial de evolução  que Murakami, como autor, vai desenvolver  e concretizar plenamente em suas obras maduras.


A música é por este trecho "luz" : 

 " A neve continuou a cair até o fim da tarde, cobrindo toda a campina num único manto branco. Quando a noite chegou, a neve enfim parou e uma espessa névoa de silêncio aproximou-se uma vez mais. Um silêncio que eu não conseguia quebrar. Acertei o toca-discos na repetida automática e ouvi White Christmas, de Bing Crosby, VINTE E SEIS VEZES consecutivas."p. 296

domingo, 9 de novembro de 2025

Cangaço novo

 

  


Depois da deslumbrante " Contos do Loopi",  no meio de tantas opções no Prime que acho que não valem meu tempo, foi a vez de devorar a série"Cangaço novo". E essa super valeu.

Produção nacional da Prime de 2023, é muito bem feita e não à toa fez o sucesso que fez. Depois de ver os primeiros episódios escrevi 

"  CANGAÇO NOVO

Comecei a assistir à série ontem. Gostei muito : historicamente é mesmo assim,nenhum movimento  acaba com a morte de seus membros, sem que os motivos de sua formação tenham se resolvido. Os cangaceiros dos anos 1930, o grupo de Lampião, podem até ter sido exterminados pela polícia, mas o cenário não mudou tanto assim no século XXI, continuamos vendo miséria, o abandono do poder público e a aposta na violência como única reação possível. Só ganharam novas "tecnologias". 

É uma série de ação, mas também  se destaca pela trilha sonora e pela estética: belas cenas no Nordeste, a caatinga, os bravos homens e mulheres!

Um preciosismo: talvez pudessem ter cuidado mais da linguagem. Apesar do visual cru e cruel, como a história pede, desconfio muito de que membros de grupos armados no sertão do Ceará falariam quase sem sotaque,  e que, mesmo nos momentos de maior ira, se limitassem a xingar com simples “caralh*s...”. Isso até os moleques que soltam pipa na minha rua falam! Um certo “adoçamento”, talvez herança da TV aberta, que no streaming acaba por empobrecer a trama.

Afora isso, tô curtindo e pretendo continuar assistindo."

Claro que depois achei algumas controvérsias 

"Há controvérsias: Isabela Boscov gostou de não terem sotaque ... Quem sou eu pra falar algo kkkk mas não é uma coisa que atrapalhou, foi só um comentário"

Mas nada supera a qualidade da produção. A atuação do Allan Souza  como Ubaldo Vaqueiro , e duas irmãs Divania - por Thainá Duarte, a mesma que interpretou Anita em "Se eu fechar os olhos agora" e dá super conta de fazer personagens "mudas" - e Dinorah, pela dona da série toda, a maravilhosa Alice Carvalho 😍

Claro que  lembrou tanto Grande Sertão ! Pelo banditismo, mas no caso sem Diadorim, aqui tem Dinorah, a MARAVILHOSA Alice Carvalho! Foi no delírio dela que Lampião e Maria Bonita (uma figura meio azulada, que parecia Nossa Senhora Aparecida) vieram falar! Ela é mais protagonista que o irmão HAMLET 😍

Gostei tanto  que  tinha certeza que já tinha a segunda temporada, porque é tão comentado... Ainda não tem! Vamos esperar, a produção está em processo... eu  eu quero mais!


terça-feira, 4 de novembro de 2025

Só um parágrafo de Murakami

 

Imagem da cena descrita, criada pelo Gemini

Eis um parágrafo imagético do romance "Caçando carneiros" . Aparece quando o protagonista (sem nome) está hospedado no oitavo andar de um hotel de uma cidade que também não sabemos o nome. Ele espera as 17 horas para se encontrar com uma mulher desconhecida e entregar a ela a carta de Rato,um amigo em comum. Eis o parágrafo:

