quarta-feira, 30 de março de 2011

Anjo - mau e diabo: constantes no imaginário popular...

"Na devoção de ricos e pobres, brancos e negros, o diabo era, como Deus, onipresente: é o que mostra o ex-voto" SOUZA, Laura de Mello e. Desclassificados do ouro: A pobreza mineira no século XVIII. 4a Ed. Rio de Janeiro: Graal. 2004

No século XVIII as coisas eram assim, no século XX não eram muito diferentes:

Em 1937, ao escrever seu livro Sezão, que mais tarde viraria Sagarana, Guimarães Rosa escreveu uma epígrafe interessante e muito relacionada a esse ex-voto:
"Em nome de São Marcos e de São Mansos, e do ANJO-MAU, seu e meu companheiro... "

(começo de uma reza-brava de São Marcos, milagrosa e proibida)

terça-feira, 29 de março de 2011

MENINO ...

"Menino é dentro. Contando dez anos em cada dedo, menino às vezes vive duas mãos. Menino é tempo, tempo para frente e para trás, eco e assovio, sombra dupla, espelho onde a imagem cresce ou diminui. Menino."

MARCUS ACCIOLY

quinta-feira, 17 de março de 2011

Partimpim, 2

^‘“O amor roeu minha infância de dedos sujos de tinta”, verso de João Cabral de Melo Neto, é a epígrafe do Partimpim DOIS. Por que?

Partimpim vive com os dedos sujos de tinta e acha que ser roído pelo amor é tudo o que se quer, em qualquer idade. Quanto antes se for roído por João
Cabral também, melhor.’ RELEASE DE Partimpim2

quarta-feira, 16 de março de 2011

Meu sonho de anos

Faz muito tempo, muitos anos mesmo que eu tenho um sonho: Ligar Crianças e Guimarães Rosa...
Se eu for pensar mesmo, talvez desde quando eu mesma era criança e entrei em contato com Rosa.
Quando entrei no mestrado tinha uma espécie de projeto sobre Rosa (ligar sua escritura a História), mas eu pensava que um prosseguiimento natural seria trazer as crianças junto também... que é o que estou propondo no doutorado.
Eu amo essa idéia, de paixão.
Pena que muitas vezes só eu a ame assim, mesmo que a maioria das pessoas ache muito bonitinho e tal... eu acho mais: acho importante, acho original, acho divertido (por que não?).
Cada NÃO que eu recebo me faz rever tudo de cabo a rabo e no final eu concluio que a melhor parte é mesmo essa idéia , que é mesmo muito lindinha... uma pena que nem todo mundo consiga tocá-la.
Mas sonhos são sonhos, nem todo mundo acredita neles, né?
Desculpem o desabafo.

terça-feira, 15 de março de 2011

PARTIMPIM DOIS é show. Será?

Assisti ao DVD do show Partimpim 2 e não gostei tanto. Tenho aqui o do Partimpim 1 e gosto muito mais, porque as crianças menores são muito mais "lembradas" e referidas.
Novamente trata-se de um belissimo trabalho, mas nesse aqui as puras referências aos primeiros tempos da infância ficam mais leves e acaba virando um misto de peça teatral infantil com show adulto da Adriana Calcanhotto...faltou "Na Massa", que é a minha música favorita do CD e uma tentativa frustrada de repetir as músicas mais queridas do Partimpim 1 (só que com arranjos diverentes, meio que tranformando tudo em um carnaval de rua...)não sei ainda porque me incomodou, mas não gostei muito. A própria Partimpim me dá uma resposta quando pergunta várias vezes "se tem crianças, bichos E ADULTOS" na platéia, quando no primeiro show ela perguntava só das crianças (que deliravam na platéia! Até bebês de colo!) Não sei se é a edição do DVD que quis passar ao show um ar de maior seriedade ou se era mesmo mais sério.Claro que é tudo muito sofisticado (como tudo com a Adriana Calcanhotto), mas talvez a idéia (bem intecionada, eu sei) de incluir mais adultos e privilegiar crianças bem maiores no Partimpim 2 tenha apagadado um pouco da graça do primeiro...
De qualquer forma recomedo, e Augusto de Campos também o faz:

PARTIMPIM DOIS é show

Augusto de Campos

Com a sua voz clara, afinada e refinada, a sua graça natural e a sua versatilidade, Adriana Calcanhotto, de novo Partimpim — em “persona” infantil —, canta e encanta crianças e não-crianças.
O que sobressai nas duas faces do seu trabalho é a inquietação artística com que consegue mostrar-se ao mesmo tempo comunicativa e sofisticada. Pois Partimpim não hesita em trazer para o convívio das crianças produções ligadas à alta cultura, rubricadas com os nomes de Lewis Carroll ou Edward Lear, Villa-Lobos ou Vinicius de Moraes, ao lado de outras, de autores menos ou mais conhecidos, poetas e compositores do melhor repertório da música popular, que ela recria ou revela, sempre sob o signo da renovação.
Não abdica da qualidade – exigência das duas Adrianas — quer na escolha do repertório, quer na dos excelentes músicos que formam a sua banda. Com estes a cantora ousa mesmo recriar músicas — diriamos — intocáveis ou irretocáveis, como a bossanovíssima e pioneira "Bim Bom", de João Gilberto, que ressurge, lúdico-lúcida, com o seu mantra cristalino e monossilábico invocado sob o afrossom primal do Olodum baiano. Ou religando o clássico quebra-línguas “Lig-lig-lig-lig-lé” para ouvidos velhos e novos.
O DVD do seu show é duplamente comunicativo, porque Adriana é uma “performer” completa, que se reinventa a cada música, metamorfoseando-se borbo-e-letricamente, como que sem esforço — sempre com a maior naturalidade. Ora particundum, um pé no chão, um pé no ar, ora dança-esvoaçante, chapéu beijaflorido de borboletas. Ora mandarínica e carnavalizante china-na-ponta-do-pé, ora alçada em trapezista, “nuvoletta” a subir ou a descer pelos “baluastros”. Eletrizante cantatriz de paisagens imaginárias. Partimpim participante.
Jovial e plural, a cantora-compositora-instrumentista se multiplica em novas personagens. Surpresas e presentes capazes tanto de empolgar as crianças como de envolver a todos nós, fãs de fábulas e sons.

sexta-feira, 4 de março de 2011

REPUDIEM O RACISMO DA DEVASSA E ESQUEÇAM DA SANDY!

