"...Estagiar na disciplina Teoria da História II foi uma oportunidade fundamental para mim, como aluna de doutorado, cuja pesquisa questiona exatamente as ligações entre epistemologia e produção de narrativas no Brasil do século XX.
Serei docente de História, em nível superior, e sinto que este estágio me forneceu bastante base para tanto. Isto porque , ao discutir com o professor ministrante da disciplina o que estávamos considerando como “Teoria da História” e observar as experiências propostas por ele em aula, maravilhei-me com a ideia de que esta disciplina deve funcionar como um exercício constante que busque tornar possível o despertar para a historicidade do conhecimento. Isso acontecia quando o professor conseguia diminuir ao máximo a diferenciação entre ensino e pesquisa na aula, pois ele refletia constantemente sobre esse assunto e me fazia refletir também e, claro, estas reflexões acabava sendo expostas aos alunos.
Para mim, foi importante pensar como a proposta de reflexão constante sobre o tempo exercitada nesta disciplina colocou aos alunos a importância dos questionamento dos benefícios ou malefícios da sobrecarga de informações rápidas com as quais estamos crescentemente submetidos, graças ao advento de novas mídias como a internet - que foi muito bem utilizada na aula, não deixando que nenhum aluno ficasse alheio à construção e atualização da disciplina. Entretanto, normalmente estas novas mídias funcionam em um ritmo desenfreado de aquisição de informações aos quais os alunos de nível superior também estão submetidos constantemente, o que acaba produzindo uma espécie de anulação da “duração” no processo educacional - já que só é possível educar quando se respeita o ritmo e o tempo dos educandos, pois a própria idéia de conhecimento não tem relação com a percepção imediata, mas sim com a reflexão e discussão do mundo, a cada novo instante. Isso leva tempo, e tempo já não temos mais. Mas, ao menos nas aulas de “Teoria da História”, essa reflexão foi proposta e executada.
Se pensar é selecionar o que pode ser esquecido, o educador deve executar este exercício e treinar os alunos para que este processo se efetue bem. Ensinar História, como disciplina, é despertar a curiosidade e propor que se descubra, usando uma expressão de Italo Calvino, “que história aguarda, lá embaixo, seu fim?”[1], pois a História não é uma linha do tempo retilínea, mas sim assemelha-se mais a uma grande construção narrativa, moldada de outras tantas outras narrativas, que apresentam vários sentidos a serem procurados na reflexão sobre verdades e possibilidades, ou como dizia o primeiro texto “Pequena Antologia” disponibilizada pelo ministrante da disciplina, que foi tema da primeira questão da prova da disciplina : "Não vejo saída fácil para escapar do duplo risco do passadismo e do presentismo, exceto viajar para a frente e para trás através dos séculos, em busca de novas perspectivas. Mas esse, tal como o entendo, é o valor da história: não ensinar lições, mas fornecer perspectiva."[2] Isso vale tanto para a atividade de pesquisa, como também para a atividade docente.
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