 |
Quando emprestei da Biblioteca do Sesc Pompéia |
Comentário de fim de leitura 14 de fevereiro 2025
"HISTÓRIA SOCIAL DA BELEZA NEGRA (2021) : Concluí a leitura. É uma pesquisa de doutoramento publicada em livro sobre construção e manutenção do racismo nos EUA através da publicidade de cosméticos feitos por brancos, que pretendiam "suavizar" traços de negritude a qualquer custo. Mas é , sobretudo , um texto sobre como a comunidade negra reagiu e inverteu esse jogo. Termina assim :
"Sugerindo, nas entrelinhas, as lutas pelo direito à beleza, historicamente negado às mulheres negras, um anúncio (com dizeres "Você também pode ser uma beleza fascinante") tranquilizava as consumidoras (de produtos de beleza agora produzidos por negras). Não seria mais preciso 'invejar uma garota' e 'seus charmosos cabelos e compleição '. Tal qual a escravidão africana, inveja era coisa do passado. O espelho de Oxum (imagem da capa do livro) refletia um futuro de beleza para as mulheres negras, finalmente elevadas ao posto de 'aristocrata da penteadeira'." (P.136) Só tenho a agradecer à minha mãe Oxum por ter me feito ver, desde menina, a sua bela e fascinante face divina quando me olho no espelho! 

" Enfim li esse livro muitas vezes amargo, mas muito importante, ainda que tantas vezes me lembrou as intragáveis aulas de História dos Estados Unidos na Faculdade! Mas tem resistência e isso é maravilhoso!
Recomendo muito a leitura a quem tiver coragem .
 |
Capa com o espelho da Oxum |
Giovana Xavier é uma professora e pesquisadora , ativista das causas das mulheres negras. Que bom termos mulheres como ela no Brasil.
 |
A beleza negra de Giovana Xavier |
Durante a leitura eu fui comentando:11 fevereiro
Camila Zahabe Rodrigues
BELEZA NEGRA : Deixei o livro do Mia Couto pra depois e comecei ler "História da beleza negra", de Giovana Xavier. A referência e temática eu já conhecia por alto, desde quando escrevi o projeto de pesquisa sobre os primeiros romances de Jeferson Tenório, mas só agora estou lendo. Trata-se da publicação de uma pesquisa em História sobre como os negros (especialmente negras) estadunidenses apareciam na imprensa e publicidade (especialmente a de cosméticos) desde a passagem do século XIX para o XX. O capítulo inicial chama-se "imprensa e negra e Grande Migração". Pensando nos EUA de 2025, quando imigração é eleita pelo novo governo como a grande vilã do projeto de pais, começar a ler uma história da negritude estadunidense justamente pelas cartas escritas no contexto da migração de negros saindo do sul e tentando se estabelecer em outros lugares, aponta que esse é o momento de ler esse livro, já que a mobilidade dos povos continua a ser grande questão para a História. Estou só no começo da leitura, mas já vi que, partindo de objetos interessantes, Xavier encontra ganchos para refletir sobre a problemática negra em diferentes aspectos e coloca questões capitais , como sobre tradução dos termos referentes a raça : o que e em quais momentos significava dizer "Black", "mulato", "of color" , etc? Muito pano pra manga.
12 fevereiro
BELEZA NEGRA: Continuo lendo quando posso, é um excelente trabalho de pesquisa, trata de assuntos e termos capitais para o debate sobre a negritude ,mas não posso negar que está sendo
um fardo ler sobre os EUA (nunca curti), ainda mais sobre a construção da estrutura racista naquele país. Estranho tanto estar lendo sobre os Estados Unidos, digamos que não costumo "desperdiçar" muito tempo sobre o país , para além de saber das notícias incontornáveis. Infelizmente para mim, lendo constato que muito do que construímos como identidade racial no Brasil veio daquele imaginário inimaginável. Apesar das diferenças gritantes (numéricas e culturais), desde há muito me parece que aquela realidade nos foi "imposta" como modelo, sem adaptações. Lendo o texto isso fica cada vez mais claro e não consigo conter uma careta de nojo. Ainda nem mergulhei na indústria cosmética (beleza negra do título), mas já está intragável .Enfim , sigamos rumo ao fim do livro. 🙏🏾
Comentário:
Um ponto importante que não destaco na resenha, para não deixá-la muito grande: a indústria cosmética desenvolvida por brancos, criava produtos agressivos, às vezes com soda cáustica,para clarear peles retintas e alisar cabelos crespos. As propagandas, por sua vez, insistiam na ideia de "correção" daquelas características , como se ser negro(a) fosse um erro. Apenas depois de "corrigirem" esse "equívoco" em sua aparência, as pessoas poderiam pensar em almejar posições sociais simples, como empregos. Em alguns lugares, pessoas "não corrigidas", chegavam a ser agredidas fisicamente,ou até mortas. Isso começou a mudar quando os negros passsaram a cuidar de produtos estéticos para negros, só então se poderia pensar em uma beleza negra, que não estava errada, nem precisava ser "corrigida".
,