A CHUVA DISSOLVE A CIDADE 

"A chuva fina continuava caindo às cinco horas da tarde seguinte. Chegou depois de quatro ou cinco dias de sol que prenunciavam um glorioso verão, bem na hora em que todos julgavam enfim terminado o deprimente período chuvoso. DA JANELA DO OITAVO ANDAR, a terra parecia preta e molhada até o último recanto. Na via expressa elevada, carros que se dirigiam do oeste para o leste estavam parados num gigantesco congestionamento de alguns quilômetros. Contemplando-os fixamente, pareceu-me que A CHUVA OS DISSOLVIA AOS POUCOS. Aliás, A CIDADE INTEIRA COMEÇAVA A DISSOLVER-SE. O cais no porto, os guindastes,os prédios enfileirados e,DEBAIXO DOS GUARDA-CHUVAS PRETOS, AS PESSOAS. O verde das montanhas também se dissolvia e escorria silenciosamente rumo à base. Mas, ao FECHAR OS OLHOS por alguns segundos e REABRI-LOS , a cidade tinha se reconstituído misteriosamente. Os seis guindastes continuavam com seus braços erguidos na direção do céu escuro carregados de nuvens cinzentas,a fila de carros despertava de súbito e lembrava de mover-se vez ou outra rumo a leste, os pedestres de guarda-chuva cruzavam o asfalto, o verde das montanhas absorvia com satisfação a copiosa chuva junina." (Haruki Murakami. Caçando carneiros,p.107-8)


Belo trecho.Imagético e mágico. Podia ser o roteiro de um curta-metragem, podia ser uma imagem de Monet, mas é só um parágrafo desse livro de Murakami que nem estou gostando tanto assim!

O crachá nos dentes,Um conto de Lygia

 

Ilustração Sigbert Franklin 









segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Contos do Loop : Humanidade perdida no tempo


Nos dois primeiros dias chuvosos de novembro de 2025, aproveitei a chegada da nova Smart TV em casa e assisti à série Contos do Loop (2020), pela Prime Vídeo, por recomendação do Geraldo. E gostei muito.

Trata-se de uma série de TV norte americana de ficção científica, que  está disponível na Amazon Prime apenas a primeira temporada, com oito episódios. A trama se passa em uma cidade fictícia chamada Mercer, Ohio, onde existe um acelerador de partículas gigante conhecido como “The Loop”. Diretamente ligados a esse experimento científico, os habitantes da cidade vivem fenômenos sobrenaturais e distorções da realidade, chegando até à alteração do tempo e do espaço.

Na verdade, a série é mais um subproduto das obras de arte de Simon Stålenhag, que originaram um jogo de RPG e, mais tarde, foram adaptadas para o audiovisual por Nathaniel Halpern.

Tendo tudo para ser uma série futurista, despótica e tecnológica, ela surpreende e encanta por ser bela, melancólica e profundamente humana, abordando alguns temas fundamentais da nossa vida como amor, morte, família,etc. Com uma estética retro-futurista e contar  histórias interligadas, a série mostra indivíduos tentando preservar sua existência e conviver em meio a uma natureza espetacular e a uma tecnologia que, ao mesmo tempo em que pode tornar tudo possível, também os lança num fluxo temporal desorientador, como se o Loop fosse uma força maior que suga, inexoravelmente, sua humanidade.

Vou tentar resumir os oito episódios:

1. “Loop” – A menina Loretta descobre que sua mãe trabalha num laboratório subterrâneo chamado “The Loop” e investiga o mistério, o que acaba levando-a a uma impressionante viagem no tempo.

O tempo faz tudo mudar 

2. “Transpose” – Dois adolescentes, Jakob e Danny, encontram um objeto na floresta que permite trocar de corpo e viver a vida um do outro. A experiência, que no início parece divertida, acaba levando-os a situações extremas, à beira dos limites da própria humanidade.

3. “Stasis” – A jovem May se apaixona por Ethan e   tenta fazer o tempo parar com a ajuda de um artefato científico. Como metáfora do amor, o casal interrompe o tempo para viver sua paixão, mas, quando Cronos volta a agir, tudo muda novamente e e nada é para sempre.

4. “Echo Sphere” – O garoto Colle, filho de Loretta, e seu avô Russ (o fundador  do Loop) se confrontam com o fim da vida através de uma esfera que revela quanto tempo resta a cada pessoa. Um dos episódios mais bonitos e tristes, sobre a passagem inevitável do tempo, uma força que nem mesmo o Loop pode conter.

5. “Control”Ed é um pai que trabalha no Loop e faz escolhas extremas para proteger sua família após o filho entrar em coma. Talvez o episódio mais fraco da temporada, mas interessante pela forma como mostra os robôs envelhecidos e abandonados, lembrando que a tecnologia, por mais avançada que seja, logo se torna sucata, e nunca substitui o valor da vida humana.

