A Senhorita
El sghayra (Miss). Argélia, França | 2020 | 12 min | Ficção
Direção: Amira Géhanne Khalfallah
Sinopse: Com sua diversão e imaginação, uma garota alegre, filha única da comunidade, preserva uma sensação de vitalidade no oásis que se desvanece.
Sobre Separação
About Separation. Egito | 2020 | 10 min | Documentário
Direção: Kawthar Younis
Sinopse: Yasmina é chamada às pressas para ajudar sua amiga Yoko em sua partida repentina.
Mordi Minha Língua
Je me suis morde la langue. Egito,Tunísia, França | 2020 | 25 min | Documentário
Direção: Nina Khada
Sinopse: Com o objetivo de encontrar sua língua materna perdida, uma jovem argelina criada na França vagueia pelas ruas de Túnis entrevistando estranhos.
Sem Tempo pras Mulheres
Y’a pas d’heure pour les femmes. Marrocos, Canadá | 2020 | 19 min | Documentário
Direção: Sarra El Abed
Sinopse: Nos dias que antecedem uma eleição presidencial, um grupo de mulheres se reúne em um salão de cabeleireiro para discutir a situação política do país.
Gosto de cinema africano, mas os curtas em especial porque , com eles, o bicho pega, os primeiros africanos que assisti, em 2019, foram curtas-metragem. Eles costumam falar mais em imagens, enfim. Sobre eles, para valer à pena, como Cortázar falou sobre os contos, costumam ganhar por nocaute. No caso destes, eles são especiais, pois não simplesmente africanos, são também árabes, é outra estética em discussão, não são cinema negro, podem decepcionar quem procura ver só gente e problemas de pretos nos cinemas africanos (África tem 54 países, gente). Vou comentar os quatro, rapidamente.
A Senhorita - É o meu favorito, gostei muito da menina, tão sozinha com o seu deserto do Saara, como que presa nele, mas lutando bravamente para sobreviver. Alguém lhe diz que Deus pune as crianças que mentem, elas são queimar no mármore do inferno, ao que ela responde que o inferno nem seria tão ruim, pelo menos teria outras crianças para brincar. Sua TV está quebrada, mesmo assim ela assiste a filmes de Charlie Chaplin, mas gostaria de ouvir o que ele fala, ao que seu amigo cego responde que ele não precisou falar falou uma única palavra para produzir seus filmes. ALERTA DE SPOILER
Esse amigo cego a leva para passear, para ver as palmeiras que produzem sombra, no meio do Saara, que é o que ele gostaria de ver naquela paisagem de areia. E pergunta qual foi último programa que ela assistiu antes da TV quebrar, ela conta sobre uma animação e devolve a pergunta: Qual foi a última coisa que ele viu antes de ficar cego? A resposta é o nocaute: A LUZ DO GERBOISE BLUE (coisa de franceses!). Sim, estamos em território contaminado, e vimos a encantadora menina brincar e caminhar em locais perigosos, sem a menor noção que lhe pode acontecer. Cinemas africanos e sua relação de amor e ódio com a França, para mim que não sou francófila, me faz ser menos ainda. Algumas imagens
Esse amigo cego a leva para passear, para ver as palmeiras que produzem sombra, no meio do Saara, que é o que ele gostaria de ver naquela paisagem de areia. E pergunta qual foi último programa que ela assistiu antes da TV quebrar, ela conta sobre uma animação e devolve a pergunta: Qual foi a última coisa que ele viu antes de ficar cego? A resposta é o nocaute: A LUZ DO GERBOISE BLUE (coisa de franceses!). Sim, estamos em território contaminado, e vimos a encantadora menina brincar e caminhar em locais perigosos, sem a menor noção que lhe pode acontecer. Cinemas africanos e sua relação de amor e ódio com a França, para mim que não sou francófila, me faz ser menos ainda. Algumas imagens
Início: Deserto |
Uma menina brinca! |
Lugares do Saara |
Como 1 ponto a garota aparece no meio das dunas:incível |
Nocaute |
Imagine a paisagem que quiser! |
Som das panelas |
Brincando em zona de perigo |
A TV |
Sobre Separação - O filme é o mais curto, como um raio, rápido e sucinto: Duas amigas se despedem. Não sabemos muito sobre elas, além de que uma vai viajar, não sabe para onde e nem se vai voltar, mas deixa dois filhotes de gatinhos para a amiga cuidar. Nesta despedida, que pode ser para toda a vida, elas conversam, discutem, choram, riem, se abraçam: humanas, amigas. Muito bonito.
Mordi minha língua - Do pouco que conheço sobre cinema africano, o tema da perda da língua natal e consequentemente o da crise de identidade, é comum nas narrativas africanas em todos os tempos. Não importa de qual região sejam, o mais comum é que e algo - colonização, migração, guerras, tragédias ou catástrofes - as façam ter que reconstruir toda sua vida em outro lugar. Nesse filme uma mulher sai buscando pela língua materna que perdeu, perguntando o que as pessoas sugerem para que ela reencontre esse laço linguístico. É bonito ouvir as sugestões de pessoas de todos os tipos e, sobretudo, o depoimento, em francês, da narradora ao contar que não conhece o seu país (Argélia), não pode visitá-lo, é longe demais, não consegue falar sua língua natal, então sonha que ia visitar o avô, no caminho consegue ler todas as placas, mas quando o encontra, ele fala tão rápido, que ela não o entende, e nem consegue falar nada, apenas morder sua própria língua. Ao fim, uma lista de palavras, expressões, canções (até um RAP), depoimentos, compõem o seu mundo linguístico antes devastado. Filme muito delicado e bonito
Uma senhora: retorne ao seu país, a língua vai voltar |
Um rapper: exílio e crianças: palavras inesquecíveis |
Que imagem! |
Canto |
Mordi minha língua - Um filme bem divertido, sobre mulher se expressando sobre política e a relação entre o Estado e as mulheres na Tunísia em pleno contexto de campanha eleitoral. O mais interessante é que essa conversa ocorre num lugar extremadamente feminino, um salão de cabelereiro, onde elas se arrumam e discutem sobre qual pensam que será o futuro das mulheres dali em diante.