Essa semana o Nico Araújo me disse que meu texto
“O
simbolismo afro-brasileiro no cancioneiro de Jorge Ben” é extremamente
político. Embora esse não seja nunca o
meu primeiro objetivo, confesso que adorei! Na verdade foi um grande presente,
porque me lembrou a importância da individualidade do leitor, ou em outras palavras, mostrou que Nico sabe que política não é só uma questão partidária, mas
é a forma de organizar o estar no mundo. Mostrar esse conhecimento, neste
contexto texto das eleições mais tensas dos últimos tempos (ocorre em meio ao
golpe) tem todo o significado.
Nesse sentido, a existência
da minha coluna “História Cultural” no Blog
da Loja Axé, e também todo o meu trabalho como pesquisadora em História (especialmente o pós-doutorado
sobre Pedro Bloch e o poder do diálogo com as crianças), em maior ou menor intensidade, é e
sempre foi político. Sobretudo a extensa pesquisa sobre a obra de Guimarães Rosa, que negava o discurso “anti-humano”
da política, mas se orgulhava se ser
diplomata, profissional da harmonização. E esse tipo de posicionamento,
expresso na década de 1960, não é extremamente histórico e por consequência,
muito político? Eu acho que é sim.
Nessa semana, em virtude da
urgência do tema, eu também, escrevi um texto contra Jair Bolsonaro que não assinei, mas que foi publicado como um
posicionamento institucional, e do qual muita gente gostou muito. Eu gostei
menos. Embora ali esteja o meu posicionamento legítimo, não me reconheço
naquela forma de expressar tão direta. Não sou da “palavra de ordem”. Mas claro
que isso não quer dizer que não tenho posicionamento político, como comecei
alertando.
Termino setembro com esse ato político, até
para muito além do #EleNão, mas que é fundamental que ele não, isso é!
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