Nesse interessantíssimo livro, Maria Lucia Machens começa nos contando que :
"Na própria história da humanidade as crianças, por sua curiosidade e insaciável fome de conhecimento do mundo, foram com certeza os indivíduos mais interessados em ouvir as primeiras histórias. Muito antes de existirem leitores é provável que, entre os ouvintes os ouvintes, elas tenham sido os mais ávidos consumidores de literatura quando esta se manifestava apenas pela oralidade.
Inicialmente, as histórias contadas para crianças surgiram como narrativas orais para o público adulto e eram transmitidas de geração em geração.Eram contos que falavam de mitos, aventuras, fábulas, lendas, sagas, teogonias, histórias milagrosas, temas de tradição popular e esses enredos também fascinavam as crianças.
Afrânio Coutinho ressalta como a tradição oral é uma fonte importante na divulgação da literatura ao afirmar que
"A preferência pela literatura oral. primeiro leite da cultura humana, existe em todas as bibliografias" (COUTINHO, Afrânio. Introdução à literatura no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1964, p. 132)"Maria Lucia Machens "Ruptura e subversão na literarura para crianças", p. 10
No caso do Guimarães Rosa, a oralidade sempre foi a pedra fundamental da sua literatura, ele que contava que, de menino, ouvia sempre as narrativas dos velhos... e depois escreveu uma literatura toda estruturada nos princípios da oralidade... e não deve ter sido à toa que Rosa e Pedro Bloch ( o médico da fala de crianças) foram amigos íntimos, né?