sábado, 8 de setembro de 2018

Ora Ei Ei Ô Oxum


Sou Oxum. Transparecendo doçura venci todos os meus inimigos. Resisti com meu povo à escravidão, à fome, à humilhação. Minhas filhas, essas mulheres tão lindas, essas negras que exalam o doce perfume do macassá, sofreram as mais terríveis violências. Corpos expropriados, almas destruídas, ventres violados. Chorei ao parir esses filhos. Filhos da pior desgraça, filhos do medo, do abuso, da crueldade. Filhos que nem sempre pude amamentar, mas que amei como minhas mais belas joias, como minhas maiores riquezas.
Abençoei a luta dessas mulheres. Com mel e água curei suas chagas. Mesmo as dores mais profundas, abrandei. Nascer mulher é uma sina, um castigo? Que homem disse isso? Só quem desconhece a força da vida é capaz de negar o poder feminino. Sou Oxum, sou mulher. Sou a grande dama da sociedade, a Iyalodê! Sou rainha, sou mãe, sou feiticeira
Vim das terras de Ijexá e Oxobô, da Nigéria, da África. De lá transborda meu rio, o Rio Oxum, de águas douradas e calmas que se expandem e tomam muitas formas, que se transformam e se confundem, que se ampliam e desaguam. Águas sinuosas, um dia calmas, outro revoltas, mas nunca as mesmas.
Oxum é como as águas do rio que parecem límpidas e calmas, mas que sem o menor aviso se transformam em uma corredeira violenta que deságua em uma cachoeira de si.
Ser filha de Oxum é ser tudo isso e ter todo esse turbilhão de água ao seu redor e conseguir a calma necessária para superar todos os obstáculos
Gratidão ao universo por ser filha desta grande mãe
Ora ye ye ye ooooo Oxum

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