terça-feira, 21 de dezembro de 2010

AMOR PELA TEORIA DA HISTÓRIA

Estagiei em Teoria da História este semestre, então escrevi um relatório que me fez descobrir que eu adoraria ser professora desta disciplina. Concursos de universidades pelo Brasil afora: aguradem-me! Vejamos momentos do meu relatório:

"...Estagiar na disciplina Teoria da História II foi uma oportunidade fundamental para mim, como aluna de doutorado, cuja pesquisa questiona exatamente as ligações entre epistemologia e produção de narrativas no Brasil do século XX.
Serei docente de História, em nível superior, e sinto que este estágio me forneceu bastante base para tanto. Isto porque , ao discutir com o professor ministrante da disciplina o que estávamos considerando como “Teoria da História” e observar as experiências propostas por ele em aula, maravilhei-me com a ideia de que esta disciplina deve funcionar como um exercício constante que busque tornar possível o despertar para a historicidade do conhecimento. Isso acontecia quando o professor conseguia diminuir ao máximo a diferenciação entre ensino e pesquisa na aula, pois ele refletia constantemente sobre esse assunto e me fazia refletir também e, claro, estas reflexões acabava sendo expostas aos alunos.
Para mim, foi importante pensar como a proposta de reflexão constante sobre o tempo exercitada nesta disciplina colocou aos alunos a importância dos questionamento dos benefícios ou malefícios da sobrecarga de informações rápidas com as quais estamos crescentemente submetidos, graças ao advento de novas mídias como a internet - que foi muito bem utilizada na aula, não deixando que nenhum aluno ficasse alheio à construção e atualização da disciplina. Entretanto, normalmente estas novas mídias funcionam em um ritmo desenfreado de aquisição de informações aos quais os alunos de nível superior também estão submetidos constantemente, o que acaba produzindo uma espécie de anulação da “duração” no processo educacional - já que só é possível educar quando se respeita o ritmo e o tempo dos educandos, pois a própria idéia de conhecimento não tem relação com a percepção imediata, mas sim com a reflexão e discussão do mundo, a cada novo instante. Isso leva tempo, e tempo já não temos mais. Mas, ao menos nas aulas de “Teoria da História”, essa reflexão foi proposta e executada.
Se pensar é selecionar o que pode ser esquecido, o educador deve executar este exercício e treinar os alunos para que este processo se efetue bem. Ensinar História, como disciplina, é despertar a curiosidade e propor que se descubra, usando uma expressão de Italo Calvino, “que história aguarda, lá embaixo, seu fim?”[1], pois a História não é uma linha do tempo retilínea, mas sim assemelha-se mais a uma grande construção narrativa, moldada de outras tantas outras narrativas, que apresentam vários sentidos a serem procurados na reflexão sobre verdades e possibilidades, ou como dizia o primeiro texto “Pequena Antologia” disponibilizada pelo ministrante da disciplina, que foi tema da primeira questão da prova da disciplina : "Não vejo saída fácil para escapar do duplo risco do passadismo e do presentismo, exceto viajar para a frente e para trás através dos séculos, em busca de novas perspectivas. Mas esse, tal como o entendo, é o valor da história: não ensinar lições, mas fornecer perspectiva."[2] Isso vale tanto para a atividade de pesquisa, como também para a atividade docente.


[1] Italo CALVINO. Se um viajante numa noite de inverno. São Paulo: Cia das Letras. 1999.P. 248
[2] Robert Darnton, Os dentes falsos de George Washington; um guia não convencional para o século XVIII. São Paulo: Cia. das Letras. 2005. Pp. 11-12

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