Agora falam muito da campanha que a Sandy fez para a cerveja Devassa, acho tudo isso uma besteira sem tamanho, quando um assunto mais sério sobre esta cerveja não veio a público, infelizmente...
Você se lembram de uma notícia que eu coloquei aqui sobre uma campanha racista e sexista da Devassa ano passado?
Era sobre esta campanha aqui :

Isto, sim, é algo sério, que deveria ser discutido e repudiado, não o fato da Sandy ser ou não uma Devassa... acordem para a vida brasileiros!
FAÇA COMO EU FIZ E REPUDIE ESTA CAMPANHA NO CONAR AQUI.
Quanto a mim, sou uma mulher negra, sim, mas isso você não reconhece pelo meu corpo, mas pela beleza de eu ter dignidade, educação e estar atuado no campo intelectual (aquele que, propositalmente, sempre foi negado aos negros no Brasil)
Não, não sou devassa, e tenho orgulho disso!
Quanto à Sandy... tenho mais no que pensar!

João e Ara: Uma história de amor

Aracy, que morreu aos 102 anos, e Guimarães Rosa viveram juntos por quase três décadas anos. Em 1968, um ano depois da morte do escritor, em entrevista ao Jornal da Tarde, Aracy contou um pouco da história de vida do casal e das boas lembranças que guardava do marido.





terça-feira, 1 de março de 2011

CANTIGA DE AMIGO : 100a. melhor canção da MPB

Na edição especial da Bravo "100 canções essenciais da música brasileira", que saiu em 2008, a 100a. canão citada foi "Cantiga de Amigo" do Elomar, justamente a que eu já usava em minhas aulas ... ficou muito pequena a imagem e talvez não dê para ler, mas vale tentar clicar e tentar ampliar um pouco a imagem para ler ...

Gosto bastante deste textinho, apesar de eu não concordar com a separação violenta que ele faz entre músicas como "Cantiga de Amigo" - inspiradas nas canções trovadorescas - e outras canções de Elomar - que no texto chamam de canções no d...ialeto 'sertanês' (que eu ADORO) - é que para mim cantiga medieval e sertanês são dois momentos de um mesmo processo de contato com o ESTRANHAMENTO, pelo contato com outro tempo passado, ou com outra geografia mais interiorana, o que acaba resultando no que hoje eu chamo de OUTROS ESPAÇOS DE LINGUAGENS. Isso foi o que sempre me atraiu no Elomar e até hoje continua chamando minha atenção. O que Elomar faz é puro poema.

Elomar tirou todas as gravações dele cantando suas música da internet, mas eu achei esse vídeo com Campo Branco, que é uma cantiga ao mesmo tempo medieval e em "sertanês":

No show, depois de cantar essa linda música, com aquela voz tropeira, ao ouvir o silêncio sagrado da emoção da platéia ele perguntou: "Vocês também acham que Campo Branco nos leva para muito longe...?"
Todo mundo respondeu que sim.. eu pensei: Claro que sim, trovador, muito longe no tempo e no espaço! O que é revertido também para a linguagem!
Na letra de Campo Branco ele cita tartarena:


A letra diz : "...Tatarena vai rodá, vai botá fulô/Marela de u'a veis só/Prá ela de u'a veis só..."
Elomar parece tanto o Rosa de vez em quando!
Assistir a um show do Elomar e ouvir ele falar usando aquele puro vocabulário sertanjeto me dá orgulho de ser brasileira e de estar estudando algo puramente brasileiro, direto do coração do Brasil isso sim!

Elomar


Faz tempo que eu não escrevo aqui, né? É que tive uma fortíssima experiência (estética, sentimental e no tempo) que está durando até agora e não pude representá-la em palavras ainda... mas vou tentar!
Eu mesma nunca achei que fosse assistir a um show do Elomar! E L O M AR (meu medo de menina)... em 2010 ele veio à Virada Cultural e eu não fui assiti-lo, não sei bem por qual motivo, afinal talvez só se eu o visse cantando ao vivo eu pudesse tentar resgatar aquele estrnhamento de linguagem que eu sentia aos 13 anos, qwuando ouvia Arrumaçao...
Pois agora eu o assisti, deu tudo certo e a emoção foi muito grande, especialmente porque estava muito bem acompanhada, com meu amor!

Me emocionei DEMAIS, claro! Ali estava entrando em contato simultâneo com algumas escolhas que eu acabei fazendo na vida ... e que continuo a fazer!
Tudo estava muito bom, muito agradável e o cenário do SESC BELENZINHO parecia estar preparado para ser o de uma das minhas maiores emoções estéticas a vida!

Elomar não gosta de fotos, pede, implora, ordena que não seja foptografado então eu só tenho uma "foto de divulgação" dele que, evidentemente, não é o que ele é ao vivo!

Esse senhor alegre não se parece com o tropeito rústico e original que ele é...mas ele aceita dar autógrafos e pedi um:

Ainda não sei falar de Elomar, mas tenho medo de perder mais rapidamente aquilo tudo!
Acho que é isso, camaradas!