Para um menino, para a Camilinha, uma velha "velhíssima" deve ser mesmo inacreditável, tanto que a Camilinha diz : ela tem boca, mas fala?"... deixaram-no saber o que dentro daquele dito quarto se guardava. Deixaram-no ver. E, o que havia ali, era uma mulher. Era uma velha, uma velhinha - de história, de estórla - velhíssíma, a inacreditável. Tanto, tanto, que ela se encolhera, encurtara-se, pequenina como uma criança, toda enrugadinha,desbotada: não caminharia, nem ficava em pé, e quase não dava acordo de coisa nenhuma, perdida a claridade do juízo. Não sabiam mais quem ela era, tresbísavó de quem, nem de que idade, incomputada, Incalculável, vinda através de gerações, sem ninguém,só ainda da mesma nossa espécie e figura. Caso imemorial,apenas com a incerta noção de que fosse parenta deles. Ela não poderia mais ser comparada. (...) Guimarães Rosa. "Nenhum, nenhuma"
Uma "velhinha de história, de estória" e, com a criança, fecha o circulo do da vida! Lindo!
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