sábado, 16 de janeiro de 2010

CONTATOS E PROJETOS

Vivemos na "sociedade dos contatos", ou como se diz, mundo do
"Netmeeting"...então eu tentei manter meus contatos, reiniando o diálogo com pesquisadores de Rosa com os pesquisadores de Rosa que respeito ou me identifico...colo aqui um e-mail que mandei para um dos melhores, na minha opinião, afinal é um retrato de como está minha cabeça de pesquisadora nesse momento, mas vai mudar, você sabem:
SOBRE MEU PROJETO, MAIS UMA VEZ
Caro professor,
Escrevo para lhe informar que acabo de enviar-lhe meu projeto de doutorado impresso pelo correio, até o fim desta semana você o receberá.Agradeço imensamente a sua disposição em continuar o contato comigo.
Fiz questão de lhe enviar por dois motivos principais : Um é receber a sua opinião sobre o grau de legitimidade da pesquisa que estou começando agora, pois acho que os pesquisadores não devem fazer seus trabalhos sozinhos e, como devo ter lhe dito algumas vezes, a sua posição a respeito das relações entre Literatura e História (que é de meu total interesse), como um caminho onde o papel da ficção mediadora deve ser valorizado, é a mais interessante com a qual tomei contato nos últimos tempos. Você perceberá que uso suas idéias como base de pensamento (espero estar usando-as bem, mas isso você me irá confirmar ou não, mas interessa-me muito o diálogo...)
O outro motivo é que, como meu trabalho está inserido na área de Teoria da História, interessam-me os questionamentos epistemológicos que a linguagem de Guimarães Rosa coloca claramente ( de forma repleta de lirismo e genialidade literária, mas com crescente grau de hermetismo que, em última análise, me levou a considerar a crise das possibilidades de narração da História, pensada historiograficamente por Walter Benjamin, mas de forma geral por toda a filosofia da linguagem do século XX ).Então, trata-se de uma pesquisa que não considera a história de forma "documentalista", já que não vai pelos caminhos usuais - que se debruçariam sobre perspectivas como a "História das crianças no tempo de Rosa", mas sim sobre as possibilidades e impossibilidades de representação da linguagem infantil que este autor apresentou em seus textos -, o que está ligado ao contexto da crise epistemológica que levou ao questionamento da legitimidade da História no século XX, e isso sentido aqui no Brasil.
Como vê, meu trabalho parece ser algo original e sei que ele sempre será posto em cheque - tanto por historiadores mais tradicionalistas, quanto por pensadores da literatura menos interessados em tensões epistemológicas -, então um interlocutor como você - que assumiu claramente em seu livro, ser alguém que observa a questão como um "outro" (ou usando suas palavras, assumiu seu olhar de "marciano"), é um tesouro.
É com pessoas como você, como meu orientador Elias Thomé Saliba- que possuem visões mais abertas a outros questionamentos- que é bom estabelecer diálgos.
Uma coisa importante, não tenho muita pressa em receber seu comentário, como disse, eu acabei de escrever o projeto agora, ele ainda está se desenvolvendo, então espero sua resposta quando você puder me enviar, pois não quero atrapalhar muito.
Muito obrigada,
Camila

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