quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Os oito odiáveis de Tarantino e a violência em close.


Saiu o mais novo filme de Tarantino, "Os oito odiados", e eu fui assistir.


Eu sempre achei o excesso de violência nos filmes tarantianos uma questão estética, afinal ele é um esteta e por isso foi fazer arte ( e isso ele faz bem) . A estética ali é no no sentido de atiçar certa percepção mesmo. Depois que eu passei a estudar o humor, vejo que muitas vezes nos filmes,  Tarantino costumava usar um 'truque' de percepção: mostra tanto a violência, por exemplo, e de formas tão inconcebíveis que você não a perceber como verdade possível e ai acaba achando graça. Naqueles filmes eu vejo acontecer claramente aquilo que é uma das hipóteses da minha pesquisa de pós doc que é observar como nas anedotas infantis do Pedro Bloch, os adultos acham graça nas vivências infantis porque elas lhes jogam na cara, tranquilamente, o absurdo que é a sua forma de viver, dai chegam ao  riso, mas é quase sempre amarelo, porque eles riem de si mesmo antes, não das crianças. Nos filmes de Tarantino, é preciso a super exploração mesmo para que a ficha do absurdo realmente caia.

Sobre este último filme, eu estive aqui pensando... o gosto amargo na boca depois de assistir ao filme do Tarantino deve deve-se muito à falta dos risos (amarelos ou não em meio a tanto exagero) e também a uma pergunta que me surgiu : que futuro violento nos espera, se dá tanto já era assim, continua sendo e enfim? Ai , no Facebook ,eu ainda vejo cenas reais de violência aqui em São Paulo, e não é estilizada, nem gravada de modo artesanal, é a realidade dura e sangrenta. E nem estamos nos EUA antigo ... nem é um filme, mas eu preferia que fosse.Sério, esses dias mesmo um sem noção me falou que a questão racial (abordada -mal ou bem- pelo Taratino em "Django livre" e também em "Os 8 odiados" ) não tem tanta importância ... só não me falou que é porque o racismo não existe porque eu cortei (definitivo)... que preguiça de estar viva me bateu!



Em "Os 8 odiados" (Título que deveria ter sido traduzido como  "Os oito odiáveis", ou então como está no original The Hateful Eight, "os oito odiosos),  porque não há trégua para nenhum deles...  mas acho que a personagem mais interessante do filme é mesmo a Dayse. Ela também é odiada por   odiosa todo o tempo (no cinema ouvi comentários ditos em voz alta apenas sobre ela: "racista dos infernos", "safada" e acredite "coitada" em uma das vezes que sagraram sua cara). E Tarantino não nos conta  quase nada de porque ela havia sido condenada, mas sua presença e atitudes nos fez odiá-la de antemão e para sempre e não apenas pelo que ela fez (ou deixou de fazer) durante o filme,mas também pelo que ela tinha sido condenada (que pensamos que deve ter sido justamente, afinal ela  não seria capaz de nenhuma atitude menos odiosa, né?).... fiquei intrigada pensando nisso. Muitas vezes, no filme, algum dos personagens salienta o fato dela ser uma mulher e estar naquela situação de estar sendo perseguida, mas nem por isso algum deles a trata com maior cuidado, o que também se reflete na reação do público.

Achei que o fato do filme ser muito centrado ali no bar da Minnie - já que o que tinha fora era a belíssima nevasca (se não por outra coisa, vale muito assistir o filme no cinema porcausa das imagens da neve, achei de tirar o fôlego) -, acabou aprofundando  a representação das personagens, parecia meio que um romance policial clássico, com algumas pitadas de violência a la Taratino, claro. Diziam que Tarantino apenas se repetia nesse novo filme, eu não achei,apesar do tema caçadores de recompensa e tal... mas pensando em como terminou "Django Livre" (a explosão da fazenda sulista passando claramente a mensagem de que era isso que deveria acontecer, não? Que os racistas se explodam!), quando o diretor retoma  o mesmo assunto mostra parece mostrar que, na verdade, "Django Livre" foi apenas um filme e que aquela explosão do racismo não aconteceu lá, nem em "Os 8 odiados", nem acontece agora na nossa vida real, por isso  tratar do assunto racismo ou ódio entre brancos e negros não é um assunto desgastado e não pertinente, nem há séculos, nem agora. Enfim, bom ou ruim, um filme de Tarantino chama a atenção e enquanto for preciso sublinhar questões raciais, que ele o faça. Me perdoe o textão, é que o assunto me intriga muito rsrssPode até ser que a própria personagem Dayse seja superficial - não sabemos mais dela do que sabemos das outras, mas não baber DELA me incomodou mais... não foi apenas uma ou duas vezes que algum personagem destacasse ela ser mulher e estar sendo levada à forca, não é?  

E ver um filme de diretor tem essa delícia: despertar conversas kkkkkk
E o mais "importante" foi que, como sempre nos Tarantinos,  sai louca para lavar as mãos que jurava estarem sujas de sangue! kkkkkkkkkkkkkkk

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