domingo, 3 de abril de 2011

O LOBO e a CHAPEUZINHO AMARELO



Por "culpa" da Adélia Bezerra de Menezes eu comprei o livro Chapeuzinho amarelo, do Chico Buarque. O melhor de tudo são as ilustrações do Ziraldo!
De quantos Lobos que a gente tem medo nem existem de verdade?
Como demonstra o livro, muitas coisas são invenções da linguagem, que é malvada demais, que é o DEMO!

No show Partimpim I Adriana diz um texto assim:

Boa tarde, tem crianças na platéia? É um prazer muito grande estar cantando aqui mais uma vez , e vocês devem achar que eu digo isso em todos os lugares, em todas as tardes,e eu digo mesmo, mas aqui é verdade! A gente vai fazer uma canção que conta a história de um menino que sonhava em se tornar poeta e ele não só sonhou em se tornar um poeta, como de fato se tornou um grande, um imenso poeta, ele não só se tornou um imenso poeta, como modificou a maneira de se escrever poesia e de se escrever canções no Brasil, entre muitas outras coisas que ele modificou no Brasil. Só é possível que este espetáculo exista porque ele existiu. O nome dele era Vinicius e a história dele é assim:

O non sense em Ana Cristina César e Marcos Siscar, por Annita Costa Malufe


No dia 01 de abril eu e o Caio estivemos assistindo a palestra de Annita Costa Malufe na Casa das Rosas, muito interessante... Ao ouvir Annita falar eu senti que entrava novamente na mágica EXPERIÊNCIA DOS POEMAS. Não sei ainda se eu consegui entender tudo, mas pelo que me lembro, ela disse muitas coisas interessantes, como atentar para os os póprios momentos daquela escritura (contemporaneidade) refletem experiências posteriores àquelas que Otávio Paz chamou de "tradição da ruptura" e escrevem contra a idéia de poesia excessivamente colada a significação, porque se interessam pela desmontagem da função comunicativa da linguagem, porque é uma escritura que podemos ler como formada por lapsos e silêncios que devemos ler como quem puxa fios de possibilidades (o que nos aproxima do estado da vertigem, onde o leitor se entrega ao poema) , que é diferente de fazer uma leitura de decifração, que é mais ligada ao referencial, que foge do non sense e procura a lógica da verdade.
Por exemplo, quando Ana Cristina César retira conteúdos substantivos das frases, ela instaura a entrelinha e olaso do não-dito, que são lapsos que a nada se remetem pois são silêncios irredutíveis a nomeação também diminui a possibilidade de expressar significação e clareza. No caso de Marcos Siscar, identificamos uma espécie de pulso que desautomatiza e vai dando vida própria a linguagem, como quando, pela repetição, as palavras, referências e idéias entram em um esvaziamento de seu significado, então entramos num abismo que leva ao silêncio e a vertigem, pois podemos ver tudo como se fosse a primeira vez, onde as referências não importam mais pois o poema nos leva a um estado de instauração de sentido RENOVADO novamente, onde já não é preciso acionar o processo de ressignificação.
Claro que tudo isso pode ser melhor compreendido na leitura do livro Poéticas da imanência...
Para mim foi tudo muito imporante, de qualquer forma! Para terminar esta breve descrição, vamos ler um poeminha de cada poeta abordado nos quais lemos reflexões sobre suas poéticas, primeiro o Marcos Siscar:
Psicanálise caseira
há coisas de sobra que não dizem
há coisas que sobram no que se diz
nossa miséria é uma alegria de palavras?
E, para Ana Cristina César, destaco este aqui:
discurso fluente como ato de amor
incompatível com a tirania
do segredo

como visitar o túmulo da pessoa
amada

a literatura como clé, forma cifrada de falar da paixão que não pode ser nomeada (como numa carta fluente e 'objetiva').

a chave, a origem da literatura
o 'inconfessável' toma forma, deseja tomar forma, virar forma

mas acontece que este é também o meu sintoma, 'não conseguir falar' =
não ter posição marcada, idéias, opiniões,fala desvairada.
Só de não-ditos ou de delicadezas se faz minha conversa, e para não ficar louca e inteiramente solta neste pântano, marco para mim o
limite da paixão, e me tensiono na beira: tenho de meu (discurso)
este resíduo.

Não tenho idéias, só o contorno de uma sintaxe (= a ritmo).

EU ADOREI, E VOCÊS?