segunda-feira, 28 de março de 2016

APONTAMENTOS SOBRE O ANEDOTÁRIO INFANTIL E A HISTÓRIA


Com muito prazer e atenção terminei de ler o livro "Criança diz cada uma" (1963). Muitas das anedotas eu já conhecia porque foram reescritas depois em publicações mais recentes (Pedro Bloch repete muito as historinhas de criança), mas o mais interessante em ler um livro de Bloch tão antigo é perceber que as mensagens até podem ser as mesmas que eu li reescritas depois e em todas elas as falas das crianças fazem rir, pois todas continuam sendo crianças de verdade, entretanto não são iguais.
No livro da década de 1960, a enunciação é de uma criança sessentista e esse tempo aparece em flashs em todo o livro (as citações a artistas famosos na época como Guimarães Rosa;ao presidente João Goulart e seu filho que não gostava de morar no Palácio da Alvorada pois aquilo lhe parecia uma igreja. Aliás, vejam que interessante, em 1963 Bloch se lembrava de antigos "tempos da ditadura", tempos de Getúlio... mas se sabia que a maior delas ainda estaria por vir ...). São crianças mais moralistas - criadas para crescerem e se tornarem como seus pais (casar, constituir família), e muito católicas, de uma forma hoje inimagiável...é muito interessante perceber como, de forma semelhante ao que acontece nos cadernos Manuscritos de Rosa, a realidade histórica pinça até mesmo discursos tão externo como os de uma antologia de anedotas infantis.

Relato de pesquisadora

RELATO DE PESQUISADORA -No mestrado eu estudei três estórias do livro "Tutaméia", publicado em 1987 por João Guimarães Rosa e até consultei alguns arquivos no acervo dele, mas não soube, na época, desenvolver muita coisa sobre. De qualquer forma eu trilhei caminhos já abertos por pesquisadores antes (ainda que bem poucos).

No doutorado já foi bem diferente, eu estudei a presença da infância nos manuscritos de Rosa, especificamente em seus "Cadernos de Estudos" (sobre os quais, incrivelmente, ninguém ainda tinha escrito nada!) e saíram mais de 400 páginas de tese e até agora 2 artigos meus! Esses caminhos também tinham sido abertos pelas equipes dos arquivos do IEB / SP e da Fundação Casa Rui Barbosa /RJ, ainda que ninguém os tivesse trilhado.

Agora, no pós-doc sobre Pedro Bloch, enfim, experimento o gosto de, como dizia o professor Nicolau Sevcenko, "abrir uma picada" na mata para tentar contar a história do "Homem das historinhas de criança"... para o pesquisador, estar em meio a esse cenário nebuloso é muito bom, porque dali, a qualquer momento, pode sair as coisas mais sensacionais, como também pode não sair nada... o que tenho percebido mais frequentemente, com certo prazer (devo confessar), é que as afirmações que fiz até agora, foram, estão sendo ou serão desditas ! Amo muito tudo isso! <3 font="">

Crianceiras

Quem esta em São Paulo não perca nas manhãs de sábado de abril, no SESC Consolação o espetáculo Crianceiras :
"Crianceiras Portal
    Concebido a partir da obra de Manoel de Barros, o musical Crianceiras reúne poesia, música, imagem, ação e movimento em uma encenação delicada que pretende aproximar as crianças das artes: da literatura, da música, do teatro, do cinema de animação e da tecnologia digital, fazendo-se ponte da obra poética para a infância.
    A encenação apresenta a poesia interagindo com linguagens múltiplas, como as iluminuras da artista Martha Barros, filha do poeta Manoel de Barros, que ganham vida no cinema de animação e contracenam com os músicos, atores e bonecos, ilustrando a linguagem poética na cena.
    O CD “Crianceiras” lançado em 2011, foi indicado como “Melhor álbum Infantil” em 2012 pelo “Prêmio da Música Brasileira”. O musical está há três anos em circulação pelo país, já realizou 130 apresentações, foi visto por aproximadamente 130 mil pessoas e participou de importantes festivais nacionais: a 12ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, o Sesi Bonecos do Mundo e a II Bienal do Livro e da Leitura de Brasília.
    Elenco: Marcio de Camillo – cantor; Nath Calan – percussão; Tiago Sormani – sopro; Melina Menghini – atriz; João Bresser – ator.
    Ficha Técnica: concepção e direção musical: Marcio de Camillo; poesias: Manoel de Barros; ilustrações: Martha Barros; direção teatral: Luiz André Cherubini; assistência de direção: Andréa Freire; figurinos e cenografia: Telumi Hellen; desenhos de luz: Renato Machado; adereços: Carol Jordão; animação audiovisual: Josué Junior / Animatronic Estúdio e Andrea Senise; intérprete: Márcio de Camillo; VJ: Paulo Higa; operação de luz: Camila Jordão; técnica de som: Roberta Siviero; produção executiva: Izabella Maggi; produção: Criatto Promoções (MS).

    Duração: 55 minutos

    No Teatro Anchieta