Trata-se de uma série de TV norte americana de ficção científica, que está disponível na Amazon Prime apenas a primeira temporada, com oito episódios. A trama se passa em uma cidade fictícia chamada Mercer, Ohio, onde existe um acelerador de partículas gigante conhecido como “The Loop”. Diretamente ligados a esse experimento científico, os habitantes da cidade vivem fenômenos sobrenaturais e distorções da realidade, chegando até à alteração do tempo e do espaço.
Na verdade, a série é mais um subproduto das obras de arte de Simon Stålenhag, que originaram um jogo de RPG e, mais tarde, foram adaptadas para o audiovisual por Nathaniel Halpern.
Tendo tudo para ser uma série futurista, despótica e tecnológica, ela surpreende e encanta por ser bela, melancólica e profundamente humana, abordando alguns temas fundamentais da nossa vida como amor, morte, família,etc. Com uma estética retro-futurista e contar histórias interligadas, a série mostra indivíduos tentando preservar sua existência e conviver em meio a uma natureza espetacular e a uma tecnologia que, ao mesmo tempo em que pode tornar tudo possível, também os lança num fluxo temporal desorientador, como se o Loop fosse uma força maior que suga, inexoravelmente, sua humanidade.
Vou tentar resumir os oito episódios:
1. “Loop” – A menina Loretta descobre que sua mãe trabalha num laboratório subterrâneo chamado “The Loop” e investiga o mistério, o que acaba levando-a a uma impressionante viagem no tempo.
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| O tempo faz tudo mudar |
2. “Transpose” – Dois adolescentes, Jakob e Danny, encontram um objeto na floresta que permite trocar de corpo e viver a vida um do outro. A experiência, que no início parece divertida, acaba levando-os a situações extremas, à beira dos limites da própria humanidade.
3. “Stasis” – A jovem May se apaixona por Ethan e tenta fazer o tempo parar com a ajuda de um artefato científico. Como metáfora do amor, o casal interrompe o tempo para viver sua paixão, mas, quando Cronos volta a agir, tudo muda novamente e e nada é para sempre.
4. “Echo Sphere” – O garoto Colle, filho de Loretta, e seu avô Russ (o fundador do Loop) se confrontam com o fim da vida através de uma esfera que revela quanto tempo resta a cada pessoa. Um dos episódios mais bonitos e tristes, sobre a passagem inevitável do tempo, uma força que nem mesmo o Loop pode conter.
5. “Control” – Ed é um pai que trabalha no Loop e faz escolhas extremas para proteger sua família após o filho entrar em coma. Talvez o episódio mais fraco da temporada, mas interessante pela forma como mostra os robôs envelhecidos e abandonados, lembrando que a tecnologia, por mais avançada que seja, logo se torna sucata, e nunca substitui o valor da vida humana.
6. “Parallel” – Gaddis é um segurança do Loop que viaja para um mundo paralelo em busca de amor e sentido. Nessa jornada, ele encontra mais do que o amor: encontra a si mesmo, descobrindo possibilidades de vida que se desenrolam em outros tempos e dimensões.
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| Você toca a campainha e quem atende é você mesmo |
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| Cada gota de chuva um segundo Tempo tempo tempo tempo |
7. “Enemies” – George, marido de Loretta, quando adolescente visita uma ilha misteriosa e descobre uma presença monstruosa que muda sua vida. A convivência entre robôs e humanos é mostrada de forma mais intensa e perturbadora aqui. Terminei o episódio impressionada, com um gosto amargo na boca.
8. “Home” – Colle, o garoto, tenta reencontrar o irmão Jakob, que havia se perdido, e se reconectar com o passado em uma cidade onde o tempo parece correr diferente. Por ser o último da temporada, o episódio busca amarrar as histórias e acaba emocionando profundamente, afinal, já estamos afetivamente ligados às personagens e suas travessias pelo tempo e pelo sentimento.
Quando termina, o que mais queremos é ver mais, porque é uma série linda, interessante, delicada e de altíssimo nível.
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| Você fotógrafa o que quer guardar |
Quando acabou, pensei em mil coisas — sobretudo na ideia de “tempo constelacional” de Walter Benjamin, que, em última instância, não rejeita a possibilidade de vidas simultâneas se desenrolando em outras dimensões. Será?
Pedi ajudinhas práticas à IA para escrever esse POST, ela me ofereceu um mapa das conexões entre os episódios. Ela inseriu também interpretações minhas (ela revisou o texto) e ficou bem legal :
Uau! Deu pano pra mangas! Super recomendo a série.
Um plus: minha amiga Rosane Pavam reparou que no primeiro episódio, enquanto a menina Loreta caminha pela cidade,há um letreiro do filme Monika e o desejo, de Bergman




