sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

PAZER DO TEXTO, ESCRITURAS, HISTÓRIA COM ROLAND BARTHES E GUIMARÃES ROSA


BARTHES, Roland. O prazer do texto. Trad. J. Guinsburg.
5a. ed. São Paulo: Perspectiva, 2010.

Na faculdade falavam (em tom de chacota) em "masturbação com o texto". Mas eu acho que é isso aí. Meu prazer é COM O TEXTO. Por isso o filme nunca é melhor que o livro, etc... Se o texto não for GOSTOSO, pra que deflorá-lo?

O prazer vem da ESCRITURA

Não foi ocasional eu ter falado da ESCRITURA de Guimarães Rosa no subtítulo do meu livro sobre Guimarães Rosa, eu já tinha lido Barthes.

livrinho delicioso 

Em "O grau zero da escritura"[escrito em 1953], Barthes defende :

"Não é dado ao escritor escolher sua escritura numa espécie de arsenal intemporal das formas literárias . É sob a pressão da História e da Tradição que se estabelecem as escrituras possíveis de um determinado escritor : Existe uma História da Escritura; mas essa História é dupla: no exato momento em que a História geral propõe - ou se impõe - uma nova problemática da linguagem literária , a escritura continua ainda cheia da lembrança de seus usos anteriores, porque linguagem nunca é inocente: as palavras têm uma memória segunda que se prolonga misteriosamente em meio às significações novas. A escritura é precisamente esse compromisso entre uma liberdade e uma lembrança; é essa LIBERDADE LEMBRANTE que só é liberdade no gesto da escolha, mas já não é mais na sua duração. " (BARTHES, Roland. O grau zero da escritura. Trad. Anne Arnichand e Álvaro Lorencini. 3a. ed. São Paulo: Cultrix, 1972. p.125)

Lembrando que Guimarães Rosa publicou seus mais afamados volumes na década de 1950.faz todo o sentido que ele estivesse respirando desse oxigênio mental. Não seria a sua escritura (escorada no método de fazer a palavra voltar a significar como era quando nasceu) fruto desse contexto PROFUDAMENTE HISTÓRICO?
É sobre isso que eu pesquisei mais de uma década, é sobre isso que trato no meu livro sobre Guimarães Rosa. 

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