Comecei a reler Do amor e outros demônios do Gabo, ambientado na Colômbia do século XVIII, 15 anos depois e, claro, a percepção é outra. Nesta última semana estive ocupada full time e precisei interromper temporariamente a releitura no primeiro capítulo. Agora,com esse breve momento livre, paro para pontuar sua protagonista da , Sierva María de Todos Los Ángeles, filha do marquês de Casalduero, a menina era branca, tinha olhos claros e longos cabelos cor de cobre e estava comemorando seu décimo segundo aniversário. Porque seus pais não se importavam com ela, foi criada entre os negros, sua verdadeira família, e
Sierva Maria |
"naquele mundo opressivo (da nobreza colonial decadente) em que ninguém era livre, Sierva María o era: só ela e só ali (entre os escravos) a menina se mostrava tal como era. Dançava com mais graça e donaire que os africanos de nação, cantava com vozes diferentes da sua nas mais diversas línguas da África, ou com vozes de pássaros e animais, que desconcentravam os próprios negros. Por ordem da criada Domingas de Adviento, que orientava as escravas mais jovens a pintar-lhe a cara com fuligem, penduravam colares do candomblé por cima do escapulário de batismo e ajeitavam-lhe o cabelo, jamais cortado, que atrapalharia o caminhar não fossem as tranças de muitas voltas que lhe faziam todo dia. Ela começava a florescer numa encruzilhada de forças contrárias..." (p. 20-1)
Sensacional a descrição da personagem... emblema dos filhos dos da colonização? Talvez! Assim que tiver tempo de novo, volto a ler e comentar esse livro literalmente fantástico.