(Esse texto pode ser alterado até o final do ano).
Faz tempo que eu não fazia uma retrospectiva do ano, né? Nesse aqui, que foi monstro, eu nem ia fazer, mas tentei e saíram coisas bacaninhas (já tive anos melhores, mas foi o que teve)... vamos lá:
Comecei o ano marcando consulta
no oftalmologista logo no dia 2, mas não seria ainda essa a data de ter novos
óculos mágicos. Em janeiro eu me apaixonei mais e mais pelo Julio Cortázar e,
como ainda estava terminando a tese, pesquisei muito sobre
Vinicius de Moraes, o poetinha, e o seu lindo livro/disco “A Arca de Noé” me fez
descobrir a Biblioteca Infantil Viriato Correa: muito amor.
Em fevereiro eu estava na versão
hard de ESCRITA FINAL DA TESE,e já habitava outra das minhas outras casas,
que é a Biblioteca de Ciências Mário Schenberg, muitas emoções e os óculo, ainda
velhos, se mostravam tão mágicos! Em fevereiro, por causa do Facebook, soube
que uma orquestra brasileira levou o som sensacional do Tom Zé a Alemanha,
coisa finíssima! E assisti uma elucidativa entrevista do Antonio Prata sobre
como foi adquirir o que ele chamou de “sotaque
infantil” para escrever seu “Nu de botas”, apesar da tensão, foi bem legal
fevereiro.
Novamente comecei o mês no
oftalmologista, desta vez não para mudar os óculos, mas porque machuquei os olhos e não pude usar lentes de contato
por 90 dias, o que me levou a ficar muito em casa, vendo vídeos e ouvindo
rádio. Nessas vi o depoimento de Haroldo de Campos sobre o Rosa e achei de
arrepiar! No rádio, o programa Supertônica, do Arrigo Barnabé, me proporcionou ouvir uma linda
entrevista do Rodrigo Campos, e viciei no disco dele São Mateus não é assim
tão longe. Mas também tivemos coisas não tão boas, vi os vídeos sobre os
exilados no Chile em 1971, muito fortes os depoimentos de pessoas como o Frei
Tito (a violência injusta e intragável
sempre), da "Dodora" (centrada, bonita,
mas que teve fim terrível). Naquela época eu ainda não sabia que iam cogitar a
volta da ditadura militar nas ruas no fim do ano, vejam vocês!.
Comecei abril, de óculos velhos,
discutindo um texto no então inaugurado Grupo de Trabalho (GT) História da
Infância e Juventude da ANPUH SP, muito bacana. Também em abril eu li o último
livro de Robert Darton Poesia e polícia e ele já foi citado na tese, que ainda
estava em andamento. Em abril eu publiquei meu primeiro artigo científico na
Revista Manuscrítica, sobre os
Cadernos de Rosa. Também em abril o Gabo
deixou este plano, o que me levou a fazer uma retrospectiva de seus livros,
muito bom saber que ele vai sempre estar aqui com as histórias que contou. Em abril, pela primeira vez, ouvi a voz do Guimarães Rosa, que
emoção!
MAIO
Maio foi o mês do depósito da tese, tensão maior não há. E
logo eu comecei a assistir os vídeos disponibilizados pelas Comissões da Verdade,
e foi muito emocionante, claro. Nesse mê eu comecei, verdairamente, meu período de
letargia, onde ainda me encontro. Osso.
Em junho eu redescobri um grande amor: Benjamin traduzido por João
Barrento me fez ver o mundo mais colorido, ter mais vontade de estudar, de
crescer e pesquisar. Tentei conhecer
gente nova, até consegui um pouco, mas nada de muito sério, porque Saturno
estava na área, olhando tudo, já era. Também em junho começou a Copa do mundo, que
delicia essa cidade cheia de homens como nunca dantes! Me diverti pacas ouvindo OEAAA!
