sexta-feira, 16 de abril de 2010

"A criança troca a boca cheia do seio da mãe pela boca cheia de palavras"

VOU ESCREVER AQUI COISAS DESCONEXAS, MAS QUE ACHO QUE SERÃO MUITO IMPORTANTES PARA MINHA PESQUISA, QUANDO EU CONSEGUIR DECODIFICAR DIFERITO, POR ENQUANTO SÃO INFORMAÇÕES APENAS...

A frase do título deste post foi dita pelo professor Roberto Zular, no curso "Dito e feito: Eascrita da oralidade", para a pós graduação aqui nas letras... o contexto da aula era uma revisão rápida da aquisição da linguagem pelo homem... para ele, as leituras de Lacan e de um psicanalista francês chamado Jean Michel Vives nos leva a pensar nesta imagem. O bebê grita e chora e essa é a voz primordial, sua reação ao ambiente que lhe é completamente estranho, pois o bebê não tem controle algum sobre a linguagem e sua comunicação só consegue se desenvolver a partir da identificação de ritmos, que é a primeira forma de comunicação.
Bebês são só sensações, no início... a sua própria voz só surge depois de alguma negação da voz da mãe. Lembrem-se que, enquanto feto, nó sentimos tudo o que a mãe sente, ouvimos sem estranhamento só a voz dela, que identicamos como sendo também a nossa... é quando passamos a não ouvir mais essa voz da mãe e sim desenvolver a nossa própria voz, que se articula em palavras, por isso que dizer que "a criança troca a boca cheia do seio da mãe pela boca cheia de palavras" é construir uma bela imagem da aquisição da linguagem.
Isso me lembrou o final do conto de Scott Fitzgerald, O Curioso caso de Benjamin Button:
"He did not remember clearly whether the milk was warm or cool at his last feeding or how the days passed--there was only his crib and Nana's familiar presence. And then he remembered nothing. When he was hungry he cried--that was all. Through the noons and nights he breathed and over him there were soft mumblings and murmurings that he scarcely heard, and faintly differentiated smells, and light and darkness.
Then it was all dark, and his white crib and the dim faces that moved above him, and the warm sweet aroma of the milk, faded out altogether from his mind."

Acho lindo, lindo, lindo!
Ele vai vivendo o processo, mas a partir do final: perde a cognição, depois a memória, só lhe resta o choro (a voz primordial)e então tudo fica escuro e a última coisa que lhe resta é a memória do gosto do leite...
Tô pirando nessas coisas, sacaram?