Sim, sim, sim, sei que essa relação pode parecer inaceitável a qualquer concepção conteudística de literatura (eca)...isso porque Guimarães Rosa, se for imprencidível enquadrá-lo em alguma escola literária, foi um modernista muito crítico, mas um modernista: É inegável que respirou o mesmo "oxigênio mental" de um James Joyce -o que para mim é claro, especialmente quando considero a relação com o universo infantil...
Mas se os modernistas da primeira geração- precisando destruir as escolas anteriores, sobre as quais queriam vigorar, supervalorizaram aspectos formais e ridicularizaram os simbolistas pelo seu afã de valorizar aspectos supra-racionais do Homem através da busca pela subjetividade ou a imaginação que revelariam aspectos inconscientes - na segunda geração modernista, o caráter iconoclasta cedeu lugar a perspectiva de observação da realidade social e política, para que na terceira geração modernista pudessem surgir pensamentos que resgataram e recompuseram as idéias como as dos simbolistas:Falo de Clarice Lispector e também de Guimarães Rosa.
Mas por quê?
O Movimento literário conhecido como Simbolismo trazia para a literatura os questionamentos epistemológicos de sua época - fins do século XIX e começo do XX até a Primeira Guerra, quando se começava a duvidar dos benefícios da racionalidade.
Para Clarice Lispector, por exemplo, o reaproveitamento de técnicas simbolistas pode ser observado no constante questionamento do subjetivo e muitas outras coisas sobre as quais não tenho condições de comentar muito bem.
E para Guimarães Rosa?
Como sempre, em se tratando de Rosa, as coisas não são nada simples, isso porque em sua escrita, sempre, vigora o paradoxo!Por que isso?
Sabemos que a escrita de Rosa foi sempre preocupada com a oralidade do sertanejo - são famosas as cadernetas de viagem pelo sertão, onde ele teria anotado as composições lingüísticas que ouviu- e daí resulta em uma performance escrita muito diferenciada,que se permitia adotar a imprecisão de certas palavras, valorizando seu aspecto sonoro, para nos reportar ao indizível, em outras palavras, a performance escrita era bastante MUSICAL, em uma nova espécie de nefelibatismo (que para os simbolistas era "andar com toda a cabeça nas nuvens"). A diferença estava no fato de que os modernos da terceira geração já não queriam mais somente observar a realidade não somente a partir da destruição formal (como na 1a. geração) ou somente da reconstituição crítica direta ( como na 2a.geração), mas era preciso escolher uma perspectiva de observação onde fosse possível integrar ambas as técnicas em uma imensa consciência estética expressa pelas palavras, onde o universo lingüístico ultrapassou as informações dos dicionários, pois usou a construção de um grupo semântico que contruiu seus próprios referentes, subjetivando a escrita literária. Assim que Guimarães Rosa instalou-se sobre o sertão, mas criou personagens sertanejas que ultrapassavam a terra do sertão : iam ao seu EU profundo, ao sonho, ao simbólico, como Alfredo Bosi lembrou em seu texto referencial:partiam "do inferno para o céu".
Olha, não sei mesmo se alguma dessas coisas que eu escrevi aqui fazem algum sentido -só sei que eu não consegui pregar o olho até agora pensando nelas-o tempo dirá se desse a mato sai algum coelho...
Mas se os modernistas da primeira geração- precisando destruir as escolas anteriores, sobre as quais queriam vigorar, supervalorizaram aspectos formais e ridicularizaram os simbolistas pelo seu afã de valorizar aspectos supra-racionais do Homem através da busca pela subjetividade ou a imaginação que revelariam aspectos inconscientes - na segunda geração modernista, o caráter iconoclasta cedeu lugar a perspectiva de observação da realidade social e política, para que na terceira geração modernista pudessem surgir pensamentos que resgataram e recompuseram as idéias como as dos simbolistas:Falo de Clarice Lispector e também de Guimarães Rosa.
Mas por quê?
O Movimento literário conhecido como Simbolismo trazia para a literatura os questionamentos epistemológicos de sua época - fins do século XIX e começo do XX até a Primeira Guerra, quando se começava a duvidar dos benefícios da racionalidade.
Para Clarice Lispector, por exemplo, o reaproveitamento de técnicas simbolistas pode ser observado no constante questionamento do subjetivo e muitas outras coisas sobre as quais não tenho condições de comentar muito bem.
E para Guimarães Rosa?
Como sempre, em se tratando de Rosa, as coisas não são nada simples, isso porque em sua escrita, sempre, vigora o paradoxo!Por que isso?
Sabemos que a escrita de Rosa foi sempre preocupada com a oralidade do sertanejo - são famosas as cadernetas de viagem pelo sertão, onde ele teria anotado as composições lingüísticas que ouviu- e daí resulta em uma performance escrita muito diferenciada,que se permitia adotar a imprecisão de certas palavras, valorizando seu aspecto sonoro, para nos reportar ao indizível, em outras palavras, a performance escrita era bastante MUSICAL, em uma nova espécie de nefelibatismo (que para os simbolistas era "andar com toda a cabeça nas nuvens"). A diferença estava no fato de que os modernos da terceira geração já não queriam mais somente observar a realidade não somente a partir da destruição formal (como na 1a. geração) ou somente da reconstituição crítica direta ( como na 2a.geração), mas era preciso escolher uma perspectiva de observação onde fosse possível integrar ambas as técnicas em uma imensa consciência estética expressa pelas palavras, onde o universo lingüístico ultrapassou as informações dos dicionários, pois usou a construção de um grupo semântico que contruiu seus próprios referentes, subjetivando a escrita literária. Assim que Guimarães Rosa instalou-se sobre o sertão, mas criou personagens sertanejas que ultrapassavam a terra do sertão : iam ao seu EU profundo, ao sonho, ao simbólico, como Alfredo Bosi lembrou em seu texto referencial:partiam "do inferno para o céu".
Olha, não sei mesmo se alguma dessas coisas que eu escrevi aqui fazem algum sentido -só sei que eu não consegui pregar o olho até agora pensando nelas-o tempo dirá se desse a mato sai algum coelho...
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