6. “Parallel”Gaddis é um segurança do Loop que viaja para um mundo paralelo em busca de amor e sentido. Nessa jornada, ele encontra mais do que o amor: encontra a si mesmo, descobrindo possibilidades de vida que se desenrolam em outros tempos e dimensões.

Você toca a campainha e
quem atende é você mesmo 

Cada gota de chuva um segundo 
Tempo tempo tempo tempo

7. “Enemies”George, marido de Loretta, quando adolescente visita uma ilha misteriosa e descobre uma presença monstruosa que muda sua vida. A convivência entre robôs e humanos é mostrada de forma mais intensa e perturbadora aqui. Terminei o episódio impressionada, com um gosto amargo na boca.

8. “Home” – Colle, o  garoto,  tenta reencontrar o irmão Jakob, que havia se perdido,  e se reconectar com o passado em uma cidade onde o tempo parece correr diferente. Por ser o último da temporada, o episódio busca amarrar as histórias e acaba emocionando profundamente, afinal, já estamos afetivamente ligados às personagens e suas travessias pelo tempo e pelo sentimento. 

Quando termina, o que mais queremos é ver mais, porque é uma série linda, interessante, delicada e de altíssimo nível.

Você fotógrafa o que quer guardar 

Quando acabou, pensei em mil coisas — sobretudo na ideia de “tempo constelacional” de Walter Benjamin, que, em última instância, não rejeita a possibilidade de vidas simultâneas se desenrolando em outras dimensões. Será?

 

Pedi ajudinhas práticas à IA para escrever esse POST, ela me ofereceu um mapa das conexões entre os episódios. Ela inseriu também interpretações minhas (ela revisou o texto) e ficou bem legal :


🌀 Mapa das Conexões do Loop

1. Loretta (Ep. 1 – “Loop”)

É o ponto de partida e o fio condutor da série.

Aparece jovem, depois adulta e mãe de Cole (Ep. 4) — mostrando a continuidade entre gerações.

Representa a ciência e a curiosidade, mas também o risco de perder o humano ao tentar dominar o tempo.


2. Jakob e Danny (Ep. 2 – “Transpose”)

São vizinhos de Loretta.

A troca de corpos conecta-se ao tema da identidade e da incapacidade de ser “outro” sem se perder de si mesmo.

Jakob reaparece em outros episódios, mas de forma sutil — deslocado no tempo.


3. May e Ethan (Ep. 3 – “Stasis”)

Vivem no mesmo universo e época que Jakob.

Sua tentativa de parar o tempo é uma metáfora do desejo humano de congelar o instante do amor.

O dispositivo que usam é um dos muitos artefatos do Loop, e reaparece abandonado depois, como vestígio de uma história que o tempo engoliu.



4. Cole e Russ (Ep. 4 – “Echo Sphere”)

Cole é o filho de Loretta, e Russ, seu avô, o fundador do Loop.

É o episódio mais pessoal e filosófico: a aceitação da morte e do ciclo da vida.

Liga-se diretamente ao início e ao fim da série — a origem e o encerramento do Loop familiar.


5. Ed (Ep. 5 – “Control”)

Morador da mesma cidade, também trabalha no Loop.

O tema da proteção da família e da impotência humana diante do inevitável ecoa o que vemos em Cole e Loretta.

Mostra o contraste entre o controle e a entrega — uma das tensões centrais do Loop.


6. Gaddis (Ep. 6 – “Parallel”)

O segurança do Loop que descobre outra versão de si mesmo em um universo paralelo.

Espelha o conflito de Jakob (Ep. 2) e aprofunda a ideia de existências simultâneas, que você captou com a leitura de Walter Benjamin.

7. George (Ep. 7 – “Enemies”)

Marido de Loretta e filho de Russ.

O episódio revela seu trauma de infância , o que explica muito da frieza e solidão dele no presente.

Amarra o ciclo familiar, tornando o Loop uma metáfora do destino hereditário.


8. Cole novamente (Ep. 8 – “Home”)

O último episódio fecha o círculo iniciado em “Loop”.

Cole percorre o tempo em busca do irmão  Jakob
e, sem perceber, vive dentro do mesmo Loop que seu avô criou.

É o retorno ao lar — não físico, mas emocional, espiritual e temporal.


💫 Evidente e invisível ao mesmo tempo — a série faz o tempo agir como personagem. As vidas se entrelaçam não apenas por parentesco, mas por temas: identidade, perda, amor, passagem e permanência.
Tudo é sobre ser humano diante do incompreensível.


