sábado, 29 de junho de 2019

Dor e Glória : O Outono alaranjado de Almodóvar

Um registro perdido no tempo

Nesta última semana assisti  mais um filme de Pedro Almodóvar, o  Dor e Glória, na companhia de uma grande amiga e, como sempre, foi uma baita experiência. Fazia tempo que não ia ao cinema  e sobretudo fazia tempo que não via um Almodóvar, por isso praticamente pedi a uma amiga, que tem o mais belo olhar sobre as coisas que eu conheço, para assistir comigo. Fomos no famoso cinema da Augusta, hoje Cine Itaú, o antigo Espaço Unibanco e regressar àquele lugar que foi tão meu, onde vivi tantas experiências cinematográficas, foi como voltar a uma vida que eu achei que não existisse mais, mas ela existe e eu posso participar dela, ainda.
 Sobre o filme, deixei passar alguns dias, para o impacto esfriar um pouco e ainda acho que poderia falar de alguns temas interessantes, como os atores, a questão do desejo, as lembranças da infância, mas sobre tudo isso tantos já falaram com mais propriedade que eu que eu quero apenas deixar um brevíssimo comentário sobre a mudança estética  que eu vi ocorrer  nesta obra .
Continuamos vendo um filme no qual as  famosas "cores de Almodóvar", por si só, já dizem muito e são, sem dúvidas, personagens da película. Mas estas estão diferentes. Os tons mais usados são os azuis  e os vermelhos, mas ambos se apresentam mais frequentemente em tons  menos quentes do que de costume. Seja na caverna onde o personagem principal morou quando menino, ou na casa mal iluminada que vive na maturidade para afastar as crises de enxaqueca, a luz, que destaca a cor, é economizada, como se estivéssemos mesmo num alaranjado pôr do sol.
Seria o outono da cinematografia de Almodóvar?Vejamos algumas imagens:




Cores se diluem no começo do filme.
A mãe: flores

O reencontro: tons mais claros
Paisagens oníricas: vermelho e Amarelo formando o alaranado pôr do sol



Muito azul e vermelho em todo o cenário


Azul e vermelho na casa



A infância: pontos vermelhos
Edoardo: O desejo é um espaço em branco



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