Super atrasada, enfim
assisti Moonlight sob a luz do luar
(2016), de Barry Jenkins,
vencedor do Oscar de melhor filme em 2017 e, realmente, foda demais. O filme é
todo muito lindo, estilizado, um espetáculo de luzes e cores para contar a
trajetória de Chiron (Ashton Sanders; Ashton Sanders e Trevante Rhodes), um
jovem negro, gay e por isso sofre muito bullying, morador de
uma comunidade pobre de Miami, cuja mãe (Naomie Harris) é usuária de drogas e acaba sendo perfilhado pelo
casal de traficantes Juan (Mahershala Ali) e Tereza (Janelle Monáe ), que o ensinam que “Não tem lugar no mundo sem negros.”
Batismo |
Outra personagem
importante é Kevin (Jaden Piner Jharrel Jerome e André Holland, ), amigo de infância, desejo
proibido, que perpassa sua vida em vários momentos.
beijo proibido |
O filme, de elenco 100% negro, é dividido em três partes, cada uma referente a uma fase da vida do protagonista : Little (infância) Chiron (adolescência) e Black (adulto)
três luzes, três momentos |
Em todos os três momentos, nos deparamos com uma personagem que “não é de falar, mas é bom de garfo”, então não pode, não quer ou não consegue falar muita coisa, tornando o trabalho dos atores mais difícil, pois as informações aparecem em sutilizas, expressões, cores e jogos de luzes, o que transforma o filme numa pequena obra prima.
Logo na primeira
parte Juan conta ao garotinho sobre o que ouviu de uma senhora quando pequeno,
que “À luz do luar, negrinhos ficam azuis”,
que explica o título do filme e também o investimento intenso na iluminação
azul, para retratar a tristeza (em inglês blue, além de azul, também significa
tristeza) da vida negra em Miami e
alguém fala para Chiron “Corre por aí
refletindo toda a luz.” É o que ele tenta fazer.
Sua relação de amor com
Kevin é sensual, dolorida e linda, cheia de “quem nunca?, de agressões, abraços quentes e
memórias. Marcada por essa cenas maravilhosas, como a longa cena de quando Kevin cozinha para Chiron, ou esta aqui, marcada por uma canção (aliás, a trilha sonora desse filme, muito bem cuidada, vai de clássico até Caetano Veloso!) :
Dentre tantos temas interessantes, Moonlight, me ajudou a
repensar profundamente sobre um que é dos mais importantes para meu 2019: a
masculinidade negra. quantos negros como Kevin conheci ? Mesmo estando
envolvida, me orgulho em dizer que nunca os julguei, sempre poder ter oferecido
ao abraço que todos precisamos nesta vida.
carinho |
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