"É a infância, a experiência transcedental da diferença entre língua e fala, a abrir pela primeira vez à história o seu espaço. Por isso, Babel , ou seja, a saída da pura língua edêmica e o ingresso no balbuciar da infância (quando, dizem-nos os linguistas, a criança forma os fonemas de todas as línguas do mundo), é a origem transcedental da história. Experenciar significa, necessariamente, neste sentido, reentrar na infância como pátria transcedental da história. O mistério que a infância institui para o homem pode de fato ser solucionado somente na história, assim como a experiência, enquanto infância, e pátria do homem, é algo de onde ele desde sempre se encontra no ato de cair na linguagem e na palavra. Por isso a história não pode ser o progresso contínuo da humanidade falante ao longo do tempo linear, mas é, na sua essência, intervalo, descontinuidade, epoché. Aquilo que tem na infância a sua pátria originária, rumo à infância e através da infância, deve manter-se em viagem." Giorgio Agamben. Infancia e História. p. 64-5
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