"Na porta de seu Chaves, o farmaceutico, tinha uma lâmpada na varanda e eu e minha mãe descemos e a esposa dele - ó me esqueço o nome dela - falou "Helena..." e minha mãe "Mas que iluminação linda, que lâmpada linda", "Helena venha ver", ai eu entre com minha mãe e ... criança não fala, né, ai minha mãe e ela começaram a falar e eu olhando aquela luz faiscante, porque uma lâmpada, naquele tempo não tinha nenhum abajour , era simplesmente a lâmpada nua, ninguém tinha ainda pensado em abajour, então eu fiquei olhando aquela coisa faiscante, aquela luz absolutamente irrepreensível na varanda toda, que ia pro quintal, ia pra rua ai eu tive uma intuição, da metafísica, do folclore, sei lá e disse assim "nossa, morreu a mula sem cabeça, morreu o lobisomen, acabaram as histórias de medo, porque o medo precisa do escuro."
sábado, 3 de março de 2012
Tom Zé e a música de protesto...
"Eu trabalho com música como uma coisa que as pessoas às vezes confundem e chamam música engajada e música de protesto e nestas palavras engajamento e protesto tem várias nuances. A canção de protesto como é registrada em dicionário é o método jesuítico com a novidade da palavra de ordem e eu não pratico isso. Eu pratico observar a sociedade quando ela baixa a guarda por descuido, fotografar rapidamente e depois tentar descrever rapidamente aquilo que ficou desnudado, aquilo que ela não pode confessar, e isso não pode ser chamado de música de protesto, isso é música que pode aumentar a capacidade de discernimento da platéia, mas música de protesto não!"
Tom Zé no DVD Pirulito da ciência, 2010
Pois é isso meus senhores, arte criativa exige a participação direta dos receptores para constituirem seu sentido. Não são fáceis, exigem atividade mental para discernir as coisas e executar filtragem nos discursos. Essa é uma prática que dá certo, mesmo que às vezes a gente se deixe levar por discursos já prontos, que parecem ser mais apaziguadores, mas não podemos perder de vista que a vida está ai para ser refletida sempre, não podemos ter preguiça!
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