segunda-feira, 3 de abril de 2017

SÍNTESE DO MEU PERCURSO ACADÊMICO : BUSCA PELA INTERDISCIPLINARIDADE

BUSCA PELA INTERDISCIPLINARIDADE - Precisei abrir meus resultados finais de pesquisa sobre as relações entre História e Literatura (Iniciação científica - mestrado - tese) e sabe de uma coisa? Me orgulhei muito deles!
Se na IC, sobre um romance de Saramago, eu já me interessava por questões teóricas e metodológicas, também já amava Ginzburg, mas ainda não conhecia outra orientação teórica mais específica na História para realizar esta operação com o literário, só que com minhas "visitas" às aulas nas Letras "conheci" o discurso dialógico de Bakhtin e pirei (até hoje piro nesse lance do diálogo) e adaptei isso para os fluxos da historiografia portuguesa, o que Laura de Melo e Sousa (orientadora) achou que ficou original. Como resultado final eu escrevi um artigo que ficou eternamente no prelo e nunca foi publicado, infelizmente.
Ilustrações  do livro Tutaméia: terceitórias de JGR (1967)
No mestrado eu quis mudar e mergulhei no livro Tutaméia de Rosa e na sua fortuna crítica, e isso me obrigou a mudar certas perspectivas : embora não seja o ideal, o texto de Saramago me permitia não analisá-lo detalhadamente, palavra por palavra, como o Alfredo Bosi ensinava analisar um poema. Já o rendado texto de Rosa sempre exige uma leitura "ulpianística" da coisa. Nesse trabalho, além do papai Ginzburg, eu mergulhei também nas ideias de Walter Benjamin e formou-se minha divina trindade:
Ginzburg-Rosa-Benjamin
O legal desse trabalho é que, como eu queria, ele ficou bem brasileiro, e embora não o cite textualmente nenhuma vez (não sei porque não o cito nunca!), por trás de tudo ali está embutido o ideário do que considero nosso maior historiador, que é o Sérgio Buarque de Holanda (sim, eu sou uma cria da USP!).
Recortes de desenhos que Rosa fez para sua neta Vera Tess
O doutorado poderia ter sido só a celebração da minha santíssima trindade descoberta no mestrado, mas como eu quis inserir as crianças, precisei experimentar novos métodos historiográficos e trouxe à tona os manuscritos literários, o que me levou a dialogar com a Crítica Genética e tal...e é um trabalho mais lúdico, mais lambuzado de Guimarães Rosa que eu simplesmente amei fazer.

No pós-doutorado, ainda inconcluso, voltei à historiografia mais clássica e brinco com a História Cultural, só que do humor. Para analisar minhas fontes, sigo o método do meu ex orientador e atual supervisor Elias Thomé Saliba : objetividade metodológica (leia e analise o documento) e subjetividade epistemológica (considere todos os que dialogarem com seu tema), que, na verdade, é mais uma forma possível de abordar a interdisciplinaridade na pesquisa em História.
Acho que, resumidamente, este é o grosso do meu percurso acadêmico até agora.