Uau! Deu pano pra mangas! Super recomendo a série.

Um plus: minha amiga Rosane Pavam reparou que no primeiro episódio, enquanto a menina Loreta caminha pela cidade,há um letreiro do filme Monika e o desejo, de Bergman 



domingo, 2 de novembro de 2025

Trilogia do RATO


 RATO, contraponto do narrador-

O Rato é um personagem recorrente em alguns dos primeiros livros de Haruki Murakami — Ouça a Canção do Vento, Pinball, 1973 e Caçando Carneiros —, a chamada “Trilogia do Rato”. Ele aparece como o amigo do narrador-protagonista sem nome.

Como recurso de composição de personagem para o autor, acho interessante; mas, como leitura, confesso que é um pouco cansativo (já li muiyos textos mais bem-acabados de Murakami...).

Rato é um jovem melancólico, inteligente e inconformado, que sente repulsa pela rotina e pela superficialidade da vida moderna. Vive em busca de sentido, embora nem ele saiba exatamente o que procura . Algo muito juvenil pro meu gosto.

Como apontou a IA, dentro do universo dessas obras, o Rato acaba se tornando uma figura simbólica: representa o lado idealista e rebelde do narrador (e do próprio Murakami), aquele que não aceita o mundo como ele é e, por isso, se isola ou desaparece.

Rato é o alter ego solitário e inquieto de Murakami, símbolo da juventude perdida e do desejo de escapar da mediocridade.

Não deixa de ser interessante ,  mas ainda prefiro outras pegadas murakâmicas, menos teen... mais densas e enigmáticas.

sábado, 1 de novembro de 2025

Sobre o filme MALÊS

               

 
Durante uma visita a Niterói, em meados de outubro de 2025, fui convidada pelo meu anfitrião e tive a oportunidade de assistir ao filme Malês (Antônio Pitanga )no cinema em  17 de outubro 2025.
Assistimos Malês 

Esse filme era muito aguardado, por tudo o que representa: uma página especial do cinema negro, trazendo à tela uma das mais importantes revoltas negras da história do Brasil.

Entre 1831 e 1840, a instabilidade política após a abdicação de Dom Pedro I provocou diversas revoltas populares de grupos insatisfeitos com o governo central, como a Cabanagem (no Grão-Pará), a Farroupilha (no Rio Grande do Sul) e a Sabinada (na Bahia). A Revolta dos Malês (também na Bahia) foi uma delas.

Seu grande diferencial é que foi a única planejada e executada por africanos muçulmanos, que sabiam ler, escreviam em árabe e mantinham costumes distintos de outros grupos africanos, como os oriundos do Congo ou da Nigéria. Esse traço ajuda a explicar outra particularidade: o objetivo da revolta não era apenas a libertação dos negros, mas também a implantação de uma sociedade islâmica na Bahia.

Outro aspecto que a distingue de outros levantes regenciais é que depois de reprimida, as lideranças que não foram mortos, foram deportados para a África.
#Levantemalêsnoscinemas


Toda essa riqueza de detalhes aparece no filme — é verdade. A língua, os costumes, a estética e os valores dos Malês, apresentados lado a lado com outras tradições africanas (como o culto aos orixás), são algo digno de se apreciar. É um trabalho visualmente interessante e culturalmente potente.

Mas o difícil no filme é que, apesar do elenco talentoso, do tema relevante e dos detalhes inéditos, afinal, a Revolta dos Malês raramente é abordada com a importância que merece, nem mesmo nas escolas, eu achei  o roteiro  muito fraco, tornando o filme pouco envolvente.

Escrito por Manuela Dias, conhecida por suas novelas, o enredo transforma a revolta em um romance um tanto incoerente, ambientado em meio a escravidão e uma guerra. Um tema tão rico, uma pesquisa tão detalhada, atores excelentes :  tudo isso poderia ter resultado em algo ainda melhor. Detesto dizer isso, mas... hoje, com o nível que o cinema brasileiro alcançou, esperávamos mais.

Ainda assim, pela importância e originalidade do tema, o filme certamente será lembrado como o único dedicado a essa revolta . A menos que surja outro, o que sabemos que não é fácil, já esse foi como tirar leite de pedra .

Mas sim, fizemos questão de prestigiar o filme, logo nas primeiras semanas, comparecer, torcer para gostar — e até gostamos —, mas ficou aquele gostinho de quero mais.