sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Eu li "A mais recôndita memória dos homens", de M.M. Sarr

 

Com o livro, na biblioteca 


Terminei essa leitura que achei que seria incrível, que tinha tudo pra ser o livro da minha vida, que tem tudo a ver comigo ...mas sei lá,termino um pouco decepcionada.  

Com ele? Comigo?

Me repensei muito como leitora, tive altas conversas com o CHATGPT sobre o livro e no fim sai aliviada de ter concluído a leitura. Quem sabe ainda venha a assimilar a leitura. Mas por hora: grande livro!


LEITURAS 

18 de agosto de 2025



RECÔNDITA- Estou lendo "A mais recôndita memória dos homens", do senegalês Mohamed Mbougar Sarr. Além de ser uma aquisição recente do acervo da Biblioteca do SESC Pompéia, o exemplar está novinho 🤩: primeira edição brasileira, publicada pela Editora Fósforo em 2023, na tradução do francês por Diogo Cardoso. Trata-se de mais um retrato da colonização — tema que me interessa na literatura mundial contemporânea — escrito por um autor senegalês radicado na França. Pelo que soube, Sarr não se apresenta como francês e inclusive recusa a cidadania europeia.

Espero que seja um grande livro (altas expectativas), mas, por enquanto, só posso afirmar que é um livro grande: quase 400 páginas, divididas em três partes de cerca de 100 páginas cada, com letras miúdas e discussões densas.

Pelo que li em sinopses — e pelo pouco que entendi até agora — o narrador, Diégane Latyr Faye, é um jovem escritor senegalês do século XXI que entra em contato (ainda não sei se diretamente ou apenas por ouvir falar) com o livro "O labirinto do inumano", de T.C. Elimane. Esse livro, fictício, seria uma obra prima  das “literaturas negras" do entreguerras, mas acabou gradualmente esquecida, assim como seu autor, após uma polêmica acusação de plágio.

A partir desse autor e dessa obra inventados, Mohamed Sarr constrói metáforas potentes para discutir a literatura pós-colonial. Se for isso mesmo (ainda estou muito no começo para confirmar), o enredo é bom, mas a escrita surpreende quem busca apenas uma narrativa envolvente: trata-se de um romance carregado de reflexões teóricas sobre livros, história da literatura, autores e colonização. Provavelmente vou demorar uma vida para concluir — mas não tenho pressa!

Aos poucos, vou compartilhando minhas impressões com vocês por aqui.😝

1 de setembro de 2025

RECÔNDITA: Continuo a leitura, "daquele jeito" tartaruga, e estou  na metade. Já me entediei, já me surpreendi, já me emocionei e sobretudo,já me confundi toda com os nomes das personagens africanas! Agora continuo achando que é um livro ótimo, possivelmente a mais bem desenvolvida reflexão sobre os sentidos da literatura expressa na ficção do século XXI até agora (por isso estou lendo e não quero parar), mas até agora, eu preciso dizer, não é lá um livro dos mais envolventes. Como leitora, o comparo ao instigante "se eu viajante numa noite de inverno" do Italo Calvino, que, embora não seja referência pra ninguém que lê esse livro, pra mim é, pois o italiano também se propõe a discutir os sentidos da  literatura, mas numa trama de onde você  NUNCA MAIS VAI SAIR.  Claro que o  "recôndita" pode, e vai, me surpreender , desde que eu aguente firme e não abandone a leitura, o que seria uma covardia. Que setembro me traga a conclusão dessa LEITURA!

4 de setembro 


5 de setembro de 2025

LENDO COM A IA: Não é ruim conversar sobre leituras com a IA, não. Com mil questionamentos a partir da leitura de "A mais recôndita memória dos homens", pedi ao CHATGPT um balanço da recepção crítica do romance. Claro que ela mostrou as mais positivas e elogiosas. Aí comentei que minha experiência de leitura está indo pelo caminho contrário: embora ache os temas  importantes, o livro não me prende, tenho vontade de abandonar a leitura sempre. Só aí que ela disse que muitos leitores relatam algo parecido e que talvez esse livro conquiste mais pela ideia de tê-lo lido do que pelo prazer de ler"  . Tipo: é isso! Kkkk

Aí ela perguntou se vou insistir na leitura ou se quero dicas de livros  mais envolventes, inclusive com o mesmo tema. Respondi que agora que passei da metade, vou até o final, na esperança do prazer posterior de ter lido 😜 Freud explica!


