Augusto de Campos, em 1959, já apontou uma verdade com a qual eu concordo plenamente: Guimarães Rosa deu prosseguimento a uma escola de escritores que se debruçaram sobre experimentações lingüíticas na Literatura Brasileira e que se iniciou com Mario de Andrade e seu Macunaíma, seguiu-se com Oswald de Andrade e seus Serafim Ponte Grande e Memórias sentimentais de João Miramar, até chegarmos no Grande Sertão: Veredas, que se colocou como um marco, já que:
"Ninguém poderá construir qualquer coisa em prosa brasileira, pretetendendo
ignorar Grande Sertão: Veredas. E quando se considera a situação geral
da ficção nacional, onde de um lado pontificam os romances ingenuamente
realistas e carticato-regionais, de outro lado o grupo pretensioso dos
intimistas alienados, a figura de Guimarães Rosa avulta com desmesura grandeza,
isolando-se, muito acima dos demais.
Ao invés do realismo simplista e
simplório, ao invés do subjetivismo delirante e falsamente revolucionário,
dá-nos Guimarães Rosa algo positivo e palp[avel. 'Che si può mangiare', como
diria Ezra Pound. Uma experiência de convívio com as palavras, as coisas e os
seres que reduz a maior parte da prosa de ficção ao estado de subliteratura." (Augusto de Campos.Um lance de dês do Grande Sertão)
Qual é a do Guimarães Rosa ? (ótima pergunta)....
Sempre achei que A "escola de Guimarães Rosa" era a mesma de Rabelais- essa coisa de colher na liguagem popular oral aspectos que nos levaiam ao nascimento das palavras, em um procedimento arqueológico ...
Continuo achando isso, claro, mas outras influências somaram-se a essa...
Como todo mundo já deve ter ouvido falar, Rosa também tem muito de James Joyce (algo que eu, como historiadora, sempre repito), e devo lembrar que Joyce também deve ter bebido na fonte de Rabelais... mas, Guimarães Rosa parece ligado a outras fontes também!
As técnicas rosianas de recriação e utilização do léxico me parecem muito próximas às apresentadas pela personagem Humpty Dumpty, de Lewis Carroll, que explica sua idéia assim:
"Quando eu utilizo uma palavra, ela significa exatamente o que
quero que signifique, nem mais, nem menos"...
Essas palavras de Carroll me lembram demais o que Wittgeinstein que teorizou :
"o significado das palavras são explicados por seus usos"
Eis uma atitude cara linguagem rosiana e também a contrução e compreensão da linguagem infantil. Faz sentido?
Preciso pensar e organizar tudo isso, mas como vêem, minha cabeça está funcionando à mil por hora! UAU!