terça-feira, 19 de outubro de 2010

ATO SUPRAPARTIDÁRIO Dilma Presidente (25/10-18hHrs FFLCH/USP)

NO DIA 25 DE OUTUBRO - MEU ANIVERSÁRIO - VAI HAVER O ATO SUPRAPARTIDÁRIO
Dilma Presidente

Dia 25 de outubro (meu aniversário), às 18h, no Prédio de História e Geografia, vamos todos no ato em favor de Dilma Roussef.

"Porque eles apoiaram o extermínio indígena, a escravidão, o desmatamento, a submissão à Inglaterra, aos EUA, o Estado Novo, a ditadura militar, reprimiram os malês, a cabanagem, a balaiada, a revolta da chibata, o levante de 35, a coluna Prestes, chamaram as diretas de festa de 1 de maio, o golpe de 1 de abril de revolução,
crimializaram os ...trabalhadores que lutaram contra o trabalho infantil, pela redução da jornada (para 44 horas!), o salário mínimo, a concentração fundiária. Eles são o Partido Conservador, o Integralismo,a UDN, a ARENA, os capitães do mato, feitores, a mando dos senhores de engenho perpetuando a exploração, a desigualdade, a barbárie. Nós somos contra eles. Votar Dilma 13 é um momento na luta contra eles. Um detalhe. Mas nós continuamos contra eles. Esse o sentido em votar na social democracia, contra a barbárie que une o arcaico ao neoliberal."
(texto de Ricardo Buzzo)

DILMA PRESIDENTE, CONTRA O SEXISMO

Nestas eleições dos panfletos (nem sempre muito sérios), recebi este lá da FFLCH, cujos autores acharam melhor não assinar, pois bem sabem como ainda funciona na prática a tal da 'liberdade de expressão'. De qualquer forma, mesmo sem autoria, o texto é muito interessante:

DILMA PRESIDENTE, CONTRA O SEXISMO



Lugar de mulher é na cozinha, seja em casa, seja na política. Como já era de se esperar o cenário que deu condições para que tivéssemos uma candidata mulher ao cargo mais alto da República é o mesmo que empurra as mulheres para suas “devidas” posições – e de modo nada explícito, os papéis assumidos pelas mulheres na divisão social-sexual do trabalho da campanha de José Serra é um ataque dos mais eficazes porque não reconhecido como tal, contra a emancipação da mulher e contra a possibilidade de participarem da esfera pública em pé de igualdade com os homens.

O trabalho da boataria difamatória, realizado por duas mulheres de sua campanha, é indicador forte disso: assumem posições simétricas com relação a figura do candidato, Soninha e Mônica Serra. A primeira, na qualidade de coordenadora da campanha na internet, conhecida pela experiência profissional no manejo do imaginário juvenil, jogou papel decisivo na alavanca que empurrou o candidato para o segundo turno, incendiando listas de emails com a bombástica do aborto. Está de parabéns por saber seu papel de mulher: a fofoca. O mesmo vale para a segunda, que assume o papel sorrateiro que cabe à mulher que sabe seu lugar, acusando sua adversária de querer “morte de criancinhas”. O papel “feminino” assumido pelas mulheres nessa campanha também se man ifesta entre militantes. Há um telemarketing pró-Serra, que consiste em ligar para residências, procurando reverter os votos de eleitores que no primeiro turno votaram em Marina, com o argumento de Dilma ser a favor do aborto. A maioria das pessoas envolvidas no procedimento são mulheres. (Correio Braziliense, 16 de outubro de 2010, Ulisses Campbell). No final de junho deste ano, foi por meio do twitter que a vereadora Mara Gabrilli fez a seguinte pergunta: “Você confiaria seus filhos para Dilma de babá?”. Eis os pontos mais básicos: deslocamento da esfera pública para a privada, lembrando o lugar social da mulher, apelo à imagem da maternidade, o ataque de “mulher a mulher”, que salvaguarda a iniciativa do epíteto “machista” que receberia imedi atamente caso partisse de um homem. Elas estão de parabéns. E Dilma?

As escolhas de Dilma foram passo a passo um enfrentamento do lugar naturalmente reservado a ela. Ela é economista, portanto mais razão que emoção; ela é ex-guerrilheira, portanto mais guerra que paz, ela é candidata ao poder executivo e não fofoqueira ou algo que o valha. Sua biografia desafia o curativo falso nessa ferida aberta que são as relações entre os sexos e põe em xeque a possibilidade de realização dos valores modernos da secularização, da liberdade, da igualdade. Seus adversários – e quiçá, alguns aliados – desnorteiam-se. Chegou-se mesmo a dizer que uma feminista não votaria em Dilma por ser prod uto de Lula. A falácia do argumento é gritante, porém nada evidente, pois põe de cabeça para baixo as relações sociais. Ora, essa crítica, além de pressupor o ridículo de um partido exclusivamente de mulheres, não atina para óbvio: a acusação de má filha (de Lula) vai de par com a de má mãe (a favor do aborto), casando ambas com o “ela não vai dar conta”, pois, sendo má administradora do lar (esfera privada), também não pode administrar bem o país (esfera pública). Patrimonialismo e patriarcalismo, nada há de novo nesse front, a não ser para quem não sabe atirar e se contenta com fofocas, a não ser o fato de que se escancaram os limites de nossa edificante “modernidade”. Eis o motivo pelo qual voto de mulher não tem que ser feminino, pode ser anti-sexista e chamar a todos (e todas) à famigerada razão.


Os autores não vão assinar o panfleto. Temem ser demitidos por delito de opinião. Preferem a reprodução do texto sem atribuição de autoria-propriedade. Uma análise sociológica das relações de gênero na campanha será publicada em revista acadêmica posteriormente, caso José Serra não seja eleito.