"... ter convivido com meus pais, que foram as duas pessoas mais admiráveis que eu já tive a chance de conhecer, significou a a possibilidade de pensar a ideia de ancestralidade não como é comum a boa parte dos negros no Brasil - pensar em uma África mítica - a minha África é a minha casa. E pensar, também, a partir do momento em que foram nascendo os filhos ... foi o momento em que eu comecei a pensar na ancestralidade não como aquilo que está dado, mas a partir da poética da cosmogonia africana : ancestre é também aquele que ainda não veio e isso é o que determina a circularidade e a sobreposição dos tempos ..." (27' e 29')
Depois tem o poema:
ANCESTRAL
é quem
vive no meio
vive no meio
do tempo
sem tempo:
sem tempo:
é quem veio
e já foi
e já foi
e é também
quem
quem
ainda não
veio
veio
Ricardo Aleixo, poeta das minhas performances!