quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A Estória contra a história?

Guimarães Rosa começa seu Tutaméia (1967) assim: “a estória não quer ser história.A estória, em rigor, deve ser contra a História” (Rosa, 1967. P.3).

Esta colocação rosiana foi lida por intérpretes como uma simples negação da história expressa claramente (Rodrigues,2009.Pp.16-7) e que colocaria Guimarães Rosa no grupo dos alienados ou conservadores definitivamente. Em outubro de 1967, no dia seguinte a uma acalorada discussão com Franklin de Oliveira sobre uma possível alienação em suas duas últimas obras, Rosa teria enviado a Oliveira um bilhete "poético" comentando sua colocação :

“E, pois, mudando de prosa
o A estória contra a História
você,perjuro de Glória,
acho que não entendeu.
A História, ali, é o fato passado
em reles concatenação;
não se refere ao avanço da dialética, em futuro,
na vastidão da amplidão.
Traço e abraço. João”.



Considerando esta “explicação” rosiana, percebemos a colocação de Rosa de forma mais complexa, não como uma negação completa da história, mas como se a estória fosse o reflexo da história no espelho da construção ficcional ...