Assisti um vídeo produzido pelo Coletivo Educação,cultura e Comunicação do MST.Ali soubemos da situação das crianças envolvidas no Movimento Sem Terra.Começamos com uma animação que reproduzida uma conversa entre duas alunas de uma escola, uma delas morava num assentamento, e a outra lhe perguntou se lá onde ela morava tinha muita violência e gente amarmada, e ao saber qua agora não, só quando trabalhavam para o fazendeiro, então a menina que não era sem terra diz que não era isso que passava na televisão. Mas falou-se, também, da educação que eles recebiam. Naquilo que eles chamam de "Ciranda infantil", a educação é produzida em uma "pedagogia baseada na cultura popular, nas brincadeiras, na cooperação, na coletividade e no direito de ser criança". Isso é lindo, não? Um objetivo final desta educação é a crença na idéia de que a melhor forma de educar de forma libertária é a ensinar política. Eu acredito que isso é importante, claro, mas talvez a idéia de política da escola do MST talvez seja um pouco afastada da de ser libertária. É claro que , ao potencializar a coletividade e a cooperação, está-se investindo na idéia de política pois pensa-se na idéia das formas de governar os povos... para pensar em política de forma libertária é preciso investir na discussão de idéias - o que deveia ser uma das bases de toda organização política - eles parecem fazer isso, claro, mas o discurso das crianças passam a impressão de que elas passaram, também, por uma doutrinação , a forma de expressá-lo, as palavras usadas, etc. A musiquinha que elas cantam não nos levam a pensar em outra coisa: "Nós somos sem terrinha do MST, brilha ano céu a estrela do Chê" (?!?!) Mas em um país como Brasil onde, em 2009, mais de 860 viviam em condições prejudiciais de existência, um país onde a terra não é nada bem dividida e as pessoas, até hoje, precisam se locomover para sobreviver, a idéia da "Escola itinerante", que é a que vai junto com o acampamento e vai com ele para onde ele for, permitindo que a educação persista em cada ocupação e, em sete estados do país, hoje já são reconhecidas pelos conselhos de educação como escolas estaduais, quando eles cantam "Escola itinerante, um marco na história, poder estudar nela para nós é uma vitória", eu acho lindo e verdadeiro!
Lembrei da fala do Mauricio de Sousa no encontro de literatura infanfil na USP em agosto, sobre a "Turma da Mônica Jovem", na qual o Chico Bento não sai da roça para estudar, pode fazer muitas coisas lá mesmo, com a ajuda da internet. Os adolescentes sem terra são categóricos: Não quero sair da nossa terra, queremos estudar, sim, mas sem sairmos de lá! Isso é mesmo um marco na história!
Coisa linda demais tudo isso, só não gosto da marca doutrinária tão forte... mas ainda assim fico feliz em entrar em contato com essas coisas belas demais.
Sobre o Guimarães Rosa - que é obviamente meu maior interesse nesse tema- com a fala de um menino sem terrinha no começo do vídeo "sonho muita coisa boa, mas que acontece é o contrário do que eu sonho", me lembrei do texto do Alfredo Bosi, claro... Céu/inferno, onde ele defente que em Guimarães Rosa é possível transcender a miserabilidade do real, mas em Graciliano Ramos os sonhos são sempre sonhos e a realidade é sempre pior... são momentos do sertão, são momentos...
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