sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

EDUCAR É DESPERTAR APTIDÃO PARA A SELEÇÃO DE INFORMAÇÕES

Ontem assisti a ultima parte do concurso para a vaga de professor titular na cadeira de Teoria da História da USP. Apesar de não ter assistido a aula ministrada (que teve como tema a narrativa humorística da história e pelo que soube sintetizou o conteúdo do curso de pós em história que eu assisti no ano passado), trouxe algumas pérolas...
Primeiro a definição de "Teoria da história" como sendo um exercício que torne possível o despertar para a historicidade do conhecimento. Isso deve acontecer quando o professor consegue diminuir ao máximo a diferenciação entre ensino e pesquisa na aula, pois reflete e faz os alunos refletirem a respeito da sobrecarga de informações rápidas com as quais estamos crescentemente submetidos com o advento de novas mídias como a internet. Este ritmo desenfreado acaba produzindo uma espécie de anulação da duração no processo de educar, já que só é possível educar quando se respeita o ritmo e o tempo dos educandos pois a própria idéia de conhecimento não tem relação com a percepção imediata, mas sim com a reflexão e discussão do mundo, a cada novo instante. Isso leva tempo, tempo que já não temos mais. Se pensar é selecionar o que pode ser esquecido, o educador deve executar e treinar para que este processo se efetue bem. Pois alguém já disse que não se ensina o que se sabe, mas se ensina o que se é.
Como eu sempre me enxerguei mais como uma pesquisadora que estava dando aulas do que como uma professora (não encaro isso como uma diferenciação hierárquica, mas apenas como uma diferenciação de sensação), me senti menos culpada, mesmo que eu mesma não estive imitando diretamente nenhuma receita, apenas refleti sobre as realidades com as quais entrava em contato... como professora de humanas no Estudo Orientado,sentia que o que se pedia de mim era muito menos os conteúdos do que de uma postura, um discurso, um acolhimento e assim consegui algum resultado.
Em momentos como os que eu vivi ontem eu percebo que aquele professor que agora é titular executou muito bem a sua tarefa, pois eu recebi seus estímulos como aluna e quando mudei de posição e comecei a educar, acabei não saindo muito do que eu percebi ser a forma como ele executa sua função, mesmo que eu não tenha executado essa relação direta em nenhum momento antes de ontem, quando eu redescobri porque eu ainda encontro prazer na academia, pois foi lá que eu achei um lugar de tensão, conforto e discussão que ainda satisfaz meu cérebro pensante... assim vou tentar seguir meu rumo, respeitando meu tempo, pois um discurso riquíssimo como o que eu ouvi ontem só foi possível depois de uma vida toda de respeito as durações do aprender e do educar, quem sabe daqui umas décadas, não é?