Capa na 2a, ed. brasileira, de 1981.
Vamos falar de um clássico: "História Social da Criança e da Família" de Philippe Ariès, que foi primeiro escrito em francês e publicado na França em 1960 (Ariès, Philippe. (1960) 'L'Enfant et la vie familiale sous l'Ancien Régime', com trad. inglesa: Centuries of Childhood. New York, 1965). No Brasil só foi traduzido a partir da terceira edição francesa e publicado em 1978. Ainda que aqui no Brasil o livro tivesse sido mais recente, e que não se pensa mais, de forma alguma, em fazer uma história da criança usando exclusivamente esse modelo, não podemos deixar de destacar seu pioneirismo, e uma coisa que importa muito ao meu trabalho: trata-se de um livro que expressa ideia não podemos deixar passar que ele é um material pioneiro e que expressa ideia, interesses e mentalidades da década de 1960. Sobre ele nos conta Peter Burke em seu livro sobre a "Nova História":
"'L'Enfant et la vie familiale sous l'Ancien Régime' é um livro polêmico e foi mesmo criticado por muitos historiadores, justa e injustamente. Especialmente na Idade Média econtraram evidências contra suas generalizações excessivas sobre o período. Outros historiadores criticaram Ariès por estudar a evolução européia, apoiando-se eclusivamente em evidências quase que exclusivamente limitadas à França, e por não distinguir com clareza entre as atitudes dos homens e das mulheres, das elites e do povo comum. Pelo sim, pelo não, foi uma contribuição de Ariès colocar a infância no mapa histórico, inspirar centenas de estudos sobre a história da criança em diferentes regiões e períodos, e chamar a atenção de psicólocos e pediatras para a nova história. (Neste e nos trabalhos posteriores de P.Ariès) se encontram a mesma audácia e a mesma originalidade, o mesmo uso de uma ampla variedade de evidências, que inclui literatura e arte, mas não as estatísticas, e a mesma vontade de não traçar categorias regionais ou sociaisde diferenças."
BURKE, Peter. "A Escola dos Annales 1929-1989 : a revolução francesa da historiografia". Trad. Nilo Odalia. São Paulo: Editora da UNESP, 1997, p. 82-3