"Relembrando a sensação que teve ao ouvir pela primeira vez Mas que nada (1963), Tárik de Souza comentou:
'Ele é um enigma, porque ninguém sabe de onde vem essa música de Jorge Ben. Se você procurar, quase todos os artistas brasileiros tem atecessores, que você vê traços na obra. O Tom Jobim você vê Villa Lobos, você vê Stravinsky, você vê Debussy, vê também Ary Barroso etc. O Jorge é um caso raríssimo, porque não tem ninguém que você possa dizer: "Bom, o Jorge Ben vem daí"! Não é Jackson do Pandeiro, não é o pessoal do samba tradicional, também não é um cara que 'Ah, esse cara trouxe o rock pro Brasil', como Tim Maia trouxe o soul pro Brasil, não é verdade. Ele faz samba com algum tempero de música pop, rock, que depois ele foi ampliando, chegou até a juntar samba enredo com disco music, fez algumas fusões assim, mas ele realmente é um enigma, porque foi uma alquimia mental dele que transformou o samba no que ele fez. Ele criou um samba dentro do samba, que não é nada, nenhuma escola que existia, é uma coisa totalmente original dele. Aliás, o primeiro samba dele ele já se apresenta: no Mas que nada, ele fala : "esse samba que é misto de maracatu" - maracatu naquela época ninguém ligava, maracatu era coisa regional, só se falava em Pernamuco e tal...e ele já traz o Maracatu pra cá..."é samba de preto tu, que são os pretos bantos, que são realmente a origem da música afro-brasileira. Como é que ele tirou isso? Como é que ele descobriu tudo isso? Como é que ele chegou nessa fusão? É dificílimo saber Eu acredito que ele mesmo não tenha explicação disso. É uma coisa natural nele. O Jorge Ben é uma força da natureza'"
(Tárik de Souza Apud SILVA, Paulo da Costa e. A tábua de esmeralda, p. 89-90).
Neste link sobre algumas palavras de origem africana no vocabulário brasileiro eu descobri:
TU – Diz-se do negro tido como sendo bruto. Boçal. Grosseiro. Oposto ao negro bom e passivo; “…Este samba/que é misto de maracatú/é samba de preto velho/ samba de preto TÚ…”; Pode ser também uma redução de Bantú.
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