sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Breve comentário sobre a nova fábula de Tarantino

CARTAZ DO FILME NO CINEMA


Assumindo o ritual cinematográfico da minha geração, assisti  ao lançamento de Quentin Tarantino, Era Uma Vez Em... Hollywood .
O filme retrata o cenário de Hollywood no final da década de 1960, quando algumas mudanças estavam acontecendo na cultura áudio visual e o astro de TV Rick Dalton (Leonardo DiCaprio), famoso por interpretar  caubóis, e seu dublê Cliff Booth (Brad Pitt), tentam acompanhar as mudanças. 
Mas como Tarantino gosta de apresentar uma versão alterativa dos acontecimentos em seus filmes, fazendo algumas "correções" justas a seu modo, nesse filme não poderia ser diferente: o longa  aborda  um dos dramas mais assustadores da história do cinema norteamericano, quando Charles Manson, líder de uma seita hippie de cunho racista, que acreditavam na supremacia branca e estavam dispostos a matar todos que, segundo eles, permitiriam a ascensão do negro. Com essa ideia, acabaram assassinado vários famosos do cinema, dentre eles a atriz Sharon Tate (?!), a bela esposa do diretor Roman Polanski , que então estava no oitavo mês de gravidez! 
Integrante da familia Manson real e no filme:
caras brancas
No entanto, o que Tarantino  produz aqui é uma outra versão mais madura em relação a seus filmes anteriores, com menos carnificina , mais melancolia e reflexão, superando desta forma as interpretações meio adolescentes da realidade apresentadas em filmes como  Bastardos inglórios, ou  Django Livre. 
Além das auto referências à sua cinematografia, que até eu que não sou propriamente uma especialista em Tarantino reparei, existem outras evidentes referências ao universo do cinema como a participação de Al Pacino e a polêmica porém excelente representação de Bruce Lee como um sujeito muito arrogante, não posso comentar as incontáveis referências cinematográficas com as quais ele trabalha, mas sei que, esteticamente, o filme é  lindo: final dos anos 60 e suas cores e frescor! 
Figurino alegre, em tons de amarelo

Muita gente já falou e falará sobre esse filme, eu não me sinto muito à vontade, mas gostaria de comentar rapidamente 3 tópicos dele que me chamaram a atenção:


Amigos, na estrada

KEEP MOVING - Até pelo roteiro, percebemos que as figuras centrais do filme, as que sustentam a "fábula" sobre Hollywood no final da década de 1960,  são   as personagens ficcionais inseridas no contexto quase real de 1969, como o ator em decadência Rick Dalton (Di Caprio) e  seu dublê e faz tudo Cliff Booth (Brad Pitt)  , através deles Taratino consegue montar sua interpretação própria daquela época. No filme muitos personagens dirigem e caminham por Hollywood, fugindo da derrocada, tentando se adaptar à nova ralidade: keep moving, keep walking!  


pés sujos da hippie

Brad Pitt sem camisa aos 55 anos



PÉS SUJOS E PEITO NU - Fãs de Tarantino observam seu verdadeiro fetiche ao dar zoom em  pés femininos em seus filmes. Neste não é diferente, porém os pés focados têm uma peculiaridade. São pés sujos. Sejam os hippie sedutora pertencente à família Manson, sejam os da Sharon Tate, na bela cena  em homenagem à sua memória,quando relaxa no cinema ao assistir seus filmes de começo de carreira. Neste vídeo a crítica diz não gostar desta peculiaridade em Tarantino, pois isso sexualiza muito o corpo da mulher. Minutos depois, entretanto, ela comenta sobre  personagem de Brad Pitt, que gostaria de tê-lo visto um pouco mais, "quem sabe um filme só dele! Mentira". Não é para menos tanto alvoroço, ele  sem camisa, aos 55 anos, arranca suspiros de mulheres de qualquer idade (até eu,  que nunca gostei da sua  eterna cara de cínico) ...


A menina "actor", por Julia Butters


A MENINA E A CACHORRA - Destaco duas "personagens secundárias", pois  cada uma serviu de apoio a cada um dos personagens principais.

Para Cliff Booth, a  pit bull Sayuri (interpretada pelo cão fêmea  Brandy), para a qual Tarantino inventou uma ração própria, a "Wolf’s Tooth" (“Comida Boa para Cachorros Malvados”) e que lhe deu energia para que ela encenasse  o filme todo, quase "falou"  e até "decidiu" algumas cenas.
Para Rick Dalton, o apoio veio de uma menina sensacional, que estava atuando numa série de TV com a personagem de Pit, e não queria ser chamada de "atriz", pois era "actor" e estava sendo criada para ser estrela de Hollywwod, mas que ainda tinha empatia, levantou a moral do ator em decadência algumas vezes: belíssimo.


Um novo filme de Tarantino é isso: oportunidade de novos compartilhamentos vários. Desse eu realmente gostei muito.

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