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sábado, 2 de julho de 2011

A arte de amar (continuação)

No último dias dos namorados eu presenteei o meu com "A arte de amar", do Ovídio, porque eu enxergo que é ele quem me ensinou (e está sempre ensinando) esta arte, exatamente como o seu Ovídio Moura, ele é diferente, gosta de de mim, muito, "mais do que ele mesmo dizia, mais do que ele mesmo sabia, da maneira que a gente deve gostar. E tinha uma força grande, de amor calado, e uma paciência quente..."


Minha intenção foi boa, mas não deu muito certo, afinal ao invés de ser o texto original em poesia, o livrinho trazia uma versão em prosa, bastante simplificada...




Só que eu quis, ainda assim, manter minha declaração de amor, ou melhor, de retribuição desse amor tão forte, tão quente e todo imerso em paciência (qual outro motivo ele teria para aguenta conviver comigo e meu mundo abarrotado de Guimarães Rosa, conversando sobre meu "único assunto"? Por qual razão que não fosse muito amor ele iria comigo aos parquinhos para observar crianças tentando se comunicar com bichos e plantas? Por que ele não se irritaria, pelo contrário, até mais prontamente me acolheria, quando eu começasse com minhas infindáveis lágrimas?




Isso é amor e foi ele que me ensinou, e agora sei e posso dizer que é totalmente correspondido.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

A arte de amar








"Dinorá amara-o três anos, dois dera-os às dúvidas, e o suportara demais. Agora, porém, tinha aparecido outro.Não, só de pôr aquilo na idéia, já sentia medo...Por si e pela filha... Um medo imenso.
Se fosse, se aceitasse de ir com outro, Nhô Augusto era capaz de matá-la. Para isso,sim, ele prestava muito. Matava, mesmo, como dera conta do homem na foice, pago por vingança de algum ofendido. Mas quem sabe se não era melhor se entregar à sina, com a proteção de Deus, se não fosse pecado...Fechar olhos.
E o outro era diferente! Gostava dela, muito...Mais do que ele mesmo dizia, mais do que ele mesmo sabia, da maneira que a gente deve gostar. E tinha uma força grande, de amor calado, e uma paciência quente, cantada, para chamar pelo seu nome:...Dinóra..."Dinórá, vem comigo e traz a menina, que ninguém não toma vocês de mim" Bom...Como um sonho...
Como um sono...
Dormiu.
(...)
Mas na passagem do brecão do Bugre, lá estava seu Ovídio Moura, que tinha sabido, decerto, dessa viagem de regresso.
-Dinóra, vem comigo... Ou eu saio sozinho por esse mundo, e nunca mais você há-de me ver!...
Mas Dinóra foi tão pronta que ele mesmo se espantou."

Guimarães Rosa. Sagarana. P. 369-370