terça-feira, 15 de março de 2011

PARTIMPIM DOIS é show. Será?

Assisti ao DVD do show Partimpim 2 e não gostei tanto. Tenho aqui o do Partimpim 1 e gosto muito mais, porque as crianças menores são muito mais "lembradas" e referidas.
Novamente trata-se de um belissimo trabalho, mas nesse aqui as puras referências aos primeiros tempos da infância ficam mais leves e acaba virando um misto de peça teatral infantil com show adulto da Adriana Calcanhotto...faltou "Na Massa", que é a minha música favorita do CD e uma tentativa frustrada de repetir as músicas mais queridas do Partimpim 1 (só que com arranjos diverentes, meio que tranformando tudo em um carnaval de rua...)não sei ainda porque me incomodou, mas não gostei muito. A própria Partimpim me dá uma resposta quando pergunta várias vezes "se tem crianças, bichos E ADULTOS" na platéia, quando no primeiro show ela perguntava só das crianças (que deliravam na platéia! Até bebês de colo!) Não sei se é a edição do DVD que quis passar ao show um ar de maior seriedade ou se era mesmo mais sério.Claro que é tudo muito sofisticado (como tudo com a Adriana Calcanhotto), mas talvez a idéia (bem intecionada, eu sei) de incluir mais adultos e privilegiar crianças bem maiores no Partimpim 2 tenha apagadado um pouco da graça do primeiro...
De qualquer forma recomedo, e Augusto de Campos também o faz:

PARTIMPIM DOIS é show

Augusto de Campos

Com a sua voz clara, afinada e refinada, a sua graça natural e a sua versatilidade, Adriana Calcanhotto, de novo Partimpim — em “persona” infantil —, canta e encanta crianças e não-crianças.
O que sobressai nas duas faces do seu trabalho é a inquietação artística com que consegue mostrar-se ao mesmo tempo comunicativa e sofisticada. Pois Partimpim não hesita em trazer para o convívio das crianças produções ligadas à alta cultura, rubricadas com os nomes de Lewis Carroll ou Edward Lear, Villa-Lobos ou Vinicius de Moraes, ao lado de outras, de autores menos ou mais conhecidos, poetas e compositores do melhor repertório da música popular, que ela recria ou revela, sempre sob o signo da renovação.
Não abdica da qualidade – exigência das duas Adrianas — quer na escolha do repertório, quer na dos excelentes músicos que formam a sua banda. Com estes a cantora ousa mesmo recriar músicas — diriamos — intocáveis ou irretocáveis, como a bossanovíssima e pioneira "Bim Bom", de João Gilberto, que ressurge, lúdico-lúcida, com o seu mantra cristalino e monossilábico invocado sob o afrossom primal do Olodum baiano. Ou religando o clássico quebra-línguas “Lig-lig-lig-lig-lé” para ouvidos velhos e novos.
O DVD do seu show é duplamente comunicativo, porque Adriana é uma “performer” completa, que se reinventa a cada música, metamorfoseando-se borbo-e-letricamente, como que sem esforço — sempre com a maior naturalidade. Ora particundum, um pé no chão, um pé no ar, ora dança-esvoaçante, chapéu beijaflorido de borboletas. Ora mandarínica e carnavalizante china-na-ponta-do-pé, ora alçada em trapezista, “nuvoletta” a subir ou a descer pelos “baluastros”. Eletrizante cantatriz de paisagens imaginárias. Partimpim participante.
Jovial e plural, a cantora-compositora-instrumentista se multiplica em novas personagens. Surpresas e presentes capazes tanto de empolgar as crianças como de envolver a todos nós, fãs de fábulas e sons.

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