sexta-feira, 19 de junho de 2009

Naná Vascocelos e Virgína Rodrigues MÚSICA AFRO BRASILEIRA


Eu tenho assistindo muitos shows na rede SESC, muitos mesmo, de Tom Zé a Uakti, passando por Paulo Belinati e Paulo Martelli,João Bosco e Elba Ramalho, adorei todos, mas domingo passado eu vi o melhor deles: Naná Vasconcelos e Virgínia Rodrigues...
Eis a nova versão definitiva dos Afro Sambas de Vinicius e Baden, muito verdadeira, na percussão criativa de Naná e no vocal africano de Virgínia, como eu chorei!
Foi uma bênção, a seiva de alfazema que Virgínia jogou no microfone também caiu em mim, eu estava no centro, na fila do gargarejo! Eu e todos os orixás!



quarta-feira, 10 de junho de 2009

COMUNICADO OFICIAL DA DIRETORA DA FFLCH SOBRE OS TRISTES E PREOCUPANTES ACONTECIMENTOS DESTA SEMANA

Ainda não consegui ainda escrever muitas impressões pessoais sobre as cenas que eu vi na TV a respeito do coflitos entre membros da comunidade USP e a Polícia Militar ontem, dia 09de junho... o máximo foi um rápido depimento que deixei na comunidade História USP, no tópico "A USP ACABOU?", Orkut:
"Não podemos deixar que a USP acabe! Vamos explicar, quantas vezes for necessário, a importância da autonomia universitária! Estou na USP desde 1999 e nunca vi nada parecido com o que aconteceu hoje. Estamos tristes, mas não devemos abaixar a cabeça, a oportunidade está em nossas mãos: não vamos virar órfãos da USP assim tão facilmente, em honra a todos os que lá estiveram e para que a gente continue tendo orgulho de dizer que estudamos na USP, uma grande universidade! " Por enquanto só consigo ler sobre, ficar mortalmente triste e preocupada, mas por questões pessoais sérias, já não acho as palavras, muito menos tenho ânimo para voltar ao Campus para participar das reuniões, apesar de saber (como poucos)quão fundamental seria estar por lá (como sempre estive), afinal estamos falando do questionamento institucional da Universidade de São Paulo, que é a Univesidade de tantas mentes brilhantes, mas que também é a minha Univesidade! Ao começar a pensar nisso, no máximo eu acho lágrimas quentes...
O sonho de uma Universidade como esfera legítima de discussão autônoma acabou? Seria essa minha geração a última? Tomara que não, não pode ser!
Vamos aguardar as próximas cenas, todos sabemos que tudo o que aconteceu - não é pouca coisa terem permitido a invasão do campus, como se ali estivessem assassinos da maisor periculosidade! - leva a assinatura da primeira reitorA da USP, Suely Vilela, mas não podemos deixar de lembrar que uma ação como essa não ocorre sem ordem do Secretário de Segurança Pública e o aval do governador José Serra... sempre mais do mesmo, não é? Concordo com o que afirma o site do SINTUSP (Sindicato doa trabalahadores da USP): Esta senhora já não apresenta a menor condições morais de permanecer no cargo que ocupa: NÃO VAMOS FICAR ÓRFÃOS DA USP, NÃO MESMO!
Para maiores esclarecimentos burocráticos, colo aqui o comunicado divulgado aos alunos e professores pela Diretora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Sandra Nitrini:

COMUNICADO



Diante da gravidade dos acontecimentos ocorridos no campus da USP, na tarde de 09/06/2009, a Direção da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, as chefias de Departamentos e as Presidências das Comissões Estatutárias, reunidas em 10/06, vêm a público para manifestar o seguinte:

1. Por volta das 17hs, mesmo com a tentativa de mediação da direção da FFLCH junto ao comandante do efetivo da PM, bombas de efeito moral foram atiradas sobre o estacionamento do prédio de Geografia e História, tendo seus gases invadido o edifício, onde se encontravam muitos professores, alunos e funcionários de nossa unidade.
2. Independente das causas que tenham originado tal atitude, esta se constituiu numa agressão física e moral à Faculdade. Não podemos aceitar passivamente um ato violento que agrida um espaço que foi constituído para o pensamento e reflexão.
3. Inquieta-nos o fato de ser a primeira agressão direta sofrida pela faculdade desde 1968. Acreditamos ser urgente encontrar formas de reabrir o diálogo de modo a permitir que os meios tradicionais e próprios da comunidade universitária de resolver conflitos se imponham sobre a força.
4. A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas em seus 75 anos de história conseguiu se transformar num patrimônio cultural do Brasil. É responsabilidade de todos nós, professores, alunos e funcionários da USP, encontrarmos meios de afastar todas as formas de violências do campus para preservar a Universidade como um espaço plural e democrático de geração e transmissão do saber.

