Toda narrativa é capaz de criar seu próprio tempo e sua própria vida a partir de documentos achados em arquivos. O historiador Robert Darton nos fala sobre a narrativa da morte de de uma personagem do século XVIII que pesquisou no arquivo:
"Posso repetir a morte de Bertrand de muitas maneiras, interrompê-la em qualquer ponto, retrocedê-la ou avançá-la em direção a ligações com outros dossiês que se relacionam com o dele em combinações infinitas.
O que eu estou fazendo com isso? O que todo historiador faz: brincando de ser Deus.
Como explicou Santo Agostinho, Deus existe fora do tempo. Ele pode reecenar a história como Lhe aprover, para trás, para a frente ou as duas coisas ao mesmo tempo.
O historiador certamente cria vida. Ele insufla vida no barro que escava nos arquivos..."
Muito interessante, especialmente para quem lida com arquivos...Darton é historiador que deve ser mais do que considerado!