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Eu gosto do Nanni Moretti, seja como ator ou diretor de cinema, posso dizer que seus filmes pontuam momentos fortes da minha vida, a ele associo narrativas leves.
Apenas inspirada nesse histórico, fui assistir ao seu novo filme como uma naufraga que precisa sobreviver. Eu queria uma uma narrativa ficcional para não morrer de excesso de realidade, como a personagem Cecilia de A Rosa Púrpura do Cairo , de Woody Allen. A esse encontro, Moretti não veio, mas a História compareceu.
Logo no início do filme, percebi que se tratava de um documentário. E era um tradicional, composto quase que exclusivamente por depoimentos de ex presos políticos na ditadura chilena na década de 1974, sem muitos diálogos com o diretor, como tão bem fazia Eduardo Coutinho, ao qual mal comparo com seu Edifico Master, cujo tema e cenário era um prédio e o conteúdo centrava-se nos depoimentos de deus habitantes.
No caso do filme de Moretti, o tema e também personagem principal da película, é a embaixada italiana durante a ditadura chilena. Moretti parece querer extrair dos seus depoentes falas sobre como aquela instituição foi importante para que conseguissem passar por aquela realidade autoritária extrema, porque, ao contrário do que nos contam os noticiários atuais, nem sempre a Itália foi hostil aos refugiados.
Pensando na História do mundo, esse filme é muito importante, pois discute um tema atualíssimo. Analisando como brasileira, ele também tocou fundo, não tanto pela dureza de seu conteúdo, pois, como historiadora, conheço muitos depoimentos de antigos presos políticos que foram torturados na ditadura civil militar brasileira muito mais duros e intragáveis, inclusive colhidos pela Comissão Nacional da Verdade, mas no filme italiano, a História do golpe de Estado no Chile, os primeiros momentos, as dinâmicas da população e reações relembradas se parecem tanto com algumas coisas que vimos acontecer aqui no Brasil, não mais na ditadura, mas agora, desde 2016. Lamentável e preocupante.
Enfim, recomendo que assistam a esse filme. e assistam agora, porque é do momento atual que ele está tratando.
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