Profa. Dra. Sandra Margarida Nitrini
Diretora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

terça-feira, 9 de junho de 2009

PELA AUTONOMIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO: FORA POLÍCIA MILITAR DO CAMPUS DA USP

Um belo e tocante texto da minha super amiga Lidiane, que conheci no primeiro ano da faculdade!

O pé na lua e o fim da Faculdade.
Postado por Lidiane Soares Rodrigues
Lembro-me com algum gosto da aula inaugural do meu curso. Como é típico dos discentes devo ter guardado o acessório e não o essencial, pois não me recordo do problema que movia a exposição do professor. E no entanto, guardo alguns comentários em parênteses, que fechados na hora, abrem-se continuamente em minhas reflexões. Contava o professor: “Eu estava nesta biblioteca aqui ao lado quando o homem chegou à Lua, lendo a bibliografia do meu doutorado, sobre a revolução industrial inglesa. Foi impactante”. Não pude compreender àquela altura que a chegada à Lua tocasse o coração do historiador da revolução inglesa, embora a relação mais óbvia se estabelecesse como evidente. Hoje, um pequeno passo na Universidade e um grande passo em direção à plena barbárie fizeram-me compreender que em certas circunstâncias há algo de ridículo e grandioso na dedicação que devotamos a nossos trabalhos acadêmicos. É evidente que me refiro à Polícia Militar na USP.
Sou roubada abruptamente do silêncio dessa sala de trabalho, em que numa monástica disciplina, entrego os melhores anos dessa sôfrega juventude que já se esvai à compreensão de nossa vida intelectual. Uma mensagem de telefone celular - afinal todos sabem que não atendo nada dentro desse convento ou bunker, como preferir - “ligue a TV, e prepare-se”. Meu amigo sabia perfeitamente que não poderia continuar o trabalho sobre “concepções divergentes do ofício de sociólogo nos anos cinqüenta e sessenta” sabendo, vendo, sentindo, o que ocorria nas ruas da Universidade de São Paulo.
Há cerca de sete anos, por volta desses dias de junho, muitos estudantes pensavam salvar a Faculdade de Filosofia da USP, empenhados numa greve, cuja reivindicação era simplesmente que a Faculdade continuasse a existir - o que, naquele momento significava: contratação de professores, em caso contrário, cursos seriam fechados. Para essa nobre missão, convidaram os nobres professores - os notáveis, as pratas da casa, para discursarem em apoio à causa. Eles foram. Quem podia ser contra estudantes que queriam... Estudar? Impossível não lembrar com saudade daqueles dias. Impossível não viver com pesar, estes.
Ontem, pela noite, soube que uma aluna do Departamento de História chamou a polícia e que a chefia do mesmo departamento foi responsável pela solução de um conflito que não existiu. Soube e acompanhei a tropa de choque agredindo os funcionários. Hoje, mais polícia. Polícia de lá, polícia de cá - expediente rotineiro, e não excepcional, na Universidade? Ela sempre foi o lugar do dissenso construtivo, do diálogo, do embate, do confronto de idéias. Ela deve ser isso. A polícia, a omissão a deslegitimarão dos espaços de dissenso - eis o cotidiano dela? Foi o que não quis notar quando, diante de minha indignação, um jovem, do alto da sabedoria de que eles se arvoram, disse: “não me espanta”.
Quando eu e alguns historiadores esperançosos e apaixonados por História manifestávamos nosso desejo de estudar a história da Universidade de São Paulo, ouvimos a resposta de algumas inteligências que vivem em eterno descanso: mas isso não é história. “Depois do século XVIII, só jornalismo” - nunca se deram ao trabalho de pensar a história pois deitam lânguidas nos divãs da tradição. Poderei agora responder, sem mais: “sim isso é história, afinal o objeto se tornou um cadáver”? Tristes tardes.