quarta-feira, 3 de março de 2010

A Coruja tailandesa e Guimarães Rosa

Nas imagens do dia do portal UOL vemos a fotografia de uma coruja tailandesa piscando em Bancoc. Vejamos:

Vocês podem me perguntar: E daí?
Eu respondo: Daí que me lembrei da minha dissertação, pois em Tutaméia, Guimarães Rosa colocava ao fim de cada conto ou o desenho de um caranguejo ou o de uma coruja...
Sobre a coruja eu escrevi o seguinte nas páginas 37-8:

"Esta é uma ave que assumiu a simbologia da inteligência, do ser ensimesmado, dotado de um olhar sábio, pois possui a capacidade de ver no escuro, daí que este animal também é associado à transformação dos processos, algumas vezes trazida pela idéia de morte de uma ordem anterior, uma tradição.
Segundo uma conhecida afirmação de Hegel sobre o papel da filosofia em sua época, esta assemelha-se à coruja de Minerva, que é uma ave que só levanta vôo ao entardecer e, nesse aspecto, aponta para o que só pode ser compreendido quando começa a deixar de acontecer.
Esta referência já havia sido indicada por Guimarães Rosa em seu texto A estória de Lélio e Lina, quando Lina – a velhinha – apresenta-se assim a Lélio – o seu mocinho:
'Rosalina. Você acha bonito o nome? Já fui mesmo rosa. Não pude ser mais tempo. Ninguém pode... Estou na desflôr. Mas estas mãos já foram muito beijadas. De seda... Depois, fui vendo que o tempo mudava, não estive querendo ser como a coruja – de tardinha, não se voa...'
Pensando neste texto de Guimarães Rosa, a imagem da coruja como representação de mudanças rápidas no cotidiano, trazidas por progressos ou modernidades - quando Rosalina foi vendo 'que o tempo mudava'- era preocupação comum nas representações literárias executadas pelas obras rosianas. " RODRIGUES, Camila. Mãos vazias e pássaros voando: Memória, invenção e História em Tutaméia de Guimarães Rosa. Pp. 37-8

O que acham dessas simbologias?

Eu acho muito interessante!


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