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Um registro perdido no tempo |
Nesta última semana assisti
mais um filme de Pedro Almodóvar, o Dor e
Glória, na companhia de uma grande amiga e, como sempre, foi uma baita
experiência. Fazia tempo que não ia ao cinema e sobretudo fazia tempo que
não via um Almodóvar, por isso praticamente pedi a uma amiga, que tem o mais
belo olhar sobre as coisas que eu conheço, para assistir comigo. Fomos no
famoso cinema da Augusta, hoje Cine Itaú, o antigo Espaço Unibanco e regressar
àquele lugar que foi tão meu, onde vivi tantas experiências cinematográficas,
foi como voltar a uma vida que eu achei que não existisse mais, mas ela existe
e eu posso participar dela, ainda.
Sobre o filme, deixei
passar alguns dias, para o impacto esfriar um pouco e ainda acho que poderia
falar de alguns temas interessantes, como os atores, a questão do desejo, as
lembranças da infância, mas sobre tudo isso tantos já falaram com mais
propriedade que eu que eu quero apenas deixar um brevíssimo comentário sobre a
mudança estética que eu vi ocorrer nesta obra .
Continuamos vendo um filme no qual as famosas "cores de Almodóvar", por
si só, já dizem muito e são, sem dúvidas, personagens da película. Mas estas
estão diferentes. Os tons mais usados são os azuis e os vermelhos, mas ambos se apresentam mais
frequentemente em tons menos quentes do
que de costume. Seja na caverna onde o personagem principal morou quando
menino, ou na casa mal iluminada que vive na maturidade para afastar as crises
de enxaqueca, a luz, que destaca a cor, é economizada, como se estivéssemos
mesmo num alaranjado pôr do sol.
Seria o outono da cinematografia de Almodóvar?Vejamos algumas imagens:
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Cores se diluem no começo do filme. |
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A mãe: flores |
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O reencontro: tons mais claros |
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Paisagens oníricas: vermelho e Amarelo formando o alaranado pôr do sol |
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Muito azul e vermelho em todo o cenário |
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Azul e vermelho na casa |
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A infância: pontos vermelhos |
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Edoardo: O desejo é um espaço em branco |
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