quarta-feira, 24 de junho de 2015

Clube da Esquina, um disco que você precisa ouvir antes de morrer ...

Do perfil do Clube da Esquina no Facebook:
O disco "CLUBE DA ESQUINA", de MILTON NASCIMENTO & LÔ BORGES, está incluído no livro "1001 Albums You Must Hear Before You Die" (em português: 1001 Álbuns Para Ouvir Antes de Morrer), que é é um livro de referência musical lançado em 2006, que reúne 90 jornalistas e críticos musicais de todo o mundo. Sua concepção original é de Robert Dimery, co-fundador da Revista Rolling Stone.
O livro consiste de uma lista de álbuns lançados entre os anos de 1955 e 2005. Embora existam os mais diversos estilos musicais como jazz, blues, heavy metal, soul e música experimental, o rock e o pop ocupam posição destacada.
A publicação contém mais de 900 imagens. Quando o álbum é indicado, aborda-se também o momento histórico, além de relatar curiosidades da gravação.
A publicação contém mais de 900 imagens. Quando o álbum é indicado, aborda-se também o momento histórico, além de relatar curiosidades da gravação.
Por Gustavo Oliveira:

"O que está escrito no livro (O verbete, que está no livro, traduzido), AQUI:"Se Clube da Esquina fosse meramente uma resposta brasileira ao ‘Sgt. Peppers‘… já teria um lugar como uma grande contribuição à música pop internacional. Mas essa magnífica coleção de canções, originalmente lançada como um LP duplo, também transformou Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes e Toninho Horta em artistas de sucesso por seus próprios méritos. Embora Milton Nascimento - um cantor carismático, com um falsete puro e cheio de espiritualidade - seja o centro da gravidade do álbum, ele ainda não era uma grande estrela e Clube da Esquina é bem um trabalho de grupo, co-creditado a Lô Borges. O disco mistura paisagens sonoras de sonho, letras surreais e uma notável variedade de influências sul-americanas. Clube da Esquina foi um marco na música popular, que abriu portas criativas para outros artistas. O Clube da Esquina consistia num grupo de amigos de Belo Horizonte, uma cidade no interior do estado de Minas Gerais. Em 1971, eles passaram 6 meses em uma casa alugada na praia de Piratininga, norte do Rio, compondo e compartilhando seu amor pelos Beatles. No estúdio, a música adquiriu rica grandiosidade, com orquestrações de Eumir Deodato e Wagner Tiso. O disco produziu uma série de sucessos, entre eles "Cravo e Canela' e "Nada será como Antes". A influência dos Beatles é particularmente forte nas canções estilo "rock mineiro" primorosamente compostas por Lô Borges, como "O Trem Azul" e "Nuvem Cigana", reluzentes melodias cheias de maravilhas e caprichos”, escrevem Robert Dimery e Michael Lydon (um dos fundadores da revista “Rolling Stone”) no livro “1001 Discos que Você Precisa Ouvir Antes de Morrer”

Nada contra - Marcos Piangers

Colo aqui mais uma das deliciosas contribuições de Marcos Piangers sobre crianças no Facebook. 


Nada contra
Quando uma criança nos brinda com sua visão de mundo é uma delícia tão grande que devemos ficar bem quie- tos. É como olhar unicórnios se alimentando. Você quer ficar vendo aquilo sem espantar a magia do ambiente. Estávamos no carro, eu dirigindo, minha mulher no banco do carona e minha pequena no banco de trás, sentada no meio. Lá fora as pessoas desrespeitavam outras pessoas no trânsito. O que podemos chamar de um dia normal.

“O que eu não entendo é que uma mulher pode se vestir com cal- ça jeans e até com camisas masculinas. Isso é aceito pela sociedade,” ela tem oito anos e está falando sobre a sociedade. “E um homem não pode se vestir com roupas de mulheres que todo mundo fala mal. Não que eu tenha alguma coisa contra travestis.” Eu explodi em risos. “O quê, pai?!”, protestou a Anita. A Anita sempre diz que não tem nada contra determinada minoria, sempre que fala delas.

“Por que as pessoas tratam os pobres mal, pai? Não que eu tenha alguma coisa contra os pobres.” Ela sempre parece preocupada com a possibilidade de ser considerada racista, elitista, sexista, machista ou preconceituosa. Deve ser uma preocupação muito atual entre as crianças. Porque o mundo está politicamente cor- reto. E imagino que isso seja uma coisa boa. Mas quando eu tinha oito anos, nossa principal preocupação era conseguir a maior quantidade de doces entre a hora de acordar e a hora de dormir.
“Eu só acho que os homens deveriam poder se vestir com saia e salto alto se quisessem. As mulheres podem fazer isso. Os homens não, porque são considerados gays. Nada contra os gays,” ela diz novamente, antes que seja mal interpretada.
Estávamos no carro ouvindo a Anita falar sobre a sociedade. Lá fora as pessoas desrespeitavam outras pessoas no trânsito. O que podemos chamar de um dia normal.

Nos conta Piangers que, aos seus  8 anos, suas preocupações não eram tão "politicamente corretas" quanto as da filha de Anitta aos 8 anos, que respira o oxigênio mental do início do século XXI. Esse texto é muito interessante para demonstrar porque devemos pensar em uma História da criança, pois nem sempre elas foram do mesmo jeito...