
Ai quando eu leio Hilário Franco Jr e, além do arcabouço imagético, ele coloca na roda de observação os historiadores que me escoram até hoje, eu morro:
"A imagem em questão (a de Adão engasgado, colocando a mão na garganta utilizando somente seus 3 primeiros dedos, não os 5, como era habitual na iconografia do pecado original,em San Juan de La Peña no séc. XII) é única porque indicaria uma situação particular, exprimiria um estadom de espírito específico à comunidade monástica de San Juan.
Tal hipótese é difícil de ser testada, porque o mosteiro foi vítima de incêndios (no séc. X em 1494,1675 e 1809) que destruíram grande parte de seus fundos documentais, tanto textuais como iconográficos (inclusive, mais da metade dos capitéis do clausto). Diante disso, devemos recorrer a HIPÓTESES DE TRABALHO NÃO FUNDAMENTADAS SOBRE 'PROVAS' E SIM SOBRE UM 'CONHECIMENTO POR TRAÇOS' BASEADO NAQUILO QUE OS TEXTOS - E AS IMAGENS - NOS DIZEM 'SEM TER DESEJADO DIZER', COMO SUGERE MARC BLOCH. Mais recentemente Carlo Ginzbug prosseguiu nessa linha linha (que também é a de Arnold Hauser, Edgar Wind e Enrico Castelnuovo), chamando atenção para o 'paradigma indiciário' nas ciências sociais, inclusive na história, cujo conhecimento é 'indireto, indiciário e conjectural'. Dito de outra forma, o trabalho do historiador pede,com as precauções necessárias, raciocínio indutivo: passar 'do melhor ou do menos mal conhecido ao mais obscuro' , 'aplicar um método regressivo. (...)
FRANCO JR, Hilário. Os Três dedos de adão. p. 375-6