sábado, 9 de novembro de 2019

Moonlight, Sob a Luz do Luar : cores e luzes na descoberta de uma masculinidade negra



Super atrasada, enfim assisti Moonlight sob a luz do luar (2016), de Barry Jenkins, vencedor do Oscar de melhor filme em 2017 e, realmente, foda demais. O filme é todo muito lindo, estilizado, um espetáculo de luzes e cores para contar a trajetória de Chiron (Ashton Sanders; Ashton Sanders e Trevante Rhodes), um jovem negro, gay e por isso sofre muito bullying, morador de uma comunidade pobre de Miami, cuja mãe (Naomie Harris) é usuária de drogas e acaba sendo perfilhado pelo casal de traficantes Juan (Mahershala Ali) e Tereza (Janelle Monáe ), que o ensinam que “Não tem lugar no mundo sem negros.”
Batismo
Outra personagem importante é Kevin (Jaden Piner Jharrel Jerome e André Holland, ), amigo de infância, desejo proibido, que perpassa sua vida em vários momentos. 
beijo proibido

O filme, de elenco 100% negro, é dividido em três partes, cada uma referente a uma fase da vida do protagonista : Little  (infância) Chiron  (adolescência) e Black (adulto)

três luzes, três momentos

 
Em todos os três momentos, nos deparamos com uma personagem que “não é de falar, mas é bom de garfo”, então  não pode, não quer ou não consegue falar muita coisa, tornando o trabalho dos atores mais difícil, pois as informações aparecem em sutilizas, expressões, cores e jogos de luzes, o que transforma o filme numa pequena obra prima.
Logo na primeira parte Juan conta ao garotinho sobre o que ouviu de uma senhora quando pequeno, que “À luz do luar, negrinhos ficam azuis”, que explica o título do filme e também o investimento intenso na iluminação azul, para retratar a tristeza (em inglês blue, além de azul, também significa tristeza)  da vida negra em Miami e alguém fala para Chiron “Corre por aí refletindo toda a luz.” É o que ele tenta fazer.
Sua relação de amor com Kevin é sensual, dolorida e  linda, cheia de quem nunca?, de agressões, abraços quentes e memórias. Marcada por essa cenas maravilhosas, como a longa cena de quando Kevin cozinha para Chiron, ou esta aqui, marcada por uma canção (aliás, a trilha sonora desse filme, muito bem cuidada, vai de clássico até Caetano Veloso!) : 




 Dentre tantos temas interessantes, Moonlight, me ajudou a repensar profundamente sobre um que é dos mais importantes para meu 2019: a masculinidade negra. quantos negros como Kevin conheci ? Mesmo estando envolvida, me orgulho em dizer que nunca os julguei, sempre poder ter oferecido ao abraço que todos precisamos nesta vida.
carinho 

Quem sabe um dia alguém não ofereça o meu ?

SOBRE A ESTÉTICA BLUE DE MOONLIGHT



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