A cantora Xênia França, que lançou disco este ano com patrocínio da Natura Musical. TOMAS ARTHUZZNATURA MUSICAL |
Fui conhecer o som da Xênia por causa deste artigo do El Pais, que aponta sonoridades "novas" da música brasileira que eles dizem estarem "muito além do samba". Abram a reportagem de Talita Bedinelli, pois ela é muito interessante, me apresentou realmente músicas que eu não tinha escutado ainda, o que é excelente.
É sobre a primeira indicação da matéria que eu vou falar aqui, trata-se de Xênia França, uma cantora deveras intrigante, o que se percebe pela imagem impactante dessa negra.
Além da aparência, o som de Xenia me alegra demais ouvir e vale super a pena, é sem dúvida alguma música de preto, ou para ser mais exata, música de preta.
Ouvi apenas este single, achei muito chique: ela pergunta "por que tu me chamas se não me conhece?", numa voz deliciosa, de algodão, vai jogando docemente na nossa cara quanto desconhecimento se tem sobre essa rica herança negra que nutre a cultura do Brasil (sim, isso o cancioneiro de Benjor sempre fez). Mas que preta chique essa!
Voltando ao que diz o artigo sobre o som dela no El Pais, é mesmo verdade que o som de Xenia tem "muitos tambores, ambientações tribais flertando com o jazz", mas só para provocar um pouco, não posso deixar de lembrar que Ben Jor brincou assim no "Samba Esquema Novo", de 1963, que abre com aquela joia que é Mas que nada, que nada mais é que uma canção de terreiro, retrabalhada no jazz do beco das garrafas e na vivência das rodas de samba. Aquilo continua lindo, é, sempre foi, samba, mas nesse tal esquema novo. Eu adoro! ... De qualquer forma, obrigada Xenia, por continuar , de alguma forma, a bela e importante trajetória de Ben sobre as vivências culturais negras no Brasil.
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