DIRETAMENTE DO BLOG DO XICO SÁ:
Nesta semana de aniversário da cidade, pego a bandeira de uma das mais sábias e lindas paulistanas:"São Paulo, larga a mão de ser reacionário. Isso é triste e burro e violento", manifestou-se a brava moça.Bia Abramo é o nome dela, profissão jornalista.Em nome da sua nobre causa, rodei este panfleto romântico, declaradamente ingênuo e grávido de anarcolirismo.Bárbaros, crédulos, pitorescos, meigos e novos Oswalds de todas as artes & ofícios, espalhemos a boa nova.Por uma SP menos reacionária.Por uma SP menos sorridente diante da chacina. Por um São Paulo menos reacionário e uma SP igualmente.Por uma SP que não seja a extensão do braço armado da polícia.Menos design fascista, menos bancos antimendigos, menos rampas antimiseráveis.Pela ocupação dos prédios improdutivos do centro por sem-tetos e artistas sem grana.Por calçadas menos esburacadas para o conforto do flâneur, do bêbado, do velho e da mulher grávida.Por uma estética mais “baiana” e menos fetiche da mercadoria nova-iorquina.Que Esperanza, a índia boliviana de Cochabamba, troque a escravidão do parque industrial subterrâneo pelo sol da decência.Que a alegria seja mesmo a prova dos nove no matriarcado de Pindorama e de Piratininga.Pela prática da psicanálise selvagem nos bancos de praça. A Sé como a Viena de Freud.Redes entre as árvores dos parques para a sesta de esportistas e sedentários.Que a sesta seja obrigatória no comércio, na indústria e nas redações de revistas e jornais. Por uma SP menos avexada. Que a tecla oficial da cidade seja o slow.Pela modernismo de ontem e não a modernagem de hoje. Pela ciência de que o futuro está em 1922.