Capa de Igbo |
Pois bem, como pesquisadora de História da Infância e juventude minhas pesquisas sempre se voltaram para as meninas, seu universo e representações. Para falar de meninas africanas, não pude deixar de pensar que elas, no imaginário de grande parte da cultura tribal africana, eram primeiro elementos da natureza, depois nobres rainhas e princesas! Se a história de reinados é atraente para as crianças, lembrar que além dos “contos de fadas”, a África também tem muitas histórias de princesas. Conhecer essas peculiaridades é fundamental até para a História do Brasil, pois se agora sabemos, graças à pesquisas recentes, que quando africanos vieram para serem escravizados aqui, também vieram nobres. Está na canção de Zumbi de Jorge Ben:
Aqui onde estão os
homens
O destaque para as princesas negras é, penso eu, muito importante para as crianças afro-brasileiras, reforçando sua identidade e abrindo o leque de percepções para a diversidade.
Por isso eu comprei o lindo livro infantil “Omo-oba história de princesas”, escrita pela educadora paulista e afrodescendente Kiussam Regina de Oliveira. Depois vou escrever um post só para ele, mas por hora devo explicar que comprei pela Estante Virtual e, quando chegou, fui abrir e não era o livro que comprei! Era essa belezinha aqui. O vendedor se confundiu com o lance das princesas e acabou me enviando o livro errado, depois trocou, mas me deu a oportunidade de ler essa bela historinha.
Marcos Cajé segurando seu lindo livro |
Falando a partir de tradições da etnia Igbo da Nigéria, o livro conta a história de um rei que queria muito ter filhos mas sua rainha não conseguia engravidar. Embora em seu reinado ele mantivesse um “ministro místico”, o rei não era uma pessoa de fé, mas sua rainha o aconselha a consultar o IFÁ (oráculo africano) para saber o que poderiam fazer e, com a ajuda dele acaba tendo duas lindas filhas, princesas africanas que ele protege muito. O nome delas ninguém sabe, pois o “ministro mítico” já tinha avisado que as palavras pronunciadas eram poderosas e esse poder poderia se voltar contra as princesas.
Na medida em que elas vão crescendo, o rei começa a pensar em quem vai confiar para permitir que se case com suas princesas, chegando a formular um desafio: só se casa com uma das princesas aquele que tiver sabedoria o suficiente para descobrir o nome delas.
Não vou explicar como (deixo para sua leitura futura uma das partes mais legais da história), mas o jovem Adjo consegue resolver esse mistério, se casa com uma delas e aceita a outra como irmã.