quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

"Supa Modo”, Quênia/Alemanha, 2018, dir. Likarion Wainaina

 

cartaz


Depois de perder na Mostra de Cinemas Africanos de 2019,  quando ele foi um dos filmes mais aclamados,de perder quando foi exibido no curso sobre cinemas africanos porque  não tive tempo de assistir naquela semana, enfim vi Supa Modo, o filme que fechou a segunda temporada oficial da mostra 2020
Supa Modo na Mostra de Cinemas africanos 2019

Sobre ele todos alertam: FAZ TODO MUNDO CHORAR. Eu sabia disso, talvez por por isso, até inconscientemente,  adiei tanto assistir.
E quando assisti chorei e bastante mesmo, mas não pelos motivos que eu imaginei que choraria. Me lembrei tanto das crianças personagens
Jo e seus super poderes
O desejo de Jo modifica a realidade

do Guimarães Rosa (minha especialidade), o poder da  Menina de Lá ou da inventividade da turma de Pirlimpsiquice;   me lembrei de O Menino e o mundo, que é um filme desenhado e animado, que convida às crianças a fazerem o mesmo e produzirem um filme de sonho, como é o filme de Jo e por fim  me lembrei das crianças do Bloch, que o tempo todo mostravam verdades  que os adultos desconhecem. No filme a inventiva  menina Jo (Stycie Waweru), fã de filmes de heróis e de Kung Fu, tem uma doença terminal e sai do hospital para passar seus últimos momentos em casa. Sua família e amigos fazem de tudo para realizar seu sonho de ser uma grande heroína e poder voar,transformar a vida numa coisa melhor .

O roteiro é simples , mas cativante, enquanto a mãe começa não querendo que ela fique no hospital, mas a trata com mimos como se ela ainda estivesse lá, a  irmã tem mais sensibilidade para os desejos infantis da menina e percebe  que ela necessita de outra coisa : ela  precisa brincar, imaginar, ser feliz e então ela,  os amigos, muita gente, faz de tudo para realizar o seu sonho de ser Supa Modo.



O bonito é que ela realmente tem poderes mágicos: faz todo mundo tão mais feliz, ao entrar no eu faz de conta, que se torna uma realmente uma heroína. É muito emocionante .



ALERTA DE SPOILER

Quando todo mundo está envolvido no plano de fazer com que Jo se torne mesmo uma heroína, mas  tudo às escondidas da mãe dela, também nós expectadores entramos no jogo e acreditamos nos super poderes da Supa Modo, que evidentemente pode voar. 

Mas ai a mãe descobre o plano e começa uma briga, até que é a própria Jo que interfere e diz algo mais ou menos assim: “eu sei que nada disso é verdade, eu só estava me divertindo, fazendo as pessoas felizes". 

Essa fala me remeteu ao começo do filme, quando Jo ainda estava no hospital e chegou a comentar com um dos seus amigos, a respeito dos seus pôsteres de heróis e lutares de kung fu “eles (os adultos) não sabem de nada do que a gente sabe. E nesse momento ela demonstrou sua sabedoria infantil, que opera nos territórios onde as crianças (e os artistas) dominam os seres humanos lógicos: o da imaginação. No caso de Jo, esse território vem muito a partir do cinema, do filme que foi todo produzido para celebrar a vida dessa menina especial, pois foi o cinema o  que mais alimentou seu imaginário na vida.



Eu sou Supa Modo!


No final não temos mais a presença física da nossa menina, mas temos o filme e principalmente, temos Supa Modo , a garota que voou, que venceu a batalha da tristeza e da doença  que agora é heroína das crianças, tanto quanto o Batman, Bruce Lee  ou  Jackie Chan foram os ídolos dela.

Somos todos Supa Modo !


Não tive tempo de assistir a entrevista com o diretor antes que saísse da plataforma do Cinesesc, mas espero que ela ainda esteja disponível em algum lugar na internet, se conseguir ver, volto aqui para comentar, por hora termino com uma linda foto do elenco na fase de divulgação do filme e um trailer fofo