9 de setembro de 2025


RECÔNDITA: Voltei a ler ... Não está tão devagar a narrativa,mas confesso que já não me importo nem um pouco com o destino de Elimane, especialmente depois de ler a carta de 1940 atribuída a ele, nem com o "Labirinto inumano"... Estou no último capitulo, está indo por osmose,vai ter que ter uma reviravolta forte pra eu me empolgar nessa leitura. Sigamos...


12 de setembro de 2025


RECÔNDITA (FINAL): Acabei de terminar a leitura. Tenho que admitir que o fim do livro é muito bonito; imaginei tudo como se fosse um filme africano e fiquei feliz. Mas, quando comecei a ler o epílogo, pensei: "Pra que toda essa história tão longa? Por que esse labirinto?" 🤔

O fato é que, do meio para o final, o livro foi perdendo a graça. Fui pegando certo ranço dele, do seu personagem principal, o autor Elimane, e do seu único livro, o proibido "O Labirinto do Inumano". Daí que, no tão aguardado final, não me emocionei nem me surpreendi (não dessa vez). Só estou exausta, como se tivesse corrido uma maratona.

Claro que vou precisar de um tempo para assimilar melhor, mas termino na certeza de que é um livro para escritores. Para mim, não foi empolgante; foi mais cansativo do que proveitoso. No entanto, apesar do cansaço e de certa decepção, acho o livro excelente (notem tantos post-its!). Recomendo a leitura para quem gosta de literatura, para quem é escritor e, sobretudo, para quem não tem medo do labirinto.


RESENHA PRA GRUPOS DE LEITURA E SITE BIBLIOTECA


A MAIS RECÔNDITA MEMÓRIA DOS HOMENS- Terminei a leitura deste livro, sobre o qual tinha muitas expectativas, já que autores que admiro -como Socorro Acioli - o recomendaram vivamente. Trata-se de uma narrativa pós-colonial, escrita por um senegalês radicado em Paris, que acompanha a trajetória de autores africanos, com seu repertório natal, tentando escrever na Europa, lidando com a língua e as referências do colonizador — e, nesse processo, levantando muitos questionamentos.
Nesse campo, conheço e admiro  os livros da angolana radicada em Lisboa, Djamila Pereira de Almeida, que cria ficções envolventes sem perder a densidade crítica. Já o texto de Sarr é mais erudito, dialoga de forma direta e transversal com autores teóricos que conheço apenas de passagem — como Jorge Luis Borges e Roberto Bolaño —, o que torna esse  romance menos envolvente para mim.
A forma não linear e labiríntica, que recorre a diferentes linguagens (diários, cartas, depoimentos etc.), não é exatamente inédita; parece mais uma marca da literatura contemporânea. Neste caso, porém, soma-se o fato de ser um livro extenso — quase quatrocentas páginas, tornando a leitura cansativa. Apesar disso, admito que o final seja muito bonito: imaginei tudo como um filme africano e senti um certo respiro. Mas, ao começar a ler o “Epílogo”, já na página 393, não resisti a pensar: “Pra que tanta história? Por que esse labirinto todo?” 🤔
O fato é que, da metade para o final, o romance foi perdendo a força. Fui criando certo “ranço” tanto do livro quanto do personagem principal, Elimane, autor do renegado "Labirinto do Inumano". No tão aguardado desfecho, já não me emocionei nem me surpreendi como no início — apenas fiquei exausta, como se tivesse corrido uma maratona. O que talvez seja uma reação esperada a partir de um texto tão mental.
Claro que essa leitura ainda vai se sedimentar em mim com o tempo. Mas termino com a sensação de que é um livro escrito para escritores. Para mim, como simples leitora, foi menos empolgante e mais desgastante do que proveitoso. Ainda assim, apesar do cansaço e da decepção causada pela expectativa prévia, reconheço que é um grande livro (vide a quantidade de post-its na foto). Recomendo a leitura a quem ama literatura, a quem escreve e, sobretudo, a quem não tem medo de se perder no labirinto.


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