JULHO
No começo de julho a Copa
continuava e o Brasil perdeu, com a mais vexatória derrota de sua história: 7 a
1, para nunca mais esquecer, mas naquela mesma noite, eu e minha amiga Giuliana
, afogamos as mágoas num show histórico : Som
Imaginário, comemorando só 50 anos
de carreira, super Buena Vista Social Clube... muito emocionante. Tive uma
experiência linda com os professores de
Educação Infantil, da CEI Vila Calu em Cajamar, muito emocionante. Assisti e amei o filme Paulo
Vanzolini: Um homem de moral, letargia me dominava. Mas ainda assim, a Ana
Carolina me levou ao cinema para assistir Que Estranho Chamar-se Federico – Scola Conta Fellini
. No final do mês, em um fim de tarde bem gélido, e vestida a caráter, assisti ao fantástico show do
violeiro Noel Andrade, ótima surpresa.
Mês da defesa, que não foi como
eu planejei que seria por conta do clima pesado, pois perdemos o professor Nicolau Sevcenko, todos
ficamos muito abalados. Não foi fácil e o Julio Cortázar me ajudou a
superar o clima ruim. Agradeço de
coração aos amigos que me apoiaram naquele momento, em especial a Fernanda
Duarte e Fabio Flora, que me fizeram chorar de emoção pois eles me enviaram
lindas rosas vermelhas.
SETEMBRO
Em setembro mergulhei na história de Inês Etienne Romeu e admirei profundamente aquela mulher de coragem. Tom Zé, como sempre, se manifestou positivamente em relação à situação da USP, esse nunca me decepciona. Em setembro eu ia viajar para Minas, meu sonho, mas tive virose e não deu certo, apesar disso escrevi um artigo bem legal, que ainda está em fase de apreciação, mas nunca vou esquecer as condições que o escrevi (diarreia e febre), um horror. Nos dias doentinha a Fernanda Duarte e o Fábio Flora me deram mimos, me enviaram o livro Ver: amor e outras fofuras que não tem preço.Quando melhorei, acompanhei o Workshop Escritas de ouvido, com a professora Marília Librandi-Rocha (Stanford University), e foi bom porque confirmei que as ideias da minha tese são as que estão bombando no mundo sobre escrita da fala. Em setembro (re)descobri que ainda tenho um coração para amar e ser amado, mas ainda no campo das hipóteses.
Outubro foi o mês mais literário,
além do Kawabata, que me arrebatou, teve
mais Cortázar, Hilda Hilst, David Grossman... muita música com Geraldo Azevedo e Pequeno Cidadão e a música para as ciclovias. Tivemos eleições e foi show de horror, credo, mas sobrevivi ao meu aniversário e aos tempos ruins desta vez com a ajuda da minha amiga de infância Cassia, e dos colegas que me animaram no aniver como o Thiago, a Aninha, a Vera, a Martha, a Sonia e todo mundo mais. Tivemos o chopps e o brigadeiro de colher que esparramava da colher, coisa de louco!
Mês do Gabo, novamente. Memória de minhas putas tristes me
arrebatou, me levou aos contos, a Grimm, a Grossman e a vida até que foi
difícil, mas tem coisas legais também. Em
novembro, enfim, fiz novos óculos mágicos, e com ele vi o cara mais inacreditavelmente lindo que já vi em busão, um Criolo de verdade. Amei alguns historiadores, tanto da
social quanto da econômica, que estiveram em congressos na USP, e senti que é legal estar entre os pares. Fui leitora relatora de um texto do GT sobre
história da juventude, legal pacas. E teve a cereja do bolo do ano : Show Vira
Lata na Via Lactea do Tom Zé, que teve seus 78 anos aplaudidos de pé, porque o
mundo é bão, Sebastião.
Foi o mês de pesquisar mais sobre
Pedro Bloch. Vários livrinhos, artigos científicos, anedotários e o fabuloso
livro Os irmãos Karamabloch, de
Arnaldo Bloch, que foi uma leitura rápida, útil e muito agradável. Na expectativa do dia 23, quando Saturno se
movimenta para outro signo e, espero, saio da letargia.
Um ano meio sem graça, o qual comecei invocando "Bem vindo 2015", mas passei por ele confiante e sempre querendo VER MELHOR, isso que importa,