segunda-feira, 24 de junho de 2019

Ainda a biografia de Martinho da Vila : a ancestralidade tomando o corpo social dos afrodescendentes

Na bio de Martinho, p. 100: Martonho com Mãe Teresa e
 Ruça na Folia de Reis, em Grajau ( sem data)nar legenda

Continuo lendo a bio do Martinho da Vila nas tardes de segunda feira e adorando.
Como já tinha deixado claro, Martinho é uma figura que muito me encanta, é um  sucesso, um sambista, um autor,  um militante, um negro que deu certo! Fequentemente, ao saber mais sobre os seus feitos, me emociono.
Hoje li mais sobre a presença da herança angolana nas composições musicais de nossos sambistas
Primeiro sobre de uma composição chamada Semba dos Ancestrais, que é do tipo que arrepia até a alma, especialmente a letra
Se teu corpo se arrepiar
Se sentires também o sangue ferver
Se a cabeça viajar
E mesmo assim estiveres num grande astral
Se ao pisar o solo teu coração disparar
Se entrares em transe em ser da religião
Se comeres fungi, quisaca e mufete de cara-pau
Se Luanda te encher de emoção
Se o povo te impressionar demais
É porque são de lá os teus ancestrais
Pode crer no axé dos teus ancestrais (Martinho da Vila Semba dos Ancestrais)
 Chama-se semba um ritmo angolano  que foi dos que originaram o nosso samba e nesta composição aparece em sua melhor forma:


Mas Martinho estava habituado à vivência da herança africana no Brasil e isso é louvado de muitas outras formas e seu trabalho. Segundo sua biógrafa Helena Theodoro, no disco Canto das Lavadeiras (1989), Martinho  homenageia as congadas, como forma de ocupação do espaço social pelos afrodescendentes. Nesse contexto, fez o Brasil inteiro cantar sua adaptação do canto da congada de Barra do Jucu no Espirito Santo. Quem não se lembra de Martinho cantando essa? 
De arrepiar, não acham?