terça-feira, 3 de setembro de 2019

Sobre minha rejeição ao romance de Saramago

O Homem Duplicado

Se houver algum motivo concreto para essa rejeição, ela tem caráter circunstancial, mas não a encontrei , por isso não vai estar expressa didaticamente aqui. Posto isso, devo dizer que depois de muitos anos fui reler comecei a ler O Homem Duplicado, de José Saramago (minha primeira pesquisa com  História e Literatura), que eu tinha aqui faz tempo, mas nunca tinha lido.  Tenho que dizer que fui ler meio à contragosto, porque estava ainda tentando sair  da sinestésica de Dois irmãos, que tinha me arrebatado, ai tive que me jogar num texto mais real do que poético. 

Eis que eu estava vivendo novamente um dos maiores conflitos da minha vida intelectual, que atingiu seu auge quando me formei em 2003 e tinha acabado minha primeira pesquisa sobre literatura a partir da História, tendo como objeto a obra saramaguiana dos anos 80, e ao afinal  toda aquela relação de causa e efeito me irritou, eu queria outros fatores literários (jogos de linguagem, poesia, memória, o Brasil...),dai ter mergulhado fundo no Guimarães Rosa e não quis mais estudar Saramago. Isso permanece verdade.

Não que o livro de Saramago tenha tanta realidade que deixe ser literário, é literatura e das boas (imagine o duplo de professor de história chamado "Tertuliano Máximo Afonso" que, por sua vez, é ator e por isso seu normal é assumir diversas identidades), é uma baita construção ficional, mas para mim é muito racional  para eu suportar  nesses tempos difíceis, daí que meu eu profundo rejeitou  muito essa leitura agora, mesmo se tratando  de um professor de história, do que eu precisava era de mais prosa poética. 

Seria eu um duplo da leitora apaixonada que um dia já fui?



Não sei, só sei que  terminar a leitura foi um  alívio.  Mesmo que o final tenha agitado um pouco o enredo,até de forma surpreendente, a narrativa quase toda monótona ( como era Tertuliano Máximo Afonso e sua rotina ) ainda reverbera. Como romance, construção literária, tem seus pontos (muitos até) de brilho e o maior deles é mesmo o final, mas o fato é que não me agradou. 

Talvez minha identidade não esteja tão comprometida para me sensibilizar com as alegorias da obra, embora as tenha reconhecido todas, não as compreendi de verdade. Julguei sempre serem apoios narrativos ( tipo, jamais faria nada daquilo se encontrasse um duplo meu).

Resumido, não gostei do livro, mas já não sei se é por possíveis deficiências dele ou por deficiências da minha leitura. Alguém lei e quer me questionar? Estejam a vontade.
 Se não, sigamos com outro livro.

Um comentário:

Camila Rodrigues disse...

Não estava no momento de ler esse livro